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Pesquisa esmiúça ação de efeitos de
envenenamento causado por serpente

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A bióloga Cássia Maria Toledo Saccon: picada causa hemorragia, necrose, dor e inchaço   ( Foto: Antoninho Perri)Estudo realizado pela bióloga Cássia Maria Toledo Saccon descreve o efeito local no envenenamento causado pela serpente Bothrops jararacussu ou popularmente conhecida por jararacussu, cujo gênero é responsável por 90% dos acidentes ofídicos. Segundo Cássia, o acidente pode provocar um efeito sistêmico e outro local. “Os efeitos sistêmicos, caracterizados por hemorragia interna e insuficiência renal, podem levar a pessoa à morte. Porém, o uso de soro ou antiveneno tem se mostrado eficaz em neutralizá-los”, explica Cássia.

O que corresponde à descoberta da bióloga é a ação dos efeitos locais, caracterizados por hemorragia, necrose, dor e inchaço. Eles ocorrem de forma rápida e progressiva no local onde ocorreu a picada e não são neutralizados pelo soro ou outros recursos terapêuticos. “Pela sua ação progressiva, esses efeitos podem gerar problemas permanentes no membro acidentado, como atrofia e perda de função e, em alguns casos, podem levar até mesmo à amputação”, esclarece.

Neste modelo de envenenamento, Cássia estudou as alterações em três vias proteolíticas endógenas que, já se sabe, estão associadas a atrofias patológicas, quando ativadas. A suspeita seria que a ação do veneno nestas vias poderia preencher uma lacuna sobre o assunto e levar ao desenvolvimento de novas terapias para o tratamento do dano local, resultantes do acidente. “Conseguimos traçar o perfil das principais vias proteolíticas endógenas no envenenamento botrópico e isso é uma das maiores descobertas do estudo. A partir de testes com inibidores será possível obter mais esclarecimentos sobre a ação dessas vias na regeneração do tecido e assim propor novas terapias”, esclarece.

As vias estudadas foram as calpaínas – proteases ativadas por cálcio –, as catepsinas lisossomais – proteases ácidas localizadas no lisossomo que são compartimentos celulares –, e a via proteossômica – relacionada à degradação seletiva de proteínas e muito estudada em diversas patologias. Cada uma das vias possui características diferenciais e foi descrita na pesquisa orientada pelo professor Stephen Hyslop e apresentada no Instituto de Biologia (IB).

O estudo envolveu a análise histológica dos músculos envenenados de camundongos em diversos intervalos de tempo de uma a 72 horas e de sete a 28 dias após a injeção da peçonha. Pelos resultados, Cássia constatou que as calpaínas são ativadas nos primeiros momentos após o envenenamento. Isto significa, segundo a bióloga, que esta via poderia contribuir com o dano tecidual. Já as catepsinas e a via proteossômica estão ativadas nos momentos mais tardios do envenenamento e por isso podem ter relação com a regeneração muscular.

Avaliaram-se também os períodos em que ocorrem as principais alterações teciduais causadas pela peçonha, e essas alterações foram divididas em fases. Na primeira fase, ocorre a hemorragia e necrose do tecido, entre seis e doze horas após o envenenamento. Num segundo momento, entre 12 horas e 72 horas, ocorre o que se chama de infiltrado inflamatório e, na terceira fase, a partir de sete dias há a presença de células regenerativas, facilmente reconhecidas por possuírem um núcleo central.

 

 

 
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