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ENSINO

‘Borrão’ ilustra parceria da
Unicamp com escola pública
Jornal é apenas um dos produtos do projeto que junta português
com artes, e biologia e história com TV

JOÃO MAURÍCIO DA ROSA

O jornal Borrão, elaborado por alunos da Escola Estadual Barão Geraldo de Resende, localizada nas vizinhanças do campus da Unicamp, deverá voltar a circular este ano graças à ajuda de graduandos em letras da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, que atuam na escola como estagiários e freqüentam a disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa na faculdade. Para o jornal voltar a circular, os estudantes vão buscar apoio dos comerciantes do bairro, que já conhecem a publicação e ajudam na sua distribuição desde 1996.

O Borrão é um dos produtos mais perceptíveis de um projeto de parceria entre universidade e escola pública. Sua última edição, de mil exemplares, saiu em dezembro do ano passado, no encerramento do projeto “Pesquisa em Parceria Universidade Estadual de Campinas e Escola Estadual Barão Geraldo de Rezende”, tocado no período de 1996 a 2000, por um grupo de professores do Departamento de Metodologia de Ensino e alunos de graduação e pós-graduação, e direção e professores da escola, com apoio da Fapesp.

O jornal foi apenas um item da complexa parceria, que introduziu na escola estadual o conceito da interdisciplinaridade, conseguindo juntar ensino de língua portuguesa com educação artística; vídeo e TV com biologia e história. O resultado da primeira conjugação pode ser visto nos painéis pintados no corredor que leva às salas de aula de português, repleto de personagens tirados da literatura.

O projeto integrado estava dividido em cinco subprojetos: Arte no Cotidiano da Escola, Identidades Culturais e Memórias Locais, Condições de Vida e Cidadania, Estudo dos Fenômenos como Diretriz Metodológica para o Ensino de Física; e Na Sala de Aula, entre Leitores.

Texto literário – A conferência “Pesquisa e Ensino na Formação do Leitor: A parceria entre universidade e escola pública”, apresentada durante o 13o Cole (Congresso Brasileiro de Leitura)pelas professoras Lílian L. Martin da Silva, Norma Sandra de Almeida Ferreira e Rosalia Scorsi resultou do trabalho desenvolvido no subprojeto Na Sala de Aula, entre leitores. São as concepções e ações assumidas para a composição da sala ambiente de língua portuguesa e o trabalho com o texto literário.

“O trabalho foi contemplado com uma linha de financiamento relativamente recente, criada pela Fapesp a partir de 1995, para atender trabalhos que, além de pesquisa, desenvolvesse ações dentro da escola buscando uma melhoria na qualidade do ensino”, explica a professora Célia Maria de Castro Almeida, coordenadora geral do projeto integrado.

“Partindo do princípio de que, para mudar alguma coisa na escola, você precisaria ficar dentro da escola trabalhando com os professores, nasceu a idéia do projeto, pois os professores foram considerados nossos parceiros na pesquisa e não apenas agentes daquilo que nós achávamos que precisaria ser modificado”.

O número de docentes envolvidos variou um pouco, segundo as dificuldades comuns no sistema educacional brasileiro, onde nem todos pertencem ao quadro efetivo. “Começávamos o ano com um grupo de professores e, no ano seguinte, alguns perdiam as aulas, de maneira que o quadro era muito instável”. A média variou entre 11 e 14 professores da escola alvo, mais a diretora e nove docentes da Unicamp, além dos alunos de pós e de graduação que atuaram como bolsistas ou como estagiários.

Bom impacto – O impacto foi significativo. Lilian lembra que o grupo de professores chegou quando a escola estava reformulando seu espaço, transformando a sala de aula em salas ambientes, específicas para língua portuguesa, ciências, educação artística ou física. “Nossa entrada com a verba da Fapesp e o apoio do pessoal da graduação injetou um ânimo para esta reformulação, porque acabamos ajudando a transformar o espaço, a configurar cada uma das salas. Não tanto pelos equipamentos que a verba permitiu adquirir, mas também de forma que cada um deles se tornasse a expressão material de uma perspectiva de trabalho assumida para cada um dos campos disciplinares”.

Dentro desta proposta, a sala ambiente de língua portuguesa, por exemplo, acabou ficando com uma biblioteca de 1.500 volumes. O trabalho de organização, limpeza, classificação, catalogação, aquisição de livros para alunos de 5a a 8a séries foi feito pelos alunos de graduação. “Na realidade, os estudantes puderam contar com uma nova infra-estrutura adquirida pelo projeto”.

Currículo rico – “No nível curricular levamos mudanças importantes, também. Por exemplo, nós todos trabalhamos com a perspectiva de incorporar para a cultura escolar de cada disciplina uma produção cultural que ainda não está dentro da escola, não assimilada pelos currículos. Isso fez com que a gente promovesse vários movimentos com os alunos para fora da escola, visitando bairros, ateliês de artistas, feiras e exposições, inclusive aqui na Unicamp. Fez também com que incorporássemos ao trabalho de sala de aula, materiais, assuntos e práticas que normalmente não habitam o espaço escolar”, relata Lílian. Outro ganho para a escola foi o uso da imagem, cinema e televisão, incorporados nos trabalhos de língua portuguesa, história e biologia.

 


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