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Suplemento do Jornal da Unicamp 156

A volta do trabalhador doméstico

Empresa moderna reduz custos cortando direitos trabalhistas

Com a crise mundial de 1973, as relações econômicas mudaram. As empresas transnacionais começaram a pensar em mecanismos para voltar a produzir intensamente sem haver superprodução, sem ‘custos’ onerosos. Um desses custos são os direitos que a classe trabalhadora conquistou com o tempo, como a regulamentação da jornada de trabalho, o descanso semanal remunerado, a licença maternidade e o 13º salário. "Direitos que vieram como contrapartida a uma acumulação de capital muito intensa nas grandes empresas durante os anos 50, 60 e 70", afirma o sociólogo Ricardo Antunes.

As regras de uma fábrica moderna são claras. Supõem em primeiro lugar uma produção flexível, menos rígida, desconcentrada quanto mais possa ser. "É maravilhoso para o empregador dizer a seus trabalhadores: ‘Trabalhem em suas casas, produzam intensamente no tempo e horário que quiserem, mas produzam o que tem de ser produzido. Mas, se ficarem doentes, cuidem-se em casa mesmo’. Por isso o trabalho doméstico, que o capitalismo parecia ter eliminado, está voltando. Na indústria de Franca, aqui ao lado, os calçados vendidos em Roma, Londres e Nova York são feitos por trabalhadores domésticos".

Antes, uma empresa era mais forte quanto mais trabalhadores tivesse sob o mesmo teto. Colocava-se 500 pessoas num mesmo espaço, lado a lado, e essa empresa podia se considerar produtiva. Mas desde a década de 70, com um aparelho chamado do computador, podia-se dividir esta unidade em vinte ou trinta células, todas conectadas por um sistema informacional que tornava a produção maior. "E com uma vantagem adicional para o capital: o espaço produtivo é desconcentrado, fragmentando e enfraquecendo a classe trabalhadora".

Onda contemporânea

O Brasil dos anos 80 era um e o de 2000 é outro, afirma Ricardo Antunes. Este novo país perdeu a siderurgia, que foi privatizada. As telecomunicações e a energia elétrica também. "Um país sem o suporte básico para que seja autônomo, independente e forte é um país subalterno", acusa..

O professor do IFCH admite que a privatização é parte do neoliberalismo dominante, mas adverte para uma diferença fundamental: "Os Estados Unidos não privatizam tudo. Nem o Japão, Alemanha ou Itália. Já o Brasil, Argentina, México, Índia e Rússia devem entregar tudo e um pouco mais. Porque somos subalternos na economia moderna global em sua divisão mundial do trabalho".

Assim, a indústria brasileira aos poucos vai sendo colocada em seu devido lugar no quadro das novas relações. Antunes informa que a fábrica da Volkswagen em Resende (RJ), um protótipo de indústria moderna, oferece hoje entre 1.300 e 1.500 empregos, quando a unidade no ABC chegou a ter mais de 30.000 funcionários. "O detalhe é que em Resende não existem mais que 300 empregados contratados diretamente. Todos os demais são terceirizados", denuncia.

Remédio amargo

Os trabalhadores estão descobrindo que a receita adotada pelo capital para a sua crise traz um remédio amargo: o desemprego crescente. "Não sei quantos milhares de empresas temos no mundo. Mas sei que umas 400 são as grandes transnacionais, aquelas capazes de destruir um país. Se quiserem, também nomeiam ministros e presidentes de bancos centrais. Mesmo entre as pequenas e médias empresas, veremos que todas têm a finalidade de produzir mais, com menos gente e menos custos. Para serem competitivas elas precisam enxugar seus quadros: onde trabalhavam dez, agora trabalham três, produzindo três vezes mais que os dez de antes", compara o sociólogo.

Segundo Antunes, em meio às metamorfoses do mundo do trabalho, a massa indesejada de miseráveis é jogada de lado. "A empresa moderna quer um trabalhador qualificado, que faça o que for preciso, que tenha muitos deveres e nenhum direito".


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