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Distúrbios do sono afetam
idosos que cuidam de idosos
Problema é mais frequente do que em não cuidadores,
aponta estudo desenvolvido na FCM

Estudo desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) apontou que pessoas idosas que cuidam de outros idosos tendem a apresentar mais problemas relacionados à insônia em relação aos idosos que não possuem este tipo de responsabilidade. Os distúrbios do sono foram um diferencial na pesquisa que analisou dados de um questionário aplicado em um universo de 676 idosos cuidadores e não cuidadores das cidades de Campinas, Ivoti (Rio Grande do Sul) e Parnaíba (Piauí). A pesquisa foi proveniente do banco de dados eletrônico do estudo Fibra, cuja sigla define Rede de Estudos sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros, um projeto que envolveu várias universidades brasileiras com o objetivo de estudar sobre fragilidade em idosos em aspectos socioeconômicos, psicológicos e sociais.

Segundo a autora do estudo, a fisioterapeuta Monica Regina Scandiuzzi Valente Tomomitsu, os resultados foram surpreendentes, visto que se esperava encontrar níveis altos de estresse e outros fatores psicológicos que afetam a satisfação de vida do idoso cuidador. “A responsabilidade de cuidador de outro idoso é grande em se considerando que a pessoa já encontra dificuldades em várias áreas por conta do envelhecimento. Por isso, o estudo nos trouxe algumas surpresas ao saber que os idosos cuidadores não são mais vulneráveis do que os não cuidadores, exceto quanto à qualidade do sono e à capacidade de desempenhar atividades rotineiras”, destaca Monica, que teve a orientação da professora Mônica Rodrigues Perracini.

A porcentagem de idosos cuidadores no país é alta e cada vez aumenta o contingente de pessoas que precisam de cuidados na velhice. Estimativas apontam para um total de quase 30% de indivíduos com mais de 60 anos que se dedicam a cuidar de outro idoso. Estes números são maiores do que em países como o Reino Unido, por exemplo, em que a taxa gira em torno de 20%. Mônica Tomomitsu, cujo trabalho é pioneiro nesta área, justifica que, no Brasil, o contexto familiar é muito diferente, pois encontramos até três gerações morando em uma mesma casa. Diferentemente de outros países em que as pessoas saem do lar ainda jovem para morarem sozinhos. “A diferença é cultural e cada vez está mais comum um idoso cuidando de outro. Por isso, a importância de se entender a dinâmica e as características deste indivíduo”, argumenta.

Em outra etapa da pesquisa, foram comparados os dados referentes ao estresse. Neste quesito, observou-se que aqueles idosos cuidadores com maior nível de estresse e menor satisfação com a vida tinham mais propensão para doenças, fadiga, insônia e também mais limitações para o desempenho de atividades da vida diária, como tomar banho, se vestir e outras. Com isso, a fisioterapeuta acredita que estas condições juntas apontam para condições de saúde desfavoráveis. “Em outras palavras, o idoso cuidador pode desenvolver um quadro de estresse e de insatisfação com a vida e isto pode afetar a sua saúde física e psicológica”, esclarece. A questão socioeconômica também aparece nas comparações, revelando que a renda familiar contribui para um desfecho negativo sobre a qualidade de sono, as condições psicológicas, e o desempenho das atividades rotineiras.

O estudo mostrou ainda que a tarefa é mais frequente entre as mulheres entre 65 e 74 anos e aqueles que possuem menor renda familiar. Nos dois grupos, os dados relativos ao relacionamento social foram parecidos, mas os homens tendem a ser mais isolados. Por outro lado, as mulheres apresentam mais sintomas de doenças. Há que se considerar que o estudo foi realizado de forma transversal e não longitudinal. “Ou seja, não se pode afirmar que existe uma relação de causa e efeito. É possível estabelecer as associações entre as variáveis, mas não definir se as condições estão relacionadas ao envelhecimento ou ao cuidado”, complementa a pesquisadora.

Publicação
Tese:
“Relações entre condições socioeconômicas, de saúde, psicossociais e satisfação com a vida em idosos cuidadores comparativos com não cuidadores”
Autor:
Monica Regina Scandiuzzi Valente Tomomitsu
Orientador:
Monica Rodrigues Perracini
Unidade:
Faculdade de Ciências Médicas (FCM)




 
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