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CADERNO TEMÁTICO
Suplemento do Jornal da Unicamp 159

Educação

O desafio do
ensino superior
no século 21

O trabalho publicado neste Caderno Temático pretende ser uma contribuição para discutir a situação do ensino superior no Brasil, particularmente no Estado de São Paulo. É uma tentativa de identificar problemas decorrentes da política de educação que prevalece hoje e sugerir alguns caminhos para corrigi-los no decorrer das próximas décadas.

HERMANO TAVARES e IVAN CHAMBOULEYRON

O Brasil possui diferenças sociais marcantes em termos de riqueza e bem-estar, conseqüência de uma das piores distribuições de renda do planeta. Em algumas regiões as desigualdades sociais caracterizam um verdadeiro apartheid. A educação é um ingrediente fundamental para enfrentar esse problema, auxiliando na criação de uma nova estrutura social, com melhores oportunidades para o desenvolvimento pessoal de todos os brasileiros.

Iniciemos com uma consideração sobre o ensino fundamental: a matrícula de crianças nesse nível de ensino é de quase 100% no Brasil, como de resto em todos os países da América do Sul. Ainda existem problemas de ineficiência interna em algumas regiões, mas há claras indicações de aprimoramento desse quadro. As razões para incluir este comentário sobre o status do ensino fundamental no país resultam da nossa crença em que a educação terciária tem que ser considerada na estrutura do sistema educacional geral.

Mostraremos neste suplemento dados sobre os ensinos médio e superior no Brasil e em outros países, alguns no mesmo nível sócio-econômico, outros mais desenvolvidos. A análise das informações permitirá extrair algumas conclusões sobre os principais desafios a serem enfrentados na área de educação e, particularmente, sobre as mudanças estruturais pelas quais o ensino superior no Brasil deve passar para alcançar um nível similar ao existente não somente em países do primeiro mundo, mas também da América Latina.

O que é país rico

O ensino médio tem uma importante relação com a qualificação da força de trabalho. Para uma grande parte da população, ele fornece um treinamento profissional para a busca de melhores oportunidades. Essencialmente, há duas formas de se produzir riqueza. A primeira é a venda direta de recursos naturais renováveis e não renováveis. A segunda forma de produzir riqueza é agregando valor a um produto ou serviço. É fato inconteste que a riqueza oriunda de operações de valor agregado depende do preparo das pessoas agregando valor. A riqueza das nações, portanto, está intimamente ligada à habilidade de sua força de trabalho.

Em termos de recursos naturais, por exemplo, o Japão e a Coréia são países pobres. Sua riqueza origina-se da qualidade de seu sistema educacional, que produz uma população altamente qualificada. Num mundo em rápida transformação, em que ninguém tem conhecimento perfeito das qualificações necessárias em futuro próximo, a capacidade para treinar a população é de fundamental importância.

Pouco estudo

Dados recentes da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) indicam que, na média, os trabalhadores brasileiros possuem 6,1 anos de estudo. Tal escolaridade é muito inferior à dos trabalhadores de outros países da região, como o Chile (10,4 anos) ou o México (9,5 anos). As nações desenvolvidas estão comprometidas com o treinamento permanente de sua força de trabalho, um compromisso que, infelizmente, ainda não existe no Brasil.

O fraco desempenho brasileiro em educação e desenvolvimento humano (veja Tabela 1 no interior do Caderno) tem vínculo direto com a distribuição muito injusta de riqueza. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1998) mostra a seguinte repartição: 13,8% da riqueza nacional para os 50% mais pobres da população; 47,2% para os 10% mais ricos da população.

É importante mencionar tais números, porque nenhuma análise séria do ensino superior, ou uma previsão sobre o futuro da universidade, pode ser efetuada sem a devida consideração da estrutura social do Brasil, refletida por exemplo pela posição do país no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os dados também ajudarão a entender o papel (e a responsabilidade) das universidades brasileiras no treinamento de professores para os níveis primário e secundário em todo o país.


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