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Alcance de serviços odontológicos
em Campinas é objeto de estudo
Gestor adota maior equidade onde não existe centro de especialidades

Região Administrativa de Saúde Norte de Campinas, que compreende bairros como Parque Santa Bárbara, Jardim Boa Vista e o distrito de Barão Geraldo, embora não possua um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), tem maior compromisso com a integralidade e equidade nos serviços odontológicos de atenção secundária oferecidos à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS), quando comparado com o observado na Região Sudoeste, envolvendo bairros como Jardim Santa Lúcia, Vila União, região dos DICs e proximidades do Tancredão, o qual possui CEO. Esta foi a conclusão a que chegou a cirurgiã-dentista Fabiana de Lima Vazquez ao analisar os números apurados em pesquisa conduzida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP).

Conforme o estudo, 78% dos pacientes da região Norte encaminhados para assistência especializada concluíram o tratamento, enquanto na região Sudoeste a porcentagem foi de 51%. O trabalho apontou ainda que 74% dos atendimentos realizados na região Norte ocorreram em menos de um mês de espera, ao contrário da região Sudoeste, onde 47% dos pacientes alegaram esperar mais de 45 dias para a realização dos procedimentos odontológicos. Segundo Fabiana Vazquez, isto mostra que o sistema de organização das Unidades de Saúde em que não há um centro de especialidades o gestor segue a linha de maior equidade no atendimento secundário. “Ou seja, as variáveis estudadas ‘pacientes que tinham como renda menos de dois salários mínimos’ e ‘menor número de anos de estudo’ foram associadas com a priorização do atendimento”, esclarece.

A cirurgiã-dentista explica que Campinas é dividida em cinco regiões administrativas de saúde, mas somente em duas delas existe centro de especialidade – nas regiões Sudoeste e Noroeste. Em geral, o atendimento básico é feito nos centros de saúde que, por sua vez, encaminham os pacientes para o serviço especializado, também chamado de atendimento secundário. Nestes casos, são incluídas as cirurgias de alta complexidade, os tratamentos de endodontia e periodontia, os pacientes especiais, a confecção de próteses e os exames complementares. Nas regiões onde não há o centro de especialidades para encaminhamento, o atendimento é realizado em diversas unidades básicas onde há o especialista e que estão distribuídos naquela região ou são feitas parcerias com hospitais como Mário Gatti e Celso Pierro.

Fabiana Vazquez foi orientada pelo professor Antonio Carlos Pereira e destaca que as avaliações acerca da atenção secundária em saúde bucal no âmbito do SUS são escassas. “Há indícios de melhoria de indicadores de processo no que se diz respeito à cobertura e utilização dos serviços de atenção secundária no SUS, mas não se sabe ao certo e em que proporção as ações e intervenções têm tido impacto quanto à integralidade da assistência”, explica a cirurgiã-dentista. Por isso, a motivação de se realizar uma radiografia da situação e aprofundar na questão ao comparar uma região que possui um centro de especialidade e outra que não contempla o serviço.

O estudo foi desenvolvido em duas fases. Na primeira, Fabiana coletou todos os encaminhamentos para atenção secundária das equipes de 23 centros de saúde, assim como foram levantados os dados populacionais, socioeconômicos e de distribuição dos encaminhamentos. Num segundo momento, selecionou aleatoriamente usuários para avaliar a qualidade de atendimento e razões para as faltas ou desistências através de contato telefônico. Nesta fase, a pesquisa revelou que o grau de satisfação dos pacientes foi bastante positivo, pois 100% dos 331 usuários entrevistados relataram terem sido bem atendidos.

Por outro lado, o estudo apontou que ainda há uma demanda reprimida. Um exemplo, segundo Fabiana, são as filas para próteses que lideram a lista com maior tempo de espera. “A questão é que são liberadas apenas 100 próteses totais por mês para uma cidade como Campinas, que possui um milhão de habitantes. É uma quantidade muito pequena”, informa. No caso das cirurgias, a fila é praticamente zerada. São realizadas de forma rápida e o tempo de espera é bem inferior que o de outras especialidades. A endodontia foi a demanda mais atendida, sendo responsável por 75% dos atendimentos especializados na região Norte e por 35,9% na região Sudoeste.

Por fim, o estudo demonstra que o modelo de atenção não necessariamente repercute em impacto na resolutividade dos procedimentos em atenção secundária, pois a gestão do cuidado parece ter papel fundamental em relação à organização da demanda. Fabiana lembra que os CEOs são parte de uma política nacional de saúde bucal (apresentando bons resultados até o momento), a qual pretende expandir a cobertura em atenção secundária.

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Publicação
Dissertação:
“Referência e contra-referência na atenção secundária em odontologia na cidade de Campinas, SP, Brasil”
Autor: Fabiana de Lima Vazquez
Orientador: Antonio Carlos Pereira
Financiamento: Capes e Fapesp
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