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Sinais dos novos tempos

Antenas inteligentes melhoram recepção
de aparelhos de TV digital e de celulares

Televisores  expostos em loja em Campinas: velocidade das novidades tecnológicas confunde consumidor, que muitas vezes sequer sabe o que está comprando. (Foto: Antoninho Perri)O engenheiro eletricista Marcelo Augusto Costa Fernandes, do Laboratório de Comunicações Digitais (ComLab), da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp, propôs em sua pesquisa de doutorado melhorias para a recepção dos sinais dos sistemas de comunicação CDMA (Acesso Múltiplo por Divisão de Código) - utilizado na terceira geração de celulares de banda larga - e OFDM (Orthogonal Frequency-Division Multiplexing) - usado na TV digital e em outros sistemas de comunicações. Seus estudos compreenderam duas técnicas conhecidas como equalização adaptativa e antenas inteligentes. De acordo com Fernandes, elas podem ser aplicadas em ambos os sistemas, melhorando a recepção do sinal de TV e possibilitando uma maior taxa de transferência de dados no caso do celular.

"Essa tese de doutorado apresenta uma contribuição relevante nessa área, pois os atuais sistemas de comunicação sem fio já estão operando em sua capacidade máxima, e sua expansão vai passar necessariamente pelo uso intensivo de arranjos de antenas inteligentes. A situação atual é apenas a ponta do iceberg, pois até as previsões menos otimistas apontam para um crescimento significativo das comunicações sem fio nos próximos anos. São poucas as pessoas hoje que estão usando transmissão de dados via celular e, seguramente, esse mercado vai explodir", revelou o engenheiro.

O mesmo raciocínio vale para a expansão da TV digital, alerta Fernandes. A situação ganhou tanta importância que o governo federal voltou a bancar projetos nessa área, visando melhorar a recepção dos sinais em ambientes internos e em receptores móveis de alta velocidade. O trabalho de pesquisa foi orientado pelo professor Dalton Soares Arantes, coordenador do ComLab, que está envolvido nos projetos de TV digital desde 1999, antes mesmo do início do desenvolvimento do sistema brasileiro de TV digital.

"É difícil avaliar percentualmente o quanto os trabalhos desenvolvidos na tese podem melhorar a cobertura de recepção nos aparelhos de TV digital, mas seguramente os locais onde o sinal de vídeo digital é fraco demais, mas que agora poderá ser recebido com antenas inteligentes, deve aumentar significativamente", afirma Fernandes.

Marcelo Augusto Costa Fernandes,  autor do estudo, em laboratório da Feec: “Sistemas de comunicação sem fio já estão operando em sua capacidade máxima”. (Foto: Antonio Scarpinetti)Com relação aos conversores existentes no mercado atualmente, Fernandes explica que é não é muito fácil saber quais são os de boa qualidade, pois a má cobertura do sinal digital pode mascarar a qualidade do receptor. Para ele, muitas pessoas ainda comprarão modelos desatualizados, que, por saírem na frente, não puderam ser totalmente otimizados. "O próprio consumidor deixará de adquirir esses modelos e, naturalmente, outros com qualidade superior surgirão", avaliou.

A velocidade com que as novidades entram e saem do mercado é tão grande que os consumidores não conseguem acompanhar essa evolução. Por exemplo, a quantidade de informação necessária para se realizar uma boa compra de um aparelho de televisão hoje é "absurda", na opinião do engenheiro eletricista. "Os novos televisores de LCD e LED possuem várias etiquetas afixadas em sua estrutura, com diversas siglas que muita gente nem sabe o que significa", disse Fernandes. E isso não acontece apenas no Brasil. Trata-se de um fenômeno mundial, em que nem os lojistas possuem todas as informações necessárias para orientar os compradores. É preciso oferecer treinamento especializado até aos vendedores, na avaliação do engenheiro.

Muitos modelos de televisão digital que incorporam um conversor interno já são anunciados o tempo todo. As propostas de novas estruturas de recepção que foram apresentadas na tese, segundo o pesquisador, não implicam em alterações nos transmissores e isso é bom. Se as emissoras tivessem que trocar ou adaptar os transmissores, o problema seria enorme, porque é onde se encontra o maior investimento já realizado. "O que vai ocorrer é a entrada de novas versões de aparelhos de TV no mercado, com a incorporação de antenas inteligentes. Os fabricantes com certeza deverão produzir novos aparelhos com essas antenas adaptativas", sinalizou.

É preciso ficar claro que o receptor é a parte mais barata do processo e que o preço cairá bastante com o passar do tempo. "Há cerca de um ano, não havia televisores com conversor integrado e as pessoas eram obrigadas a adquirir o set-top-box. Hoje já se compra a TV com o receptor integrado. Nos próximos anos, novos aparelhos com essas características já estarão no mercado. Essa evolução não cessará", afirmou Fernandes.

No que diz respeito à telefonia dos celulares de terceira geração, quando se menciona a banda larga de transmissão, fala-se em cerca de 1 megabits/segundo de velocidade. Certamente, nos próximos anos, as pessoas estarão exigindo bandas bem superiores, talvez de até 100 megabits/segundo. O vídeo que se assiste hoje no celular é de baixa definição, no entanto, em breve as pessoas assistirão TV de alta definição no celular e vão querer baixar vídeos com alta velocidade. "É possível que essas melhorias obtidas apenas com antenas inteligentes nem sejam suficientes para essas novas tendências", comparou.

Perspectivas

Fernandes observa que o momento atual é bastante interessante, se pensarmos que a janela de tempo entre desenvolvimento de pesquisa e produto final diminuiu sensivelmente. Em um prazo de um ano já é possível se obter um protótipo de laboratório e, depois de seis meses, ele pode ser colocado em escala de produção. "Entre um e dois anos é possível se obter um equipamento em escala industrial", assegurou.

Fernandes esclarece que esses ganhos de produtividade resultaram do avanço da tecnologia de software embarcado e de hardware desenvolvido com prototipação rápida, diminuindo significativamente o tempo entre o projeto de pesquisa e o produto final. Esse cenário está permitindo aos laboratórios de universidades, como o ComLab, a se especializarem nessa área para desenvolver protótipos eletrônicos avançados para as empresas, coisa inimaginável há alguns anos. "É uma mudança de paradigma que está valorizando o trabalho realizado no meio acadêmico, pois alia resultados teóricos e aplicados em sistemas eletrônicos inteligentes", ressaltou o pesquisador.

Publicação

Tese: "Técnicas de Equalização e Antenas Adaptativas para Sistemas CDMA e OFDM"
Autor: Marcelo Augusto Costa Fernandes
Orientador: Dalton Soares Arantes
Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec)


 



 
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