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Pesquisa rende
peça teatral sobre capoeira


MANUEL ALVES FILHO


Foto: Neldo CantantiPela primeira vez, um espetáculo teatral concebido a partir de uma pesquisa acadêmica desenvolvida na Unicamp foi aprovado pelo Ministério da Cultura para receber incentivos pela Lei Rounet. O projeto, de autoria do diretor teatral Luis Carlos Nem, é intitulado “Quando as pernas fazem miserêr” e deriva da sua dissertação de mestrado, que será apresentada ao Instituto de Artes (IA). Conforme a orientadora do trabalho, professora Suzi Frankl Sperber, o estudo promove uma nova abertura para o universo da antropologia teatral, ao investigar as possíveis relações entre o treinamento da capoeira angola e a preparação do ator.

Peça deve receber incentivos da Lei Rounet

O diretor Luis Carlos Nem, com a professora Suzi Frankl Sperber, orientadora do trabalho: nova abordagem antropológica funde preparação do ator e capoeira  (Foto: Neldo Cantanti)De acordo com Luis Carlos, a peça resultante da pesquisa é uma homenagem ao Mestre Pastinha, capoeirista de Salvador que revolucionou a história da capoeira no Brasil no início do século passado. “Foi ele quem introduziu princípios éticos ao jogo. Até então, tratava-se de uma atividade praticada predominantemente por malandros e valentões”, conta o pós-graduando da Unicamp. Também foi Mestre Pastinha, segundo o diretor teatral, quem abriu a primeira academia no país, criando métodos inovadores de treinamento. “Antes, isso não ocorria. A capoeira era entendida apenas como uma manifestação cultural”, acrescenta.

O autor da dissertação diz que resolveu investigar as possíveis relações entre o treinamento dos capoeiristas e o dos atores depois que começou a praticar a capoeira angola, que se diferencia do jogo convencional por não adotar estágios para a aprendizagem e nem estimular a competitividade e a agressividade. De acordo com Luiz Carlos, existem vários pontos de aproximação entre uma prática e outra. O trabalho vocal e corpóreo, a compreensão do espaço para a realização dos movimentos e a relação de um capoeirista com o outro, afirma o pós-graduando, mantêm semelhanças com o trabalho realizado pelo ator.

Além disso, as duas atividades valem-se de recursos comuns para o seu desenvolvimento, como a dança e música. “Mestre Pastinha não fala isso, mas eu defendo que, por estes aspectos, a capoeira também é uma manifestação teatral”, diz Luiz Carlos. Segundo ele, o roteiro da peça ainda está sendo escrito. Mas o diretor adianta que o texto falará da trajetória de Mestre Pastinha e resgatará aspectos históricos e culturais da capoeira angola. Atualmente, o projeto está na fase de captação de recursos, esforço que conta com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) e Agência de Inovação da Unicamp (Inova).

Luis Carlos revela, ainda, que o espetáculo contará com sete pessoas em cena, todas recrutadas junto ao Grupo Semente do Jogo de Angola, de Barão Geraldo. O pesquisador diz que tentou trabalhar com atores, mas não obteve bom resultado. Isso ocorreu, sobretudo, porque a capoeira é uma atividade que exige um trabalho físico muito árduo. Para a professora Suzi, que integra o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp (Lume) e está orientando o estudo, a investigação conduzida pelo seu aluno também é importante porque possibilitará que a teoria seja transformada em prática teatral. “A Unicamp tendia a conceber o mestrado em Artes Cênicas como um trabalho de teoria e texto somente. Penso que devemos priorizar a prática, pois ela é que é capaz de trazer novidades, de contribuir para a criação”.

De acordo com Luiz Carlos, estão programadas 24 apresentações do espetáculo “Quando as pernas fazem miserêr”, no período de 6 de abril a 12 de junho de 2005. Elas deverão ocorrer nas cidades de Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo. “Também estão previstas realizações de oficinas durante a trajetória da peça, com grupos de atores, para promover a difusão cultural”, afirma. Informações sobre como patrocinar o projeto podem ser obtidas com Iara Regina da Silva Ferreira, pelo telefone (19) 3789-3774 ou pelo e-mail.

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