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Projeção inicial foi superada em mais
de 100%; número de licenciamentos é recorde no país

Agência de Inovação supera
metas ao completar um ano



CLAYTON LEVY


A diretora Rosana Ceron di Giorgio: meta de chegar no patamar das grandes universidades do mundo em cinco anos (Foto: Antoninho Perri)A Agência de Inovação (Inova) da Unicamp está completando um ano de existência com motivos de sobra para comemorar. A meta inicial de obter pelo menos dez novos licenciamentos por ano já foi superada em mais de 100%. De janeiro a julho desse ano foram fechados 9 contratos que resultaram no licenciamento de 22 patentes destinadas ao desenvolvimento de produtos por empresas privadas. Trata-se de um número de licenciamentos três vezes maior do que o registrado em toda a história da Universidade e um recorde no meio acadêmico nacional. Animada com o sucesso do primeiro ano, a diretora de Propriedade Intelectual da Inova, Rosana Ceron di Giorgio, já fala em alcançar a marca de 20 novos licenciamentos no próximo ano.

Cada contrato deve gerar R$ 200 mil em média

Os acordos prevêem a exploração comercial da tecnologia por um período entre 10 e 15 anos. Segundo Rosana, cada contrato deverá gerar em média R$ 200 mil por ano em royalties para a Universidade. A expectativa é que a partir do quinto ano, as receitas oriundas de royalties gerados a partir destes acordos chegarão a R$ 14 milhões por ano. Ao final de cinco anos, a Unicamp quer chegar a uma carteira com 100 licenciamentos, o que elevaria a instituição ao patamar de grandes universidades no mundo.

“Os resultados mostram que licenciar patentes não é uma coisa do outro mundo; basta ter visão de mercado”, diz Rosana. Segundo ela, o sucesso alcançado resulta da estratégia definida pelo reitor Carlos Henrique de Brito Cruz. “Colocamos pessoas de mercado para atuar nos licenciamentos”, diz. Essa medida, explica Rosana, também permitiu trabalhar com uma equipe enxuta. Dos trinta funcionários que trabalham na Inova, apenas dois integram a área de Transferência de Tecnologia.

Além de ratificar a avaliação inicial, de que o projeto de criar um mecanismo institucional para ligar universidade e mercado funcionou, os resultados alcançados pela Inova também já despertam a atenção de outras instituições públicas de ensino superior. Segundo Rosana, elas estão interessadas em conhecer o modelo adotado pela Unicamp. Entre as universidades com as quais a Agência vem mantendo entendimentos estão a USP (Universidade de São Paulo) e as universidades federais de Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

A remuneração básica da Unicamp pela cessão da propriedade intelectual da invenção deriva dos royalties. Os percentuais, afirma Rosana, variam de 2% a 7% e recaem sobre o faturamento bruto e líquido. “Depende de cada caso”, afirma. Para todos os contratos estão previstas auditorias para conferência das informações financeiras relativas à comercialização do produto. A distribuição dos recursos é feita da seguinte forma: um terço da receita é paga ao pesquisador ou ao grupo de pesquisadores e dois terços vão para a Unicamp. Os prazos para o desenvolvimento dos produtos a partir da assinatura dos convênios dependem da área.

A Unicamp já tem cerca de 300 patentes registradas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mas a cada ano, segundo Rosana, são depositadas em média outras 50. A idéia é incrementar cada vez mais o licenciamento de patentes registradas pela universidade. Essa nova postura, segundo Rosana, é fundamental para o processo de inovação tecnológica do País. Segundo dados do livro “Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, organizado pelo economista Eduardo Viotti e publicado recentemente pela Editora da Unicamp, de 1981 a 2000, o número de artigos científicos publicados por autores nacionais subiu 400%, passando de 1.889 para 9.511. Apesar da evolução numérica na produção científica nacional, em 2000 foram registradas apenas 98 patentes brasileiras nos Estados Unidos, enquanto a Coréia do Sul, que tem uma produção científica equivalente à brasileira, registrou 3,3 mil no mesmo período. Ou seja, o Brasil já sabe fazer ciência, mas ainda não aprendeu a transformá-la em crescimento econômico.

Na década de 90, as universidades brasileiras depositaram 355 pedidos de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A Unicamp foi a que teve mais registros, 125. Em seguida, aparecem a Universidade de São Paulo (USP), com 76 depósitos, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com 39, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 31, e Universidade Estadual Paulista (Unesp), 13 pedidos. Essas cinco universidades detêm 80% do total de pedidos de patentes oriundas das universidades, segundo levantamento de dados e as análises organizado pelo economista Eduardo Assumpção, do INPI, no estudo “O Sistema de Patentes e as Universidades Brasileiras nos Anos 90”.

Conheça as empresas licenciadas
e os autores das patentes

Entre as unidades com maior número de patentes licenciadas pela Agência de Inovação (Inova) da Unicamp destacam-se o Instituto de Química (IQ), com sete, e a Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), com oito trabalhos. O contrato para licenciamento de seis das sete patentes do IQ, contendo formulações aplicáveis a revestimento de “stents” (dispositivos inseridos em veias ou artérias através de cirurgias de angioplastia, com o objetivo de desobstruí-las), foi fechado com a Scitech, de São Paulo. Já as oito patentes da FEM, voltados o tratamento de efluentes industriais, foram licenciados à TechFilter Indústria e Comércio Ltda, de Indaiatuba. As demais patentes foram desenvolvidas por pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), Instituto de Biologia (IB) e Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG).

Steviafarma (Paraná, Maringá) – 1 patente sobre uma tecnologia baseada em soja. Esta tecnologia é bastante adequada ao Brasil que é grande produtor e exportador de soja. Através da parceria com a Steviafarma, a empresa estará inovando com o fornecimento de fitoterápicos para reposição hormonal e combate aos radicais livres, com qualidade e eficácia jamais vistas no mercado brasileiro.
Autores: Yong Kun Park, Adilma Regina Pippa Scamparini, Hélia Harumi Sato e Severino Matias de Alencar.
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA).

Cristália (São Paulo, S.P.) – 2 patentes sobre anestésicos. Estas tecnologias de ponta possibilitarão à Cristália gerar produtos com características inovadoras. Suas novas formulações apresentarão menor toxicidade e tempo de duração de efeito superior às apresentadas no mercado.
Autores: Eneida de Paula, Cíntia Maria Saia Cereda, Daniele Ribeiro de Araújo, Giovana Bruschini Brunetto, Leonardo Fernades Fraceto, Luciana de Matoa Alves Pinto, Rafael Vanini, Marcelo Bispo de Jesus. Antonio Carlos Senjes Lino, Luciana de Matos Alves Pinto e Yuji Takahata
Unidade: Instituto de Biologia (IB).

Marcelo Ganzarolli de Oliveira (Foto: Neldo Cantanti)Scitech (São Paulo, S.P.) – 6 patentes contendo formulações aplicáveis a revestimento de “stents”. Os “stents” são dispositivos inseridos em veias ou artérias através de cirurgias de angioplastia, com o objetivo de desobstruí-las. As referidas formulações apresentam comprovada eficácia no impedimento da chamada “reestenose”, uma reprodução celular ocorrida após a inseção do “stent”, que volta a obstruir o vaso sanguíneo.
Autores: Marcelo Ganzarolli de Oliveira, Amedea Barozzi Seabra E Sílvia Mika Shishido, Watson Loh, Francisco Rafael Martins Laurindo e Jarbas José Rodrigues Rohwedder
Unidade: Instituto de Química (IQ).

Usina São Francisco S/A (Sertãozinho, S.P.) – 1 patente referente ao processo de obtenção da cera de cana-de-açúcar a partir da torta resultante do processamento da cana. A cera de torta, puramente vegetal, permitirá à Usina São Francisco inovar em vários mercados, como os de cosméticos, produtos de limpeza, farmacêuticos e alimentos.
Autores: Daniel Barrera Arellano e Thais Maria Ferreira de Souza Vieira.
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)

Edi Lúcia Sartorato (Foto: Dário Crispim)DLE - Diagnósticos Laboratoriais Especializados Ltda ( Rio de Janeiro – R.J.) – 2 patentes, referentes ao método de teste diagnóstico de surdez congênita . Esta tecnologia possibitará ao DLE, de uma forma simples e barata, prever no recém-nascido um determinado tipo de surdez causada por um defeito genético. A surdez se manifesta progressivamente após o nascimento, e o diagnóstico precoce proporciona tempo aos pais e médicos de tomarem providências para a criança aprender a falar e, possivelmente, a ler e escrever. Em adultos esta tecnologia pode identificar portadores e prever a chance do nascimento de filhos com este problema genético.
Autor: Edi Lúcia Sartorato.
Unidade: CBMEG.

Feldmann Wild Leitz Comércio Importação e Exportação Ltda (Manaus, Amazônia) – 2 patentes referentes ao kit de diagnóstico molecular para surdez congênita. A Feldmann irá fabricar e comercializar tais kits para os laboratórios que estiverem utilizando o teste de surdez congênita, desenvolvido na Unicamp.
Autor: Edi Lúcia Sartorato
Unidade: CBMEG.

TechFilter Indústria e Comércio Ltda (Indaiatuba, S.P.) – 8 patentes sobre um sistema para utilização na área ambiental, no tratamento de efluentes de várias indústrias, tais como: papel e celulose, química, petroquímica, têxtil, metal-mecânica, fertilizantes, jóias, semi-jóias e explosivos.
Autores: Ronaldo Teixeira Pelegrini, Rodnei Bertazzoli, Rosângela Rodrigues LemePellegrino, Rosana Aparecida Di Iglia e Peterson Bueno de Moraes.
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).

Safe Kid Indústria e Comércio Ltda (Senador Canedo, Goiás) – 1 patente dedicada a um sistema de segurança aplicado a automóveis, para o transporte seguro de crianças, idosos ou deficientes físicos. Submetido a testes de qualidade pela equipe da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, este sistema permitirá à Safe Kid produzir produtos com grau de confiabilidade e segurança muito superiores aos existentes.
Autores: Antonio Celso Fonseca de Arruda e Peixoto Bueno de Camargo.
Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM).

TechChrom Instrumentos Analíticos Ltda (Campinas, S.P.) – 1 patente sobre um sistema destinado à automatização de análises químicas, para efetuar a transferência controlada de líquidos ou sólidos entre recipientes. Esse sistema garantirá à TechChrom, um desempenho altamente preciso. O sistema é robusto, versátil, de fácil operação e de custo efetivamente compensador, além de ser inédito e impor vantagens sobre os sistemas existentes, resultando em um dispositivo de alta confiabilidade.
Autores: Célio Pasquini e Ildenize Barbosa Da Silva Cunha.
Unidade: Instituto de Química (IQ).

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