Ensino a (pouca) distância
Unicamp constrói prédio para EAD e forma grupo de trabalho visando
apoiar professores que queiram oferecer novos cursos não-presenciais

ROBERTO COSTA

té o início do próximo ano a Unicamp inaugura um prédio exclusivo para a área de ensino a distância (EAD), anexo ao Centro de Computação. O embrião de uma provável Escola de Ensino a Distância da Universidade, por enquanto um sonho, é uma das iniciativas que visam incentivar o oferecimento de cursos não-presenciais. Diversos deles já estão sendo ministrados pelo campus, todos em caráter experimental, até que se tenha uma legislação própria.

A Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) criou em dezembro passado um serviço de apoio a professores que queiram oferecer novos cursos de EAD usando recursos em rede (http://www.ead.unicamp.br/), com sede no Centro de Computação. Baseado na plataforma WebCT, uma das mais usadas em todo o mundo, a oferta tem sido progressiva. Em julho deste ano, os cursos já beiravam a 50, com 515 alunos inscritos.

Em abril de 1999, a Reitoria instituiu um Grupo de Trabalho em Educação a Distância (GT-EAD), considerando a necessidade de articular as iniciativas nas várias instâncias de deliberação e execução da Universidade. O grupo apresentou suas recomendações, indicando caminhos a serem tomados. Criou-se em dezembro o segundo Grupo de Trabalho, com as funções de planejar, propor, coordenar e supervisionar as atividades de ensino a distância.

Esta equipe, lotada no Centro de Computação, vem se encarregando da divulgação de iniciativas de EAD para a comunidade acadêmica, instalação e administração do ambiente WebCT (cuja licença de uso ilimitado foi adquirida pela Unicamp), manutenção dos computadores e criação e atualização do site dedicado a ensino a distância (http://www.ead.unicamp.br).

O mesmo grupo trabalha na organização de palestras, envolvendo experiências internas e externas à Universidade, que são transmitidas em vídeo pela Internet, em tempo real ou podendo ser assistidas posteriormente. Também é elaborado um boletim informativo quinzenal, distribuído para aproximadamente 2.500 assinantes.

Serviços – A equipe é multidisciplinar, com profissionais de computação e pedagogia. O analista de suporte Marcelo Araújo Franco desenvolve doutorado sobre ambientes informatizados para EAD na Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. A analista de sistemas e pedagoga Edilene Ropoli é mestranda em educação e informática na FE. Eles têm o apoio de quatro estagiários e aguardam a contratação de quatro analistas e uma pedagoga. O grupo é responsável pelos treinamentos em WebCT. Neste ano foram oferecidos dois tutoriais e dois cursos; outros estão previstos para o segundo semestre. O curso de WebCT pode ser ministrado nas unidades do campus, desde que haja condição técnica para isso.

Os serviços estão divididos em quatro áreas. Ambiente WebCT, que consiste na abertura de áreas para cursos e suporte na utilização e hospedagem de material didático, é uma delas. Outra preocupação é a elaboração de projetos, desenvolvimento de material didático, sua adaptação para Web, uso de multimídia e produção de CD. Em videoconferência estão englobados o suporte no uso de conferência na Internet e a transmissão de palestras em vídeo. A criação de listas e websites para EAD é outra tarefa em andamento.

Engenharia Química avalia cursos que utilizam WebCT

A Faculdade de Engenharia Química (FEQ) já ministrou um curso experimental usando a estrutura do WebCT, na disciplina presencial “Fenômenos de Transporte I” (mecânica de fluídos), da professora Katia Tannous. A experiência estimulou a docente a oferecer novos cursos: neste segundo semestre acontece o de “Fundamentos e Aplicações de Fluidização”, no doutorado da FEQ, e outro, “Tecnologia de Fluidização”, pela Escola de Extensão da Unicamp, está em fase final de aprovação e deve começar em outubro.

“O mais importante da aplicação desse tipo de software é a possibilidade de atingir a todos que querem aprender, principalmente os que estão mais distantes e não dispõem de todo o seu tempo para estudos”, afirma Kátia. Ela não se limitou a utilizar as ferramentas de ensino a distância. Ao final do curso aplicou um questionário que resultou em um trabalho apresentado no Cobenge 2001, onde constatou a aprovação dos alunos quanto à utilização da ferramenta e apresentação visual.

A realização de testes on-line foi considerada prioridade, enquanto se constatou que a maioria do grupo-alvo utilizou o WebCT através do Laboratório de Informática da FEQ. A falta de computadores em casa e conectados à Internet ficou evidente pela baixa freqüência de uso, de uma a duas vezes por semana. Os alunos, no caso daqueles de período integral, acessaram o sistema à tarde, quando normalmente se encontram no campus.
A idéia de aplicar a ferramenta em outras disciplinas foi considerada boa, mas não em todas. Alguns comentários observados nos questionários são de que o software não substitui o professor, que o chat é válido somente em caso de longas distâncias e que a ferramenta foi bem utilizada como complemento ao curso.

Continua ...