Unicamp recebe imagens do mais avançado satélite meteorológico geoestacionário

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O pesquisador Bruno Veloso, o reitor Marcelo Knobel, a coordenadora-geral da Universidade Teresa Atvars, a diretora do Cepagri Renata Ribeiro do Valle Gonçalves, a diretora-associada do Cepagri Priscila Coltri e a profissional de administração Maria Angélica Ferlin em visita à nova antena
Da esq. para a dir., o engenheiro da computação Bruno Veloso, o reitor Marcelo Knobel, a coordenadora-geral da Universidade Teresa Atvars, a diretora do Cepagri Renata Ribeiro do Valle Gonçalves, a diretora-associada do Cepagri Priscila Coltri e a profissional de administração Maria Angélica Ferlin em visita à nova antena

As gerações mais antigas devem se lembrar de que há algumas décadas a previsão do tempo transmitida em geral pelas rádios não era levada a sério pela população. O comentário galhofeiro e generalizado era de que se podia esperar o contrário do anunciado nos boletins meteorológicos. O tempo passou e as previsões foram melhorando e adquiriram credibilidade em São Paulo, a partir da década de 1960, com Narciso Vernizzi, o conhecido “Homem do Tempo”, que em boletins diários na rádio Jovem Pan anunciava as previsões meteorológicas. As previsões resultavam de análises e interpretações de dados como direção e velocidade dos ventos, pressão atmosférica, temperatura obtidos em todos os principais aeroportos brasileiros e até de países como Argentina, Uruguai e Chile. O trabalho exigia dedicação diuturna e acuidade na interpretação e, mesmo assim, os resultados podiam ser afetados por eventos imprevisíveis. Depois vieram os satélites geoestacionários que passaram a fornecer outras informações, entre as quais índices pluviométricos, umidade do ar e imagens que permitem entre outras coisas acompanhar a movimentação das nuvens. Embora incertezas persistam, o contínuo aperfeiçoamentos dos satélites geoestacionários levam a previsões cada vez mais precisas. Os dados recebidos dos satélites são analisados e traduzidos para o público por meteorologista.  Na televisão em geral eles são transmitidos por uma charmosa “moça do tempo”. Hoje, passeios, encontros e até viagens são programadas em função da meteorologia.

O Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, um dos mais importantes centros brasileiros de pesquisas científicas voltadas à agricultura, que oferece diariamente à comunidade a previsão do tempo, com vistas a gerar informações mais precisas, recebeu em outubro antena para a recepção de imagens do satélite meteorológico geoestacionário GOES-16, o mais avançado desenvolvido pela NOAA (National Oceanic & Atmospheric Administration). Esta antena, de duas toneladas, 4,5 m de diâmetro e custo de 257 mil dólares, adquirida com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que entrou em operação em novembro, permitirá que o Cepagri receba imagens a cada quinze minutos com informações da superfície, atmosfera, ventos, raios e dados solares com melhor detalhamento. Em decorrência, a previsão do tempo poderá ser realizada com maior precisão e pesquisadores encontrarão condições de realizar monitoramentos e estudos mais apurados voltados tanto para a agricultura (solo, plantação e previsão de safra) quanto para o meio ambiente (florestas e corpos d’água), podendo mais efetivamente contribuir para o desencadeamento de ações que visem a redução de perdas e danos. Na última sexta-feira (07), o reitor Marcelo Knobel e a coordenadora geral da Universidade, Teresa Atvars, estiveram no Cepagri para conhecer o novo equipamento.

Novo equipamento permitirá que o Cepagri receba imagens a cada quinze minutos com melhor detalhamento.
Novo equipamento permitirá que o Cepagri receba imagens a cada quinze minutos com melhor detalhamento.

A diretora do Cepagri, engenheira cartógrafa Renata Ribeiro do Valle Gonçalves, lembra que o centro vem trabalhando com imagens desde 1985, e o primeiro equipamento adquirido chamava-se UAI. Os sinais eram recebidos via telefone. Em 1994 foi adquirido o sistema NOAA, que permitia a recepção de três a quatro imagens-dia, e que vinha sendo usado até a chegada da nova antena. Mas, em 2014, o centro já tinha promovido outra atualização com o acréscimo do satélite METOP e, a partir daí, passou a utilizar dois satélites com as mesmas características que possibilitavam a obtenção também de imagens noturnas.

A pesquisadora explica que existem diversos satélites destinados a estudos meteorológicos, ambientais e urbanos.  O que os distinguem é a resolução de imagens. Nos estudos meteorológicos, as áreas cobertas são muito grandes, mas o detalhamento, pequeno, contrariamente do que ocorre nas abordagens urbanas e ambientais em que a área focada é menor, mas o detalhamento maior. O desafio é trabalhar com uma imagem que abrange uma área maior, com menos detalhamento, e utilizá-la para estudos agrícolas e ambientais. Nessa linha, o Cepagri vem atuando, há 30 anos, desde a década de 1980.

Com o lançamento do satélite GOES-16 a abordagem meteorológica foi reposicionada porque as imagens enviadas são de alta resolução temporal e espacial. Temporal porque chegam a cada 5 ou a 15 minutos em eventos extremos, enquanto antes os intervalos eram de uma hora ou, no mínimo, de 30 minutos.  Espacial porque oferece imagens de melhor resolução. A propósito, o engenheiro da computação Bruno Veloso, que no Cepagri atua como técnico de informática encarregado da montagem da infraestrutura e processamentos computacionais, explica que cada pixel, que representa um ponto na imagem, que antes abarcava quatro km, agora pode representar de mil a 500m.

Renata Gonçalves: condições de realizar monitoramentos e estudos mais apurados voltados para a agricultura
Renata Gonçalves: condições de realizar monitoramentos e estudos mais apurados voltados para a agricultura 

Para receber os sinais desse novo satélite houve necessidade de nova antena porque, além das mudanças nas resoluções temporal e espacial, a quantidade de informações passou a ser muito maior. “Os satélites anteriores nos forneciam imagens correspondentes às regiões do visível e do infravermelho. Agora, além disso, passamos a receber produtos diferenciados como quantidade de precipitação na época das chuvas; correntes de convecção, que permitem estabelecer o deslocamento das massas de ar; índice de vegetação; picos de queimada; quantidade de particulados,  que corresponde à poeira disseminada na atmosfera na época das secas; e comportamento dos vulcões. E ainda dois dados novos: a detecção de raios a cada 20 segundos, antes realizada com equipamentos terrestres, e a recepção de imagens solares. Trata-se de um diferencial gigantesco que nos permitirá ampliar nossas parcerias não só com unidades de pesquisa da Unicamp como de outras instituições do Brasil e do exterior. Nossa expectativa é que daqui para frente pesquisadores possam, com as dados que teremos disponíveis, contribuir para o desenvolvimento científico”, explica Renata.

A Unicamp passa a ser a primeira universidade brasileira a receber imagens do GOES-16. A primeira antena foi instalada uma semana antes na defesa civil do Estado de Santa Catarina. Segundo Renata, “a antena possibilita receber diretamente os dados brutos enviados pelo satélite, e não os já previamente selecionados e disponibilizados pela Nasa, sem quaisquer custos adicionais além do valor do equipamento e de sua manutenção”.

O armazenamento desse grande volume de informação constitui um desafio. Para enfrentá-lo houve necessidade da aquisição de um storage, no valor de 500 mil reais, financiado pela Fapesp, que é um computador de alto desempenho destinado ao armazenamento de informações recebidas pelo Centro e que, depois, serão disponibilizadas aos interessados, esclarece Bruno.

 

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Antena, de duas toneladas, 4,5 m de diâmetro entrou em operação em novembro.

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