Ex-aluno da Unicamp, Gustavo Macedo, recolhe frutos de intercâmbio internacional

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O doutorando Gustavo Carlos Macedo foi distinguido pela Columbia University
O doutorando Gustavo Macedo próximo da Columbia University

Ter estudado na Unicamp e ter vivido experiências de intercâmbio fora do país foram um diferencial para a carreira acadêmica e profissional que se desenhou internacionalmente para Gustavo Carlos Macedo, ex-aluno de ciências sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Nos últimos dias, ele recebeu o título "Destaque acadêmico internacional" da Columbia University, uma das oito instituições de ensino superior dos Estados Unidos que compõe a prestigiosa Ivy League, com Harvard, Yale e Princeton. 

A distinção foi obtida a partir de uma seleção entre pesquisadores estrangeiros de todas as áreas do conhecimento que visitavam a Columbia naquele momento. Em Columbia, Gustavo Macedo é pesquisador visitante do Saltzman Institute of War and Peace Studies e integra a Columbia Global Policy Initiative (CGPI), ligada à reitoria daquela universidade. Recentemente, foi escolhido pelo International Students & Scholars Office de Columbia para apresentar uma palestra para a comunidade universitária, que lhe rendeu reconhecimento como International Scholar Spotlight. 

Gustavo foi para a Columbia com Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (Bepe) pela Universidade de São Paulo, como parte do seu doutorado. Passou a ser supervisionado pelo professor Michael Doyle, ex-assistente do secretário geral da ONU, Kofi Annan. Teve a oportunidade de integrar, na ONU, o projeto Atrocity Prevention & Responsability to Protect, uma parceria entre a Columbia e o Escritório das Nações Unidas para a Prevenção de Genocídio e Responsabilidade de Proteger, cujo intuito é comparar iniciativas de prevenção de atrocidades que foram implementadas ao redor do mundo.

O cientista político sublinha que o trabalho na ONU foi algo imprevisível. Foi levado para lá através de sua pesquisa, que se aprofundava em temas que também diziam respeito à organização e cujas implicações eram do interesse dela. “Essa trajetória envolveu preparo e sorte, e o caminho até aqui não foi linear. Ao contrário, foi permeado de contratempos e de derrotas. Mas tudo faz parte porque, quanto dá certo, vale muito a pena.”

A carreira de Gustavo teve início ao decidir cursar a universidade. Ele procurou levar em conta fatores como o curso de sua preferência, a grade curricular, o renome da instituição, a sua localização e a existência de programas de auxílio estudantil. Foi aprovado na Unicamp e nos vestibulares da USP, Unesp, UFSCar e PUC-SP. Escolheu a Unicamp, por ser um antigo sonho.

Gustavo, em 2014, em Nova Iorque, recebendo uma cópia autografada do livro de Michael Doyle, seu supervisor na Columbia University
Gustavo, em 2014, em Nova Iorque, recebendo uma cópia autografada do livro de Michael Doyle, seu supervisor na Columbia University
Gustavo em reunião em Nova Iorque com o embaixador do Brasil na ONU, ex-Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota
Gustavo em reunião em Nova Iorque com o embaixador do Brasil na ONU, ex-Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota

O começo, ressalta, não foi fácil. "Sair da casa dos seus pais pela primeira vez na vida, embora excitante, era assustador. Tive que trabalhar de dia e estudar à noite, pois a nossa condição financeira era frágil. No primeiro ano, trabalhei como office boy em um escritório em Barão Geraldo. No segundo ano, consegui uma bolsa-trabalho. Depois optei por realizar iniciação científica para desenvolver pesquisa de forma mais sistemática e obter uma fonte de renda. Fui bolsista do Pibic-CNPq e da Fapesp, tendo como orientador o professor Andrei Koerner, do Departamento de Ciência Política, uma pessoa exemplar." 

Gustavo revela que apenas conseguiu estudar em Campinas porque residiu na Moradia Estudantil da Unicamp. “Além disso, tive que fazer vários bicos em fim de semana para complementar a renda mensal, mesmo contando com ajuda de familiares e amigos, que ofereceram um teto, um trabalho ou que simplesmente me apoiaram.”


Amadurecimento
A Unicamp foi provavelmente o estágio fundamental da formação de Gustavo, local onde começou a dar os primeiros passos com vistas à futura carreira e a uma disciplina que se mostrou muito importante a posteriori. Sempre que podia, chegava à Universidade às 8 horas e saía às 22 horas. Ele conta que frequentou exaustivamente todos os tipos de ambiente e eventos. Formou-se em primeiro lugar com 130% dos créditos necessários e, se pudesse, teria feito muito mais.

Apesar de ser do IFCH, Gustavo frequentou aulas no Instituto de Artes (IA), Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Instituto de Economia (IE), Instituto de Geociências (IG) e Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc). Participou de palestras sobre biocombustível na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), trabalhou em pesquisa sobre sustentabilidade na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e conversou com professores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) sobre medicina social. Procurou trabalhar como voluntário junto aos pacientes do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp por três anos, como palhaço.

Gustavo, no Rio de Janeiro, em conferência no Centro de Operações de Paz do Brasil. Na mesa, Gustavo aparece com a professora Raquel Melo e com o general Floriano Peixoto
Gustavo em conferência no Centro de Operações de Paz do Brasil, ao lado da professora Raquel Melo e do general Floriano Peixoto

Por outro lado, não deixou de participar intensamente da vida universitária. Almoçava e jantava no restaurante universitário. Prestigiava as apresentações da Orquestra Sinfônica da Unicamp, assistia a filmes e a espetáculos de dança no IA, além das exibições de artes cênicas no Barracão do IA. Também gostava de participar das festas e da integração com outros estudantes. "Não conheci outra universidade no mundo onde isso tudo teria sido possível, ao menos não da maneira como vivenciei. Se isso tudo não influenciou decisivamente minha carreira, então não sei o que influenciou”.

Ele recorda uma passagem em que o atual reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, quando era pró-reitor de graduação, esteve em um evento no auditório da Biblioteca Central e se encontrou com alunos que acabavam de voltar de intercâmbios no exterior. Na ocasião, Gustavo esteve na University of London pelo Programa Santander de Mobilidade Internacional. "A fala dele nos incentivou a continuar percorrendo esse caminho. E isso me serviu de estímulo pessoal."

Gustavo foi pesquisador visitante no Institute of Latin American Studies da Columbia entre 2014-2015, foi representante da International Studies Association na ONU em Nova York entre 2014 e 2017 e em Genebra em 2017. E pesquisador visitante associado do Centre for International Policy Studies (CIPS) da University of Ottawa (Ottawa/Canadá) em 2017. Deve deixar a Columbia University no próximo mês de julho e concluir o seu doutorado.

Ele enfatiza que ter estudado em universidades de diferentes países mudou a sua vida e dá o "caminho das pedras". "Não se trata simplesmente de estudar conteúdos em outra língua ou de ter acesso a diferentes recursos daqueles disponíveis no Brasil. Trata-se igualmente de viver o choque cultural, a necessidade de recomeçar e questionar antigas verdades, aprendendo outras formas de ver o mundo. É ver e sentir aquilo que não somos capazes quando ficamos presos às verdades dos livros, da língua ou da comunidade.”

O ex-aluno da Unicamp acredita que falar outra língua é fundamental para acessar praticamente qualquer conhecimento formal ao redor do mundo. "Mas como se comunicar com um russo, um indiano, um chinês, um senegalês, um mexicano? Não dá para falar a língua de todos, contudo praticamente todos falam o inglês", frisa. ”Nova Iorque, no caso, pode ser uma cidade muito cara e estressante, principalmente se a viagem não for planejada com muita antecedência. Por isso, quem deseja ter uma experiência internacional em Columbia, por exemplo, é preciso falar com tantas pessoas quanto possível para obter informações sobre a cidade e a universidade antes de chegar lá. “Cada instituição possui suas especificidades: seus códigos, sua cultura, e a Columbia não é diferente."

Gustavo, em Porto Príncipe (Haiti), em 2017,  durante pesquisa de campo
Gustavo, em Porto Príncipe (Haiti), em 2017, durante pesquisa de campo
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Gustavo, em 2014, em Nova Iorque, recebendo uma cópia autografada do livro de Michael Doyle, seu supervisor na Columbia University

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