Financeirização é tema
de seminário do IE

10/11/2016 - 15:47

Especialistas brasileiros e estrangeiros estiveram reunidos nesta quinta-feira (10), no Instituto de Economia (IE) da Unicamp, para discutir diferentes aspectos relacionados à importância da financeirização no contexto do capitalismo contemporâneo. O evento, organizado pelo professor Giuliano Contento de Oliveira, diretor do Centro de Estudos de Relações Econômicas Internacionais (Ceri) do IE, reuniu um grande público, que lotou o auditório “Zeferino Vaz” do IE.

Na abertura dos trabalhos, o diretor do Instituto, professor Sérgio Fracalanza, destacou a importância do seminário, principalmente por reunir destacados intérpretes de temas vinculados ao capitalismo e à história. Já Giuliano Contento de Oliveira assinalou que o evento não era uma iniciativa exclusiva do IE, mas da Unicamp como um todo, dentro do esforço da Universidade de estreitar o relacionamento com a sociedade, de se tornar cada vez mais internacionalizada e de qualificar as atividades de ensino e pesquisa.

A primeira mesa de debates foi constituída pelos professores José Carlos Braga (IE-Unicamp), Frederico Mazzucchelli (IE-Unicamp) e Robert Guttmann (Hofstra University- EUA). Os docentes fizeram uma abordagem teórica sobre diversos aspectos da financeirização.  A fala inicial coube a Braga, que tem dado ao longo dos últimos 30 anos contribuições importantes às reflexões sobre o tema.

De acordo com ele, o termo financeirização tem sido objeto de diferentes interpretações. “Entretanto, mais importante que se apegar a designações, é ir fundo nas argumentações sobre esse fenômeno. A meu juízo, a financeirização é um padrão sistêmico de riqueza. Por ser sistêmica, também é, em boa medida, um modo de ser do próprio capitalismo”, afirmou.

A partir de um dado momento, lembrou o docente do IE, o capitalismo se transformou num sistema econômico formado por grandes empresas, bancos e instituições financeiras. Em outras palavras, um sistema de grandes negócios que passou a determinar de forma estratégica a expansão da riqueza e do avanço tecnológico. “Isso traz implicações de várias ordens, como a agudização do conflito entre capital e trabalho”, exemplificou.

Dada à sua característica sistêmica, reforçou o economista, esse padrão de riqueza é muito difícil de ser combatido, uma vez que ele representa a própria essência do capitalismo. “Nesse sentido, pensando no Brasil e em Celso Furtado, torna-se igualmente muito difícil enfrentar o problema do subdesenvolvimento nas condições do capitalismo atual. Ou seja, temos um grande desafio pela frente. Por isso a importância deste seminário, que reúne destacados pensadores, que por sua vez ajudam a manter a nossa esperança”, declarou Braga.

No período da tarde, o evento ainda teria mais duas mesas de debates, que reuniria convidados como Jan Kregel, Luciano Coutinho, Simone de Deos, Luiz Gonzaga Belluzzo, Arturo Huerta e Ana Rosa Mendonça. Eles tratariam dos temas “Inflação e deflação de ativos na macroeconomia financeirizada” e “Instabilidade e crises no capitalismo financeirizado”.