Biblioteca Central recebe exposição
sobre expedição do Projeto Biotupé

21/10/2016 - 13:32

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Duarcides Ferreira Mariosa

Duarcides Ferreira Mariosa

Regiane Alcântara Bracchi

Regiane Alcântara Bracchi

Lindener Pareto Junior

Lindener Pareto Junior

Fábio Gallacci

Fábio Gallacci

Raquel Spessotto Okano

Raquel Spessotto Okano

Parte da exposição sobre o Biotupé

Parte da exposição sobre o Biotupé

Vídeo que compõe a exposição

Vídeo que compõe a exposição

A Biblioteca Central ‘Cesar Lattes’ (BCCL) da Unicamp inaugurou na quinta-feira, dia 20, a exposição fotográfica "Biotupé: vivências e convivências na Amazônia do Séc. XXI", com o registro da última expedição de pesquisadores de universidades de Campinas até a Floresta Amazônica. Realizada entre os dias 5 e 10 de julho de 2016, a expedição contou com a presença de estudantes do Instituto de Geociências (IG) e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, junto com alunos e professores da PUC Campinas, USP e Unesp, que ao longo de uma semana puderam conhecer a realidade social das comunidades moradoras da região.

O Projeto Biotupé é um grupo de pesquisas interinstitucional e multidisciplinar criado no final de 2001, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e que tem como objetivo o estudo do meio físico, da diversidade biológica e sociocultural da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, no estado do Amazonas. Além de conhecer o projeto, os participantes da expedição acabam contribuindo de diferentes formas no trabalho de campo das pesquisas realizadas na região.

A exposição apresenta ao público quatro eixos de discussão relacionados à expedição, por meio de fotos, relatos e contextualização histórica e social, retratando o contato dos pesquisadores com a fauna, flora e com a vida cotidiana das comunidades na região do Rio Negro.

Membros da expedição de 2016

Vinculado ao projeto desde 2007 e organizador dessa expedição, o professor Duarcides Ferreira Mariosa, do curso de Ciências Sociais da PUC Campinas, conta que o trabalho do Biotupé envolve o desenvolvimento de atividades ligadas À área biológica e também com as comunidades locais, envolvendo projetos de geração de renda, educação e saúde, de acordo com o perfil dos pesquisadores envolvidos em cada momento. “As atividades são divididas em duas partes, uma primeira teórica vinculada ao programa de pós-graduação do INPA, e uma segunda parte que envolve uma pesquisa de campo, com um estudo de uma situação especifica, que conta com a participação dos alunos que vão até as casas, entrevistam moradores e analisam situações de risco e saúde", detalha Duarcides.

O curador da exposição, Lindener Pareto Junior, professor do curso de história da PUC Campinas, conta que pretendeu ajudar a construir um relato da expedição, a partir de referências teóricas relacionadas à formação geológica da região, o homem como agente biológico e transformador da paisagem natural, tipos e mitos das comunidades indígenas moradoras da reserva. “De alguma maneira esse tipo de viagem e projeto ainda lembram muito que o Brasil sempre foi explorando os rincões e os sertões. Não à toa que vários de nossos grandes literatos visitaram a região, como Euclides da Cunha e Mário de Andrade”, explica o professor Lindener.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé depende do Rio Negro

Choque cultural
Os participantes do projeto que foram ao trabalho de campo pela primeira vez costumam ter um choque cultural ao terem contato pela primeira vez com a realidade das comunidades locais da reserva. “Quando pensamos numa comunidade no fundo da Amazônia, sem energia elétrica nem agua encanad, você pode achar que eles vivem na total penúria. E os estudantes chegam com um imaginário achando que ajudar levando conhecimento e alguma forma de civilização. Só que ao chegar lá eles têm um impacto grande ao perceber que eles não precisam de muito para viver”, relata Duarcides Mariosa. “A simplicidade com que as comunidades vivem e como podem ter suas necessidades básicas atendidas não depende de volume de recursos que achamos. Você consegue ter uma vida digna sem ser miserável nem passar necessidade mantendo dialogo com a natureza”.

O contato com outras culturas e a oportunidade de aprimorar sua formação acadêmica também foram desafios citados pela estudante Raquel Spessotto Okano, do primeiro ano de Ciências Sociais da Unicamp. “Ficamos cinco dias num barco, e eu nunca havia entrado em um. Lá não existe ruas, somente o rio e ele está sempre em movimento. A temporalidade também é outra”, relembra Raquel. “Outro choque que tive foi com as tribos indígenas, e o contato com cada uma foi muito especifico. Uma das tribos usava trajes tradicionais e outra já usavam shorts e camisetas. Isso levantou uma série de questões sobre a identidade indígena hoje em dia”. Raquel avalia que essa experiência será fundamental para a sua formação e suas pesquisas na área de ciências sociais.

Presente na última viagem, o repórter Fábio Gallacci, do jornal Correio Popular, foi o primeiro jornalista a acompanhar a expedição de Campinas até a Reserva do Tupé e participa da mostra com fotos e textos. "Quando eu conheci o projeto fiquei sabendo que nunca havia tido divulgação na imprensa. Acabei sendo o primeiro a acompanhar e produzir material para um veículo de comunicação. E foi muito gratificante a descoberta do projeto e a oportunidade de ir para outro mundo”. Fábio também lembra que as angústias, adversidades e desafios que a população da Floresta Amazônica tem são muito parecidos com os de outras regiões do Brasil, e a luta pela sobrevivência esparra em problemas como o desemprego e os conflitos pela terra. Já a troca de experiências culturais e as pesquisas desenvolvidas na região acabam sendo muito benéficas para toda a população do país. “Muito do que é estudando na Reserva do Tupé está sendo aplicado aqui em Campinas, como o trabalho de mapeamento de populações vulneráveis à dengue. Para combater o aedes aegypti aqui na região teve como base um estudo lá do Amazonas”. 

Espaço de exposições da Biblioteca Central

Novo espaço da Biblioteca
A mostra sobre o Projeto Biotupé está exposta no novo espaço da Biblioteca Central ‘Cesar Lattes’ destinado a exposições no hall de entrada do prédio. Presente no lançamento da exposição, a coordenadora do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU), Regiane Alcântara Bracchi, destaca que esse tipo de exposição é fundamental para complementar os trabalhos desenvolvidos pelas bibliotecas da universidade. “Há um movimento mundial para que as bibliotecas assumam novas competências, e podem estar relacionadas ao convívio e as experiências que esses espaços possam proporcionar”, diz Regiane. "Quando pensamos na reformulação desse espaço ele foi projetado para ser voltado para autógrafos, conversas com autores, reflexão sobre temas da atualidade e exposições de projetos desenvolvidos na universidade". Uma agenda anual está sendo elaborada com exposições e atividades artísticas que ocuparão o espaço da biblioteca.

Saiba mais
A exposição "Biotupé: vivências e convivências na Amazônia do Séc. XXI " fica até 25 de novembro no saguão de entrada da BCCL, durante o horário de funcionamento da unidade, das 7h30 às 22h45. Mais informações pelo e-mail viagemaoprojetobiotupe@gmail.com ou pelo site do projeto.

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