Tadeu Jorge defende prioridade
à educação infantil, em Limeira

31/08/2016 - 16:30

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Tadeu Jorge dá exemplo da Coreia em educação

Tadeu Jorge dá exemplo da Coreia em educação

Mesa de abertura de mais um Colóquio Ano 50

Mesa de abertura de mais um Colóquio Ano 50

Público foi de professores da rede de Limeira

Público foi de professores da rede de Limeira

“Temos que começar a consertar o sistema educacional do Brasil a partir da educação infantil”, defendeu o reitor José Tadeu Jorge em colóquio organizado pela Unicamp para professores da rede de ensino de Limeira, na manhã desta quarta-feira. O reitor falou sobre “Sistema Educacional Brasileiro: avanços, deficiências e desafios inadiáveis”, no âmbito da série Colóquios Unicamp Ano 50, a convite da Secretaria de Educação daquele município. 

Tadeu Jorge afirmou ser consenso que a educação brasileira deixa a desejar e requer ajustes imediatos visando a sua qualificação, mas que para definir as necessidades é indispensável compreender o funcionamento e as características do nosso sistema educacional. “Se há um consenso no país é de que a educação é ruim, com grandes problemas que precisam ser resolvidos o quanto antes. Minha intenção é estimular uma reflexão sobre a educação brasileira.” 

Na opinião do reitor da Unicamp, o que está na origem de muitos problemas na educação é a falta de compreensão do conceito de sistema educacional. “O sistema possui uma série de etapas, uma seguida da outra e com uma característica importante: a etapa seguinte sempre depende da etapa anterior. O sistema começa na educação infantil (creche e pré-escola), que fornece os conceitos e valores para o ensino fundamental, que constrói os alicerces para ancorar o ensino médio, que define os valores a serem desenvolvidos no ensino superior, que dá base à pós-graduação e à educação continuada.” 

Compreender a educação como um sistema é fundamental, considera Tadeu Jorge, porque havendo falhas em uma etapa, elas dificilmente serão corrigidas nas etapas seguintes. “Temos carências sociais importantes, mas o que fazer? Se procuramos melhorar o acesso à universidade, tentamos resolver o problema pelo oitavo andar, quando o alicerce sequer foi construído; desotimizamos o funcionamento do sistema, sendo mais oneroso tanto no aspecto financeiro como de esforços. Se o Brasil entendesse o processo educacional como um sistema, resolveria os problemas etapa por etapa, a partir da inicial.” 

Para esclarecer a natureza sistêmica da educação, Tadeu Jorge analisou cada etapa e apresentou os principais indicadores em educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e técnico, ensino superior e pós-graduação. Mostrou, por exemplo, que o número de crianças atendidas em creches cresceu 114% na década de 2004 a 2014, pedindo, entretanto, um olhar atento às estatísticas. “O número mais do que dobrou, mas não é grande coisa do ponto de vista estatístico, pois é fácil dobrar quando se tem pouco. Agora são atendidas 24% das crianças necessitadas de creches, ou seja, eram menos de 12%; precisamos dobrar mais duas vezes.” 

Ao final do colóquio, o reitor da Unicamp deu o exemplo da Coreia do Sul, que há poucas décadas tinha indicadores sociais muito piores que do Brasil, e hoje são significativamente melhores. “Qual foi o milagre? Foi a educação. A Coreia, identificadas as falhas no sistema educacional, decidiu simplesmente esquecer uma geração: começou investindo tudo na educação infantil e, quem já havia passado por ela, não era prioridade; conforme esta primeira geração foi subindo, consertou-se o ensino fundamental, médio, superior... Jamais teríamos a frieza dos asiáticos, mas precisamos priorizar uma solução desta natureza, investindo fortemente na educação infantil, mais do que nas outras.”