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22/08/2016 - 10:57

UNICAMP 50 ANOS

Trajetória de sucesso e desafios

ALVARO PENTEADO CRÓSTA

Ao completar 50 anos, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) atinge um marco em sua história que remete a reflexões sobre suas contribuições enquanto instituição pública de ensino superior. O projeto idealizado por seu fundador, Prof. Zeferino Vaz, se mostrou à frente do seu tempo. Esse projeto contemplou uma instituição dinâmica, que vem formando gerações de profissionais segundo os mais elevados requisitos de qualidade no ensino, em sintonia com as necessidades e demandas da sociedade contemporânea. Para isso, ele recrutou os melhores talentos da época, uma característica que permanece até o presente nos processos altamente seletivos para os novos docentes e funcionários da instituição. Assim, a Unicamp formou, em cinco décadas, mas de 65 mil jovens profissionais em seus cursos de graduação.

Complementando a formação na graduação, o projeto contemplou também a implantação de cursos de pós-graduação voltados à formação de novos docentes e pesquisadores. Para que essas atividades de formação pudessem ocorrer em níveis de excelência, foram implantadas simultaneamente as atividades de pesquisa, voltadas à geração de novos conhecimentos nas várias áreas, incluindo as ciências biomédicas, humanas, exatas e tecnológicas. Esses cursos formaram, ao longo desse período, cerca de 28 mil mestres e 17 mil doutores.

A forte sinergia entre ensino e pesquisa marca a história da Unicamp desde o seu início. Esta é uma de suas características mais significativas, levando-a se destacar no panorama das instituições acadêmicas nacionais e internacionais. Mas, como toda instituição acadêmica de ponta, é importante também fazer com que os resultados das atividades de ensino e na pesquisa possam chegar de forma direta e rápida à sociedade. Disso decorrem as ações de interação com a sociedade, por meio da extensão acadêmica em seus mais variados aspectos, como parcerias com órgãos governamentais e comunitários para a formulação de políticas públicas, o atendimento à Saúde, por meio do conjunto médicohospitalar ligado à Área da Saúde da Unicamp, e pelas iniciativas na área de inovação tecnológica e empreendedorismo, estas últimas em colaboração estreita com o setor industrial.

A Unicamp é a universidade brasileira com o mais alto índice de cursos de pós-graduação avaliados pela Capes/MEC com os conceitos máximos. O destacado conjunto de docentes e pesquisadores por ela formados nessas cinco décadas vem contribuindo de maneira muito expressiva para o desenvolvimento científico e tecnológico, tanto no Brasil como também no exterior. Além disso, é notável o papel por eles desempenhado na formação e consolidação de outras instituições acadêmicas no pais e também para o desenvolvimento tecnológico da indústria. Essas talvez sejam as mais importantes contribuições da Unicamp ao país.

Seu corpo docente é composto quase que exclusivamente por doutores e cerca de 94% dele atua em tempo integral na universidade, o que fortalece as atividades de pesquisa. E, em termos de artigos científicos publicados em relação ao número de docentes, a produção da Unicamp é a mais alta entre as instituições acadêmicas brasileiras, com uma média anual acima de 2 artigos por docente, comparável às das melhores universidades do mundo. A Unicamp é ainda uma das instituições brasileiras com o maior número de patentes, tendo propiciado a criação, em seu entorno, de um dos mais dinâmicos ecossistemas de inovação tecnológica existentes no Brasil.

Por fim, e não menos relevante, a Unicamp, sendo financiada com recursos dos contribuintes paulistas, também cumpre o seu papel ao adotar políticas de inclusão social e étnica de forma a compatibilizar a excelência acadêmica com o resgate da dívida com grande parcela de nossa sociedade. É com grande orgulho que constatamos o expressivo aumento nos últimos anos de alunos que estudaram em escolas públicas entre os ingressantes no vestibular da Unicamp.

Há, contudo, muitos desafios a serem enfrentados para que a Unicamp possa, no futuro, se manter nesse papel de liderança e destaque. O mais importante deles é, sem dúvida, a questão do seu financiamento enquanto instituição pública de ensino superior. Não podemos esquecer que de 1995, ano que foi estabelecido o atual percentual de recursos do Tesouro do Estado recebidos pela Universidade, até 2015, a relação estudantes/docentes praticamente dobrou, passando de 9,3 para 18,3. Todos seus demais indicadores registraram crescimentos similares. Portanto, é absolutamente necessário, e urgente, que o Estado reconheça tal crescimento e ofereça sua contrapartida. Esse reconhecimento é, no nosso entender, fundamental para que a Unicamp continue a crescer e destacar-se ainda mais no cenário mundial.

Assim como em outras administrações, a presente reitoria não poupa esforços para que a Unicamp continue ocupando a posição de desta que alcançada ao longo destes 50 anos, preservando e ampliando o incomensurável patrimônio acadêmico acumulado. Para tanto, além do total apoio às atividades fins da universidade, temos apostado na escuta e participação ativa de toda a comunidade, propiciando um ambiente democrático, de livre pensar e aberto a todas as áreas do saber.

Alvaro Penteado Crósta é vice-reitor e coordenador geral da Unicamp
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(Artigo publicado no Correio Popular em 20/08/2016)