Histórias contadas em rodas de
bordado rendem livro e exposição

11/08/2016 - 14:59

Tereza Barreto e seu livro 'Milagres Bordados'

A arte-educadora Tereza Barreto lança seu livro Milagres Bordados na 1ª Exposição e Conversas Bordadas da Unicamp, que será aberta na segunda-feira (15) e vai até o dia 26 de agosto na Casa do Lago, promovida pela Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC). O livro publicado pela Editora Setembro conta as experiências de três anos da Oficina Bola da Felicidade, projeto criado pela autora no âmbito da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac). 

“O livro é uma espécie de diário de bordo, onde eu conto minhas experiências e de mais 28 pessoas que participaram das oficinas. Quando cheguei à CAC, propus que se pegasse um pé de meia usada, uma manta acrílica e ensinei doze pontos de bordado. Parecem simples bolas bordadas, mas elas contêm todo um simbolismo para quem borda”, explica Tereza Barreto. “Cada participante conta uma história de vida – na infância, na escola, com amigos – numa arte-terapia. Vi muita solidão, sofrimento, necessidade de acalanto e de conversa; e também alegria e receptividade, me sentindo muito abraçada. O livro é uma maneira de não deixar tudo isso passar apenas como notas de Facebook.” 

A autora acrescenta que a oficina tem como finalidade um “detox digital”, ou seja, a construção de uma abordagem motivacional através do bordado. “O processo de construção e bordado da bola simboliza a vida longe dos celulares e outros eletrônicos que nos sedam, ao mesmo tempo em que realizamos dinâmicas como exercícios respiratórios, alongamentos e partilhas das experiências de vida de cada um. Tudo acontece dentro de um espaço de música, meditação e contato direto com a natureza.” 

Tereza Barreto lembra que a oficina piloto, em setembro de 2013, tinha apenas três pessoas, mas cada uma delas trouxe mais duas, que foram trazendo outras e o conceito foi se disseminando, rendendo muitos convites. “Já realizamos mais de duzentas oficinas em dez estados brasileiros e quatro universidades (USP e as federais de São Carlos, Bahia e Espírito Santo). Na UFES criamos um projeto para trabalhar a questão da agressividade e violência em escolas da rede pública. Recebi convites para ir a Portugal e aos Estados Unidos. Já ganhei 23 passagens aéreas e me hospedei muito em ‘casa de estranho’, rompendo com a zona de conforto que é o campus da Unicamp.” 

Segundo a arte-educadora da CAC, já passaram pelo projeto aproximadamente 2.000 pessoas, sendo que muitos trabalhos que elas criaram estarão expostos da Casa do Lago. “Temos projetos como na área hospitalar, junto a mães que acompanham os filhos à espera de doação de órgãos, e também com pacientes da pediatria. Lá criamos uma árvore de Natal com 250 bolas bordadas que levaremos à exposição.”