A Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp comemorou nesta sexta-feira (8), na sala de defesa 3, a sua dissertação de mestrado de número 900. A unidade chegou a essa marca com a apresentação do trabalho “Degradação da doxiciclina por processos oxidativos avançados”, de autoria de Mylena Spina Cruz, orientado pelo professor José Roberto Guimarães. José Roberto, que também é coordenador do programa de pós-graduação em engenharia civil, salientou que “marcos como esses são importantes e que devem ser sempre festejados, pois apontam da onde a unidade saiu, para onde foi ou para onde vai em termos de pesquisa”. Em 2014, a FEC comemorou a milésima defesa na unidade. São 900 dissertações de mestrado e 208 teses de doutorado, totalizando 1.108 defesas. 

Esse programa de pós-graduação tem uma característica praticamente única no Brasil, segundo seu coordenador, que é o fato de ser multidisciplinar. “Temos alunos e professores também da engenharia ambiental, químicos, engenheiros mecânicos, biólogos, matemáticos, farmacêuticos, entre outros, passando por diversas interfaces. Esse curso chama muito a atenção por trazer muitas possibilidades de pesquisa e tem atraído muitos pós-graduandos, justamente graças a esse diferencial”, afirmou. 

O professor lembrou que vários tipos de conhecimento e de saberes na Universidade passam pela engenharia civil, que não é só construção civil. Ela faz interface com as áreas de saneamento, hidráulica, logística, construção, cálculos, geotécnica. “Todas elas são ligadas à parte ambiental. E sem dúvida alguma a nossa pós-graduação, desde o início, teve no curso de mestrado um foco nessa área ambiental”, lembrou José Roberto, há três anos e meio como coordenador, já cumprindo seu segundo mandato. "A meta do programa é melhorar o seu conceito e chegar à nota máxima. Temos tudo para chegar lá. Em termos de números de defesas no Brasil, só tem um programa de pós-graduação similar, que é o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul."
 

Pesquisa
A autora da dissertação 900, Mylena Spina, contou que poucos estudos no Brasil abordam os contaminantes no meio ambiente. Os contaminantes emergentes, como fármacos de uso veterinário, são considerados compostos persistentes e sua presença no meio ambiente pode contribuir para o desenvolvimento de bactérias resistentes, causando um desequilíbrio no meio aquático. Ela avaliou a eficiência dos processos de fotólise, peroxidação e peroxidação assistida por radiação UV (UV/H2O2) para a degradação da doxiciclina em meio aquoso.

Além da pesquisadora avaliar a degradação, foi necessário determinar a toxicidade e se o fármaco perdeu sua capacidade de inibir o crescimento de bactérias. Foram realizados ensaios de atividade antimicrobiana utilizando as bactérias Escherichia coli e Bacillus subtillis. A redução da atividade antimicrobiana foi diretamente proporcional ao aumento da degradação do fármaco, para ambas as bactérias avaliadas. Por meio do ensaio Microtox®, utilizando a bactéria marinha luminescente Vibrio fischeri, foi possível constatar que a toxicidade das soluções aumentou proporcionalmente com o aumento da degradação do fármaco. 

Mylena ficou surpresa pela notícia de sua tese inaugurar uma nova centena em rumo à dissertação número 1.000. "Fico feliz em saber que o que aqui produzimos pode contribuir para o desenvolvimento da Unicamp", frisou. "É preciso colocar em pauta questões que no Brasil não pouco discutidas, mas que afetam o meio ambiente."