Reitoria vai à Adunicamp
e dialoga com comunidade

25/06/2016 - 14:38

Tadeu Jorge responde perguntas na Adunicamp. Na mesa, Alvaro Crosta, coordenador-geral e Paulo Cesar Centoducatte, presidente da Adunicamp
O reitor e o coordenador-geral da Unicamp, professores José Tadeu Jorge e Alvaro Penteado Crósta, respectivamente, participaram na noite desta sexta-feira (24) de um debate na sede da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp). Os dirigentes aceitaram convite da entidade e se colocaram à disposição para esclarecer questões apresentadas pelos presentes, a maioria professores em greve. Ao longo de 2h30, foram abordados, entre outros, temas relacionados ao financiamento da Universidade, às negociações salariais e à paralisação dos estudantes, que há mais de 40 dias ocupam a Reitoria.

Na oportunidade, reitor e coordenador-geral afirmaram que a Administração Central mantém abertas as conversações com professores e funcionários em greve, mas salientaram que, no momento, não é possível avançar em relação às propostas econômicas. Tadeu Jorge e Alvaro Crósta explicaram que a crise econômica tem provocado quedas sucessivas na arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal fonte do orçamento da Universidade. “Vivemos uma situação inédita. Pelo terceiro ano consecutivo, a arrecadação do ICMS registra queda real, o que rebaixa consequentemente os recursos destinados às universidades estaduais paulistas”, explicou Tadeu Jorge.

Uma das consequências dessa redução orçamentária é que, nos seis meses de 2016, a Unicamp está comprometendo mais de 100% do seu orçamento com o pagamento de salários. “Estamos em 102%, e tudo indica que essa tendência permanecerá até o final do ano. O Cruesp [Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas] reconhece que 3% de reajuste salarial não cobre todas as perdas, mas infelizmente não é possível ir além desse índice no momento, simplesmente porque as instituições não dispõem de recursos”, afirmou Tadeu Jorge. Segundo ele, existe o compromisso dos reitores de negociar a reposição das perdas assim que a situação financeira das universidades se normalizar.

Debate na Adunicamp
O processo de isonomia salarial dos servidores da Unicamp, conforme o reitor, não foi concluído pelo mesmo motivo. “O valor do vale-alimentação também não foi reajustado por causa da falta de recursos. A Reitoria está aberta a negociações com professores e servidores, mas é preciso deixar claro que, por ora, não será possível avançar em relação a reivindicações que causem impacto significativo ao orçamento”, ratificou.

Alvaro Crósta afirmou ao público, composto também por funcionários e estudantes, que o contingenciamento de recursos decidido pela Unicamp não representa um corte, mas sim uma adequação dos programas e projetos aos recursos disponíveis. “Nós trabalhamos com um orçamento futuro, ou seja, com uma expectativa de recursos. Quando essa projeção não é alcançada, temos que ajustar as despesas à realidade das receitas”.

O reitor disse aos presentes que, desde que os estudantes ocuparam a reitoria, foram realizadas seis reuniões entre os representantes dos manifestantes e uma comissão de negociação constituída pela Reitoria. “As negociações evoluíram muito em relação às 11 reivindicações apresentadas. Infelizmente, os estudantes decidiram, em assembleia, rejeitar nossa última proposta. Diante dessa posição, a Reitoria entendeu que não há mais como avançar”.

Sobre o pedido de reintegração de posse da Reitoria, feito pela Universidade à Justiça, Tadeu Jorge esclareceu que a legislação impõe a medida ao gestor público nesse tipo de circunstância. “A Justiça nos concedeu liminar e pediu informações sobre o andamento das negociações com os estudantes. Nós juntamos a documentação e relatamos todos os acontecimentos ao juiz responsável pelo caso, que tomará a decisão que considerar cabível”.

Tadeu Jorge lamentou que algumas manifestações de grupos minoritários de estudantes tenham causado constrangimento e intimidação àqueles que querem seguir com suas atividades na Universidade. “A Unicamp tomará as medidas cabíveis em relação aos excessos cometidos”, informou. A respeito do calendário acadêmico, o reitor considerou que só será possível negociar reposições de aula ao final das greves. “Não adianta definirmos reposições com base no dia de hoje, se a paralisação continuar por mais alguns dias”, ponderou.

Também estiveram presentes ao debate os pró-reitores Gláucia Pastore (Pesquisa), Rachel Meneguello (Pós-Graduação), Luis Alberto Magna (Graduação), João Frederico da Costa Azevedo Meyer (Extensão), o chefe de gabinete Paulo Cesar Montagner e o chefe de gabinete adjunto, Osvaldir Pereira Taranto.Debate na Adunicamp