Especialista defende uso integrado de
dados para avaliação de ensino superior

21/06/2016 - 12:01

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Marcelo Knobel e José Francisco Soares

Marcelo Knobel e José Francisco Soares

Público durante o evento

Público durante o evento

Abertura do Fórum Permanente

Abertura do Fórum Permanente

Professor Renato Pedrosa

Professor Renato Pedrosa

"A avaliação do ensino superior é particularmente importante, é obrigatória e é fundamental que exista, mas que seja bem-feita. Ocorre que, da forma como a avaliação é feita, os resultados acabam sendo sintetizados em indicadores e isso, por sua vez, traz enormes dificuldades. É preciso buscar um consenso", defendeu o professor José Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele participou do Fórum Permanente de Políticas Públicas e Cidadania: Expansão do Ensino Superior no Brasil na última década: Conquistas, Limites e Desafios. Em sua palestra, nesta terça-feira (21), no auditório do Centro de Convenções da Unicamp, José Francisco Soares abordou os indicadores de qualidade na educação superior. A palestra foi moderada pelo professor Marcelo Knobel, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW). 

O evento foi organizado conjuntamente pelo Laboratório de Estudos sobre Ensino Superior (LEES) e pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas de Políticas Públicas (NEPP), promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU). Foi aberto pelo professor Orlando Fontes Lima Junior, assessor da Cordenadoria Geral da Unicamp (CGU); e pela professora da Faculdade de Educação (FE) Helena Sampaio, uma das organizadoras do evento.

Segundo José Francisco, o problema na educação superior é mais complexo que na educação básica e produz impactos nos sistemas. “Defendo o uso integrado de dados obtidos através de metodologias quantitativa e qualitativa, em geral tratados como opostos, e a relevância desse procedimento para a compreensão dos resultados gerais”, pontuou. “Acontece que a ideia de resultados soa estranha ao professor. Isso porque o discurso das faculdades sempre foi centrado nesse profissional. Agora, as avaliações reforçam o conceito de que o aluno é o mais importante e é dele o direito de aprender.”

A lei do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) coloca a avaliação de uma maneira central, informou o palestrante, "mas infelizmente fazemos isso de uma forma técnica e precária. Precisamos, na avaliação do ensino superior, fazer mais ciência." José Francisco também realçou que o país precisa definir conceitos e relações para saber como agir no momento da avaliação. Tem mais: "as escolas devem ser avaliadas segundo os resultados de todos seus alunos. Esperamos uma escola com visão de valores, e não que viva basicamente de selecionar os melhores. Além disso, a avaliação precisa se tornar pedagogicamente mais relevante para a escola".  

José Francisco é referência na área de pesquisa e avaliação de sistemas educacionais. Graduou-se em Matemática pela Universidade Federal Minas Gerais (UFMG), onde atualmente é professor titular. É membro do Conselho Técnico Científico do IBGE e preside a Associação Brasileira de Avaliação Educacional. Presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao MEC, responsável pela realização de estudos, pesquisa e avaliações do sistema de ensino nacional, que subsidiam as políticas públicas para a área educacional.

Panorama
Ao fornecer o pano-de-fundo para as discussões do Fórum, o professor Renato Pedrosa, do LEES e um dos organizadores do Fórum, ressaltou que, a partir de 1990, houve no país um percurso de mudanças significativas em razão de transformações econômicas e institucionais, as quais ajudaram a impactar fortemente a pós-graduação e a pesquisa de qualidade. Foram transformações estruturais e um maior equilíbrio dos setores que participam do ensino superior. "Finanças e avaliação tornaram-se dois grandes pilares nessa última década, sendo a avaliação a mais relevante. Por isso, nosso laboratório pretende se debruçar mais ainda sobre esse processo. Temos à disposição dados de boa qualidade. Temos um sistema de censo educacional que nem países industrializados têm. Então vejo que, no Brasil, a educação superior está propícia a crescer mais ainda", assinalou.