Pesquisadores discutem políticas de
inovação de Brasil e EUA em setores maduros

17/06/2016 - 13:33

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Julio Hadler, André Furtado e Bill Bonvillian na mesa de abertura do Fórum

Julio Hadler, André Furtado e Bill Bonvillian na mesa de abertura do Fórum

Julio Cesar Hadler Neto, coordenador do Penses

Julio Cesar Hadler Neto, coordenador do Penses

Bill Bonvillian, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)

Bill Bonvillian, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)

Nicholas Vonortas, professor da Universidade George Washington

Nicholas Vonortas, professor da Universidade George Washington

André Furtado, professor do Instituto de Geociências da Unicamp

André Furtado, professor do Instituto de Geociências da Unicamp

Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

Público acompanha mesa de abertura do Fórum

Público acompanha mesa de abertura do Fórum

Especialistas brasileiros e norte-americanos estiveram reunidos nesta sexta-feira (17), no Centro de Convenções da Unicamp, para refletir sobre políticas de inovação voltadas para setores tradicionais da economia durante o Fórum Políticas de Inovação em Setores Maduros - uma visão comparativa entre Estados Unidos e Brasil. O professor norte-americano Bill Bonvillian, diretor do escritório de Washington D.C. do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), fez um diagnóstico sobre as resistências que os setores maduros enfrentam para adotar tecnologias disruptivas em seus ambientes de inovação. Bonvillian foi o responsável pela palestra “Technological Innovation in Legacy Sectors”, mesmo título de seu livro, lançado em 2015, em parceria com Charles Weiss, da Universidade de Georgetown.

“Os setores maduros representam a maior parte da economia dos EUA. Mas eles resistem à inovação até que ela se encaixe no seu paradigma social, político, econômico e tecnológico”, defendeu Bonvillian, que antes de assumir a direção do escritório do MIT foi consultor do Senado dos EUA durante 17 anos para políticas de ciência, tecnologia e inovação.

Segundo o pesquisador do MIT, nos EUA os chamados setores maduros representam cerca de dois terços do Produto Interno Bruto (PIB). Entre eles estão setores como energia, serviços de saúde, construção civil, mineração, setor financeiro, administração pública e grande parte da indústria. No Brasil, esses setores ocupam um espaço ainda maior da economia, sendo que a participação da alta tecnologia – principalmente das indústrias farmacêutica, eletrônica e de aeronaves – se limita a apenas 6% do valor adicionado da indústria de transformação.

O economista Nicholas Vonortas, professor da Universidade George Washington, explicou que há um senso de inércia nas grandes empresas que as impede de investir em inovações disruptivas, citando o caso do setor automobilístico norte-americano. A General Motors já havia desenvolvido o carro elétrico há décadas, mas postergou o lançamento do modelo até que uma empresa de pequeno porte, como a Tesla Motors, apresentasse o primeiro veículo do gênero para os consumidores, exemplificou. A saída, segundo o economista, é o desenvolvimento de políticas de inovação que modifiquem essa posição conservadora dos setores consolidados.

O docente da Universidade George Washington é pesquisador titular do projeto Innovation Systems, Strategies and Policy (InSySPo), vinculado ao programa São Paulo Excellence Chair (SPEC). O projeto InSySPo é uma iniciativa do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), previsto para ter duração de 2014 a 2019.

Para o economista André Tosi Furtado, docente do DPCT/IG da Unicamp, o Brasil dispõe de um grande escopo de políticas de inovação, resultado de iniciativas criadas a partir do final dos anos 1990 para estimular a inovação desses setores maduros. Furtado lembrou também do envolvimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos três anos para promover o investimento em inovação de setores como de biocombustíveis, o que demonstra uma grande preocupação com os setores maduros por parte do governo, apesar de limitações dessas políticas. “Estamos perdendo algumas oportunidades, e trazer a experiência norte-americana neste momento é muito instrutivo.”

O Fórum Políticas de Inovação em Setores Maduros - uma visão comparativa entre Estados Unidos e Brasil contou também com a participação do cientista social Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) desde 2011 e professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp. O evento foi uma realização do Fórum Pensamento Estratégico (Penses), com o apoio do DPCT/IG da Unicamp. O Penses é um espaço acadêmico vinculado ao Gabinete do Reitor responsável por promover discussões que contribuam para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da sociedade em todos seus aspectos.

Público acompanha palestra do Fórum