Reitor relembra os 50 anos
de engenharia de alimentos

04/05/2016 - 15:27

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Antonio José Meirelles abre o evento na FEA

Antonio José Meirelles abre o evento na FEA

Tadeu Jorge: o conceito tupiniquim de Tosello

Tadeu Jorge: o conceito tupiniquim de Tosello

Atentos à história da engenharia de alimentos

Atentos à história da engenharia de alimentos

O reitor José Tadeu Jorge concedeu a palestra de abertura do evento “50 Anos de Engenharia de Alimentos: sua história e seu futuro”, realizado na manhã desta quarta-feira no salão nobre da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA). O professor Antonio José Almeida Meirelles, diretor da FEA, associou o evento às comemorações do cinquentenário da própria Unicamp. “A pedra fundamental do campus foi lançada em outubro de 1966 e, mais para o final daquele ano, o Conselho Estadual de Educação criou o curso de engenharia de alimentos, o primeiro do Brasil e da América Latina. Surgia assim um novo profissional no país.”  Vídeo

Tadeu Jorge, que também é engenheiro de alimentos, lembrou como se deu a criação do curso e a sua consolidação e disseminação por dezenas de instituições brasileiras, antevendo um futuro promissor para a profissão. Segundo o reitor, a origem da engenharia de alimentos está na criação do ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), em 1962, resultante do desmembramento de uma seção do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), sob a articulação do professor André Tosello. “O curso inicia-se nas instalações do Ital. O professor Tosello é o criador da engenharia de alimentos, que nasce com o nome de engenharia tecnológica de alimentos.” 

Tadeu Jorge atribui o sucesso da profissão a um novo conceito adotado por seu criador, que não viu possibilidade de se implantar no Brasil o mesmo modelo para a área de alimentos que observou nas universidades americanas e europeias, onde já havia uma especialização na graduação. “Havia o profissional mais voltado à área engenharia, o tecnólogo tratando mais do chão de fábrica e o cientista com a concepção de ciências básicas. A indústria brasileira, nos anos 70, não teria condições econômicas para ter três profissionais atuando em conjunto. O conceito pensado por Tosello foi tupiniquim: juntar os três num só. Pegou as grandes curriculares dos cursos e concebeu o engenheiro tecnológico de alimentos.” 

Outro elemento fundamental para o sucesso do novo profissional, apontada pelo reitor, está na concepção adotada pela Unicamp desde seus primórdios, que é a sustentação do paradigma “ensino, pesquisa e relações com a sociedade”. “A formação de alunos qualificados e preparados para o exercício da profissão é uma concepção mais que atual e para o futuro das universidades do mundo inteiro. Isso exige duas vertentes adicionais ao ensino: a pesquisa, que nos coloca na ponta do conhecimento, que está sendo transmitido aos estudantes e que faz com que eles sejam inseridos no mercado; e o relacionamento com a sociedade, por colocar no ambiente universitário as demandas de todos os segmentos.” 

Na opinião de Tadeu Jorge, a combinação tupiniquim e esta concepção de universidade contribuíram para o enfrentamento dos problemas iniciais na implantação do curso de engenharia de alimentos, a começar pela identidade profissional. “O profissional só vai aparecer quatro anos depois. Foram muitas ações para divulgar a profissão, através de cartas a empresários e órgãos públicos, bem como de gestões junto a deputados e senadores por leis de regulamentação. E começava a disputa pelo mercado, pois havia agrônomos, médicos veterinários, químicos, farmacêuticos ocupando o espaço que não era da especialidade deles.” 

Hoje existem mais de 70 cursos de engenharia de alimentos no país, sendo que Tadeu Jorge tem expectativas positivas para os futuros profissionais, por conta do potencial da agricultura e da indústria de alimentos. “Temos um potencial de área agriculturável de 90 milhões de hectares, que permite triplicar a produção, mesmo com a expansão da cana para produção de etanol, que foi compensada com o crescimento da fronteira agrícola. E não há como deixar de ter industrialização de alimentos: a média que era de duas horas e meia para preparar a almoço, hoje, com os alimentos pré-preparados, caiu para quinze minutos.” 

Mesa-redonda 

A mesa-redonda do evento “50 anos de Engenharia de Alimentos: sua história e seu futuro” teve a participação de mais três palestrantes, todos graduados ou pós-graduados pela FEA da Unicamp: Paulo José do Amaral Sobral, diretor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA-USP), que falou sobre “Novos Paradigmas na Engenharia de Alimentos”; João Borges Laurindo, UFSC, que tratou do tema “Engenharia de Alimentos: tendências e desafios”; e Daniel Gonzaga, diretor da Natura Inovação, discorrendo sobre “Inovação na Engenharia de Alimentos”.