Fórum Permanente: a luta
por escola pública em Goiás

04/05/2016 - 11:18

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O professor Lalo Watanabe Minto, organização

O professor Lalo Watanabe Minto, organização

A professora Miriam Fábia, da UFG

A professora Miriam Fábia, da UFG

Debates foram sobre escola pública em Goiás e SP

Debates foram sobre escola pública em Goiás e SP

Público no Fórum Desafios do Magistério

Público no Fórum Desafios do Magistério

“A defesa da escola pública está cada vez mais difícil. Temos uma série de enfrentamentos e é preciso localizar o debate do reordenamento”, afirmou Miriam Fábia Alves, docente da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Fórum Permanente Educação e Desafios do Magistério realizado no Centro de Convenções da Unicamp. No evento, organizado nesta quarta-feira (4) pela Faculdade de Educação (FE) e promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), Miriam Fábia abordou criticamente a política educacional e suas implicações nas lutas por educação pública, falando especificamente sobre o caso de Goiás. 

Segundo a docente, o diálogo inexiste com o seu Estado, que acusa os professores de não terem gestão. Esse 'diálogo', a seu ver, parece ser uma 'caixa preta'. Também não se verificam mudanças significativas na rede. As regiões Norte e Sudeste de Goiás, essencialmente agrícolas, necessitam de escolas no campo, mas essas escolas estão acabando. Hoje, as crianças passam grande parte do seu tempo dentro do transporte escolar para estudar na escola da cidade. Na zona urbana, os prédios das escolas estaduais estão extremamente antigos, as escolas não passam por reformas, não há modernização dos recursos tecnológicos e existem hoje algumas iniciativas para militarizar muitas escolas.

A primeira escola em Goiás foi militarizada em 1999. Depois vieram outras. Em geral, elas ainda utilizam a estrutura da escola estadual. “Os gestores doutrinam os estudantes e falam que isso se trata de educação cidadã. O governo deu a escola para a polícia militar. Esse processo para mim foi um choque, visto que a escola tem o apoio de 64 militares armados”, contou. "Muitos pais gostam, pois entendem que os seus filhos estão seguros."

Miriam reconheceu que muitos Estados vivem essas situações e que é preciso ficar atento ao que está acontecendo. "Apesar do discurso do governo de Goiás ser de valorização da educação já há quatro gestões, eu diria que o ensino em Goiás é do 'não lugar'. Primeiro porque é uma política sistemática de desvalorização da escola e do público. Outro aspecto é que a rede está sucateada e há duas gestões fechou praticamente todos os laboratórios das escolas com a justificativa de que eles eram desnecessários, inclusive no ensino de Ciências." Na opinião da professora, a gestão democrática assume a via condutora para a garantia da escolarização obrigatória, gratuita, universalizada com a qualidade e a equidade defendidas por movimentos sociais e por educadores.

A abertura do Fórum Permanente teve a participação do professor Orlando Fontes Lima Júnior (assessor da CGU), da professora Dirce Zan (recém-empossada diretora da FE) e do professor Lalo Watanabe Minto (também da FE), da organização deste evento. O Fórum prossegue à tarde. Acompanhe a programação.