Benefícios do modelo de
geoparques para o desenvolvimento
econômico sustentável

05/04/2016 - 12:21

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Francisco Carlos Lahóz e Artur de Abreu e Sá

Francisco Carlos Lahóz e Artur de Abreu e Sá

Júlio Hadler, coordenador do Penses

Júlio Hadler, coordenador do Penses

José Alexandre Perinotto

José Alexandre Perinotto

Lindon Fonseca Matias

Lindon Fonseca Matias

Orlando Fontes, assessor da CGU

Orlando Fontes, assessor da CGU

Mesa de abertura do evento

Mesa de abertura do evento

Celso Dal Ré Carneiro

Celso Dal Ré Carneiro

Rosely Imbernon e Thais Guimarães

Rosely Imbernon e Thais Guimarães

Thais Guimarães

Thais Guimarães

Rosely Imbernon

Rosely Imbernon

Luciana Cordeiro Fernandes

Luciana Cordeiro Fernandes

Público acompanha o Fórum Geoparque

Público acompanha o Fórum Geoparque

O Brasil dispõe de um enorme potencial para a criação e disseminação do conceito de geoparque, que integra a exploração do turismo com a preservação ambiental e a valorização da cultura regional, mas conta atualmente com apenas um geoparque, no Estado do Ceará.  As vantagens desse modelo foram debatidas por especialistas brasileiros e estrangeiros reunidos no Fórum Geoparque: identidade geográfica, cultural e preservação ambiental, realizado nesta segunda-feira (4) na Unicamp.

Nas últimas décadas, a evolução tecnológica e a expansão da ocupação urbana dificultaram o contato da população com a natureza e, consequentemente, a compreensão dos elementos geográficos e geológicos. Essa foi uma das justificativas para projetos de implantação de geoparques apontadas pelos participantes do evento.

Os geoparques são áreas com significativos patrimônios geológicos que apresentam notável proteção, propiciando educação e desenvolvimento sustentável, mas ainda são pouco conhecidos pela população, apesar de já existirem 120 geoparques em 33 países. O Brasil conta apenas com o Geoparque Araripe, o primeiro das Américas e do hemisfério sul, reconhecido em 2006 pela Rede Global de Geoparques (GGN, na sigla em inglês), ligada à Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura).

Membros da comunidade científica se reuniram no Centro de Convenções da Unicamp para debater a importância dos geoparques para a proteção do patrimônio ambiental e cultural e suas experiências. O professor Francisco do Ó de Lima Júnior, vice-reitor da Universidade Regional do Cariri, abordou a trajetória de estabelecimento e manutenção do Geoparque Araripe, e o geólogo português Artur Agostinho de Abreu e Sá, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Utad), comparou as experiências mundiais, focando no Geoparque Arouca, iniciativa portuguesa que, entre 2008 e 2013, proporcionou uma receita de 34 milhões de euros para a região, com hotelaria, restaurantes, museus e demais atividades relacionadas ao turismo.

O professor da Utad enfatizou a relevância da implantação de geoparques dizendo que, para preservar o patrimônio geológico e ambiental, não adianta cercar uma área e proibir o acesso, porque “quando proibimos, estamos sonegando conhecimento, e uma comunidade sem conhecimento não cuida: destrói”.

Apesar de satisfeito com os resultados da primeira década da iniciativa cearense, Lima Júnior lamentou o fato de o Araripe ainda ser o único do Brasil, depois de tantos anos. “A concepção de geoparque visa à ideia de coletividade, de formação em rede; então, estar só não é bom“, ponderou o vice-reitor. Segundo ele, o objetivo é estimular a criação de outros geoparques, para que possa ser constituída uma rede sul-americana em curto prazo.

Luciana Cordeiro de Souza, professora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, uma das organizadoras do encontro, debateu a questão da legislação relacionada às áreas de preservação. Enquanto que para a criação de uma unidade de conservação ou de um parque público há a necessidade de um processo burocrático extenso, com a criação de leis, no caso dos geoparques isso não é exigido. “É preciso um trabalho forte, coeso e inteligente, que conduza a população a ser protagonista nesse processo de preservação”, declarou a docente, destacando que esse processo, entretanto, não pode ignorar a legislação ambiental vigente.

Outro tema abordado no Fórum foi a proposta de constituição de um geoparque na Bacia do Rio Corumbataí, na região de Rio Claro (SP), que já recebeu aprovação inicial da GGN para se tornar o primeiro do Estado. O engenheiro civil Francisco Carlos Castro Lahóz, secretário executivo do Consórcio PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), e o geólogo José Eduardo Zaine, docente da Unesp de Rio Claro, foram os responsáveis pela discussão a respeito da experiência paulista.

Educação e desenvolvimento
Um geoparque, além de representar um território com um patrimônio geológico singular e de grande importância, também pode significar uma estratégia de desenvolvimento sustentável, apontaram especialistas. Os participantes do Fórum classificaram a conservação dessas áreas como imprescindível para garantir o avanço das geociências e propagar o conhecimento sobre o passado do planeta.

De acordo com o professor Celso Dal Ré Carneiro, do Instituto de Geociências da Unicamp, a sociedade não tem consciência da importância dos materiais geológicos no seu cotidiano, sendo preciso investir mais na disseminação dos conhecimentos geológicos por meio da educação. Ele apresentou uma palestra sobre os “Geossítios dos parques naturais de Salto e Itu (SP): lições para preservação do Aquífero Guarani”, com destaque para o papel da divulgação científica. “A sociedade deve estar municiada do conhecimento, porque essa é a principal ferramenta, essa é a principal arma.”

O Fórum Geoparque: Identidade Geográfica, Cultural e Preservação Ambiental foi uma realização do Fórum Pensamento Estratégico (Penses), com o apoio da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) e do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp. O Penses é um espaço acadêmico, vinculado ao Gabinete do Reitor, responsável por promover discussões que contribuam para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da sociedade em todos seus aspectos.