Unesco certifica bailarinas com deficiência
em Congresso de Dança no CIS Guanabara

18/03/2016 - 07:47

Keyla, terceira da esquerda para a direita

As primeiras brasileiras com deficiência a receber a certificação do Conselho Internacional da Dança da Unesco são de Campinas. Aryane, 22 anos, é bailarina congênita. Emociona ao se entregar a canções como Carinhoso, de Pixinguinha, e o tema de A bela e a fera, ao lado do parceiro de dança Cássio. Aryane não se rendeu aos presságios preconceituosos para uma criança com síndrome de down, tornando-se uma grande bailarina. Rose e Cláudia são capazes de flutuar sobre rodas e fazer o público flutuar junto. Descobriram que a força de vontade e o talento podem fazer voar, rodopiar e encantar a retina de um espectador. As três têm em comum a dedicação à dança e, por isso, receberão o diploma de bailarinas certificadas pela Unesco em abril, no 43º Congresso Mundial de Pesquisa em Dança CID – Unesco  Brasil, no CIS Guanabara, em Campinas.

A responsável por isso? A bailarina Keyla Ferrari, da Companhia Humaniza, afilhada de Carlinhos de Jesus. A doutoranda da Faculdade de Educação Física da Unicamp começou a dar aulas para bailarinos cadeirantes em 2011, mas decidiu estender as benesses da dança para jovens com síndrome de down. As atividades acontecem em uma sala no Centro Cultural de Inclusão e Integração Social da Unicamp ­– CIS Guanabara. O objetivo de Keyla é promover a interação entre alunos com ou sem deficiência.

Em viagem à Grécia, no ano passado, foi nomeada presidente do Conselho Internacional de Dança (CID) da Unesco, cuja sede é em Campinas, onde também será lançada a Universidade Aberta, com foco em inclusão e integração.

A Companhia de Dança já participou de vários espetáculos e foi convidada pela Unesco para se apresentar em junho do ano que vem na Grécia. O número de bailarinos a se apresentar no país-sede da Unesco depende da captação de recursos e apoio que Keyla e o marido, Vicente Pironti, presidente da Agência Internacional de Desenvolvimento Humanitário (Humaniza), buscam no momento. “Todo apoio é bem-vindo, pois esta apresentação é muito importante tanto para os alunos quanto para a companhia”, registra a coreógrafa.

Coautora do livro Um encontro pela dança: trajetórias e conquistas, em parceria com Paulo Ferreira de Araujo e Rosangela Bernabe, Keyla conquistou não somente o público, mas também a imprensa local, como a EPTV Campinas, pela forma como conduz o trabalho com os dançarinos.

“O Centro de Dança Integrado (Cedai) foi montado por mim para trabalhar com dança e arte com pessoas com e sem deficiência, e em 2012 recebeu o prêmio Pela Arte se Inclui, da Secretaria de Cultura do Estado. Dali nasceu a Companhia de Dança”, afirma Keyla.

Sobre o congresso
As condições para submissões de trabalhos e participação como ouvintes no congresso estão disponíveis na página do evento. A participação, segundo Keyla, é aberta a todas as formas de dança: balé clássico, dança moderna, folclórica, salão, oriental, dança terapêutica, dança de projetos sociais, dança do ventre, dança recreativa, tango, entre outras.

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