Escola pública domina vestibular

12/02/2016 - 13:58

/
O reitor José Tadeu Jorge reafirmou o compromisso da Unicamp com inclusão e qualidade

O reitor José Tadeu Jorge reafirmou o compromisso da Unicamp com inclusão e qualidade

Alvaro Crósta, Luís Alberto Magna, o reitor Tadeu Jorge e Edmundo Capelas de Oliveira

Alvaro Crósta, Luís Alberto Magna, o reitor Tadeu Jorge e Edmundo Capelas de Oliveira

Neste ano, mais da metade (51,9%) dos estudantes aprovados no vestibular da Unicamp cursaram o ensino médio em escolas públicas. E, desses, 43% são autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI). Com esses números, a universidade supera as metas de inclusão social definidas pelo Conselho Universitário em 2013 e previstas para serem atingidas apenas no ano de 2017. O maior número até então era de 34% oriundos da escola pública.

O anúncio desses resultados do vestibular 2016 foi feito pelo reitor José Tadeu Jorge em entrevista coletiva que também contou com a participação do coordenador-geral da universidade, Alvaro Crósta; do pró-reitor de Graduação, Luís Alberto Magna; e do coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), Edmundo Capelas de Oliveira.

“O dia de hoje é uma data histórica, um marco para a Unicamp, um marco para as ações de inclusão das universidades públicas”, disse o reitor, descrevendo o resultado como um sucesso do Programa de Ações Afirmativas e Inclusão Social (PAAIS) da Universidade. O PAAIS não funciona como um sistema de cotas. Em vez disso, aplica uma bonificação em pontos no vestibular de candidatos egressos do ensino médio público ou que se autodeclaram PPIs.  

A meta definida em 2013 previa que, em 2017, 50% das matrículas na Unicamp seriam de candidatos vindos de escolas públicas do ensino médio e que, destes, 35% seriam estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. O número de 35% corresponde à proporção de PPIs na população paulista, segundo dados do IBGE.

“A Unicamp tem sempre demonstrado muita preocupação com essa questão de uma inclusão maior do ponto de vista social na universidade”, disse Tadeu. “O PAAIS existe desde 2004, e vem, com bastante cuidado, consolidando uma metodologia de acesso que pudesse contemplar a questão social. Ele surgiu porque a universidade queria criar uma alternativa à simples reserva de vagas, um sistema tradicional de cotas. E buscou-se, então, uma metodologia, estabelecendo-se essa de bonificação”.

A reforma mais recente do PAAIS, realizada no ano passado e aplicada no vestibular 2016, criou uma bonificação, até então inédita, para as provas da primeira fase, concedendo-se 60 pontos para estudantes do sistema público e mais 20 pontos para estudantes do sistema público autodeclarados PPIs. Já na segunda fase, as bonificações passaram a ser de 90 pontos para egressos do ensino médio público e de 30 pontos para egressos de escolas públicas autodeclarados PPIs.

Essa mudança nos bônus foi adotada com base numa série de simulações realizadas com base em dados estatísticos da Comvest.  “Como trabalhamos com bonificação, o programa é ajustável: podemos definir a bonificação de acordo com estudos e simulações que permitam fazer adequações para uma entrada mais significativa tanto de escola publica quanto de PPIs”, disse o reitor.

Cursos e qualidade

Tadeu destacou que as metas de inclusão foram atingidas ou superadas não só na média geral dos cursos da Unicamp, mas também nos cinco cursos de maior demanda, segundo a relação candidato/vaga do vestibular: Medicina, Arquitetura e Urbanismo, Midialogia, Ciências Biológicas e Engenharia Civil terão, todos, mais de 50% de calouros vindos do ensino público neste ano. Dos cinco, apenas Arquitetura e Urbanismo terá menos de 35% de PPIs, tendo atingido uma taxa de 26,9%.

O reitor afirmou que o PAAIs continuará a ser aperfeiçoado. “Uma questão a explorar: por que certos cursos recebem poucas inscrições de alunos provenientes de escola pública? Não conseguimos entender isso perfeitamente, ainda, então talvez tenhamos de estudar para identificar possíveis ações que possam ser feitas em questões desse tipo”, disse. “Alguns cursos têm baixa inscrição de candidatos provenientes do ensino médio público, ou baixa procura por parte de autodeclarados PPIs. E é uma coisa que a gente vê e se pergunta: por quê? Ainda não sabemos, mas a Unicamp encontrará uma resposta”.

O PAAIS, disse ainda o reitor, garante que a universidade continue selecionando os melhores estudantes para seus cursos. “A Unicamp se sente orgulhosa de fazer um processo de inclusão sem correr o menor risco de queda da qualidade dos alunos que estamos recebendo”, afirmou. “Esse é um mérito do PAAIS. É uma inclusão baseada na qualidade demonstrada pelos candidatos no vestibular. Não correremos riscos de que os estudantes não consigam, depois, acompanhar o conteúdo dos cursos que vão fazer. A grande vantagem, na nossa opinião, do PAAIS é essa”.

Como o programa foi iniciado em 2004, a universidade já tem dados do desempenho acadêmico dos estudantes selecionados pelo PAAIS ao longo de seus cursos. Tadeu disse que eles se saem tão bem, ou até melhor, que os alunos que ingressaram na Unicamp sem lançar mão do programa. “O desempenho, no início, era mais ou menos assim: aquele que entrava sem usar o programa tinha um aproveitamento um pouco melhor. No segundo semestre, quem tinha entrado sem usar o programa melhorava um pouco, já quem tinha usado o PAAIS melhorava bastante.  No terceiro semestre, as coisas já se igualavam, e aí o desempenho ia praticamente sem diferença até o fim. E em alguns cursos, ao final, o desempenho dos que entraram usando o programa era, significativamente, do ponto de vista estatístico, melhor do que os que tinham entrado sem o PAAIS”. 

Mais