O IFGW e o superelástico
que é destaque na Science

27/07/2015 - 15:46

Professor Douglas Galvão, do IFGW

A revista Science acaba de publicar artigo sobre um superplástico que pode ser esticado em até 30 vezes o seu comprimento original e aumentar em 200 vezes a sua condutividade, oferecendo um grande leque de aplicações na área de circuitos eletrônicos flexíveis, sendo a mais imediata em marca-passos. O trabalho coordenado pelo físico Ray Baughman, do Instituto Nanotech da Universidade do Texas em Dallas, tem a colaboração, faz cerca de 20 anos, do professor Douglas Soares Galvão e seu grupo do Laboratório de Sólidos Orgânicos e Novos Materiais, do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp. 

“É um estudo em colaboração com vários pesquisadores do mundo – americanos, brasileiros, coreanos, chineses – que partiu de uma ideia muito simples: envolver borracha elástica com florestas de nanotubos de carbono”, explica Douglas Galvão. “Trata-se de um material com propriedades completamente novas em relação ao que existe no mercado, mas possível de ser produzido dentro da nossa sala: o nanotubo de carbono é uma tecnologia razoavelmente desenvolvida e a borracha é conhecida tempos. E por se tratar de pouca quantidade, o custo é baixo.” 

Segundo o professor do IFGW, a ideia surgida agora, mas que poderia ter sido colocada em prática há muitos anos, foi esticar as fibras de borracha e recobri-las com os nanotubos de maneira especial. “Quando se estica e se solta, essas estruturas apresentam duas ordens de escala, uma maior e outra menor, movimento que é repetido várias vezes sem que o material se quebre – poder esticá-lo ou dobrá-lo sem que perca suas propriedades elétricas é um avanço para a eletrônica flexível. É um material ideal para produzir uma série de circuitos eletrônicos como marca-passos, braços robóticos e outros sensores.” 

Douglas Galvão acrescenta que a participação da Unicamp se deu através de seu aluno de doutorado Francisco Alírio Moura, que estava em Dallas com bolsa sanduíche. “Trabalhamos na modelagem para explicar porque o superplástico apresenta este comportamento. E ficamos satisfeitos porque, diante da complexidade do problema, conseguimos um modelo simples que explica o caminho da corrente elétrica pelo material. Para isso, combinamos técnicas de dinâmica molecular para modelos mais simples e depois recorremos ao ‘elemento finito’, técnica usada em engenharia. Este é o terceiro artigo na Science dentro deste projeto, sendo que o ano tem sido frutífero para o nosso grupo, que teve dois trabalhos publicados na Nature Communications e outros dois na Scientific Reports.”