Quando Juliane Silva ficou sabendo da oportunidade de passar três semanas de suas férias na Unicamp, foi direto falar com a diretora da escola. A aluna do nono ano da escola Floriano Peixoto, na Vila Orosimbo Maia, em Campinas, queria participar. Ela já tinha ouvido falar do programa Ciência & Arte nas Ferias, que acontece em janeiro, mas não tinha ideia que haveria, em julho, a primeira edição do Ciência & Arte no Inverno e justamente para estudantes do Ensino Fundamental.

O projeto piloto desenvolvido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação envolve a participação de 30 escolas, reunindo 90 alunos. Os estudantes foram selecionados por serem os mais assíduos e com boas notas. Juliane já era um deles. Ela e a colega de escola Vitória Lima Ricardo, alunas do período da tarde, agora precisam acordar cedo. “A gente está se dedicando, acordando cedo nas férias, mas está valendo a pena”, concordam.

Muitos estudantes até hoje nem sequer tinham pisado no campus da Universidade. Izabela Beraldo, da escola Ângela Cury Zakia, em Sousas, achou a Unicamp muito bem estruturada. A vontade dela é conhecer a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC). “Quero ver se é isso mesmo que vou querer fazer quando terminar o Ensino Médio."

Até 21 de julho os estudantes vão passar os dias na Unicamp, assistindo palestras e desenvolvendo trabalhos em várias unidades. Os professores que recebem os alunos são os mesmos docentes que já tem experiência com os grupos do Ciência & Arte nas Férias. “Vocês vão ser desafiados e vão aprender muita coisa. Serão dias intensos e, ao final, a ideia que vocês têm do cientista pode mudar”, avisou, na abertura, o coordenador do programa, Fernando Coelho.

No auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) os jovens foram recebidos para a cerimônia e a primeira atividade de julho, que foi a palestra “Compreendendo a natureza através do conhecimento científico”. O pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo Meyer fez menção aos rankings que colocam a Unicamp entre as melhores universidades do país e brincou com os estudantes: “É nóis."

Meyer sinalizou que as oportunidades de acesso à Unicamp são grandes para os estudantes das escolas públicas, que podem participar de programas como o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (PAAIS).

A pró-reitora de Pesquisa, Gláucia Pastore, falou da alegria em receber os estudantes e da importância de aproximá-los do ambiente universitário. “Esta visita vai abrir portas e janelas para vocês."

Alvaro Penteado Crósta, coordenador-geral da Unicamp, lembrou, ainda na abertura, da carência de museus, que são espaços onde se ensinam os fundamentos da ciência no Brasil. Ele acredita que o programa pode ajudar a suprir essa lacuna. Crósta convidou os alunos a voltarem à Unicamp durante o evento Unicamp Portas Abertas (UPA), em agosto.

Na cerimônia de abertura a secretária de Educação de Campinas, Solange Pelicer, parabenizou os estudantes e disse que este programa é um embrião de um projeto para ampliar fronteiras com os espaços educacionais em Campinas. “Esta Universidade tem sido uma importante parceira”, disse, referindo-se à Unicamp.

O reitor José Tadeu Jorge brincou bastante com a plateia de estudantes reunida no auditório da FCM. “O que vocês iriam fazer nas férias? É muito melhor estarem aqui vendo como a Universidade produz conhecimento." Tadeu Jorge afirmou que a universidade precisa interagir com a sociedade para estar perto de seus anseios e poder atendê-los. Disse que em tudo no nosso cotidiano há ciência e que na Unicamp se faz ciência, que é a base do desenvolvimento da sociedade. “Incluam como objetivo de vocês estarem aqui na condição de alunos dos nossos cursos. Algo que é absolutamente possível”, estimulou o reitor.