Discotheque
leva os embalos
dos anos
70 e 80 ao
CIS-Guanabara

25/06/2015 - 10:53

Uma viagem ao mundo da discoteca dos anos 70 e 80. Essa é a sensação de quem foi ao CIS-Guanabara na noite de quarta-feira (24) assistir o espetáculo “Discotheque”, desenvolvido pelo dançarino e coreógrafo Luís Ferron, que, a convite do Lume Teatro, participa do programa “Artista Residente 2015” da Unicamp. O espetáculo, que tem apresentações até domingo (28), sempre às 21 horas, marca o encerramento da primeira parte da participação de Ferron no programa.
Nos embalos dos anos 70 e 80
Discotheque começa com uma apresentação de Luís sobre o projeto que culminou no espetáculo. Em seguida, narra a rotina das discotecas: a iluminação brilhante e cheia de efeitos com globos estroboscópicos; a presença do DJ que apresenta as melhores músicas de black music da época; os anfitriões, que tinham o papel de receber bem, conduzindo todos à pista para que se sentissem à vontade; o grupo criador de passinhos – uma mistura que faz o público instintivamente não ficar parado. A partir daí, não é mais possível saber quem é artista e quem é plateia.
 Público interage com os artistas
De acordo com Luis Ferron, o público chega com a expectativa de ver um espetáculo, mas com o tempo, percebe que está dentro da apresentação. “Esse tipo de trabalho que venho desenvolvendo, que envolve essa tensão entre dança cênica e rituais, implica o público como participante ativo ao invés de passivo da contemplação”, diz. O público é levado a entrar na performance e viver um baile real.  Mesmo quem não participa ativamente da dança é afetado de uma outra maneira, porque ele sabe que está dentro do espetáculo. É um verdadeiro “dancing day”. “Se o público conseguir se soltar, vai viver uma experiência única”, revela Luís.

De acordo com o professor Renato Ferracicni, do Lume Teatro, o grupo encabeçou o projeto para trazer Luis Ferron como artista residente em função das pesquisas realizadas no grupo, que reúne um hibridismo entre teatro e dança. Segundo Ferracini, a participação do Lume no projeto é a logística de produção. O trabalho, que já foi desenvolvido com outros públicos antes de chegar à Unicamp, tem como elenco alunos de dança do Departamento de Artes Corporais (Daco), do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, como parte das comemorações aos 30 anos do departamento, e alunos da pós-graduação em Artes da Cena, também do IA.

O artista residente Luís Ferron e a aluna Júlia Ferreira
Ana Laura Queiroz, aluna do primeiro ano do curso de Dança, conta que o primeiro dia de apresentações é praticamente um teste para avaliar como as coisas vão se desenvolver com o público. Já para Ricardo Mesquita, do terceiro ano do mesmo curso, que puxa os passinhos durante a apresentação, “é complicado falar sobre expectativas porque é um trabalho muito ligado ao fenômeno criado em cima do que acontece no momento. Então, quanto menos expectativas melhor”. Júlia Ferreira, também do terceiro ano, disse que a participação no projeto foi complementar ao que aprendeu no curso de graduação. “O projeto conseguiu unir coisas que já havíamos trabalhado em diversas disciplinas, mas também nos proporcionou encontrar outros caminhos a serem desenvolvidos”, afirmou. Para a aluna, a experiência apresentada por Ferron possibilitou um acréscimo significativo para a formação dos alunos.
A aluna Ana Laura Queiroz
E o público presente entrou no clima do baile, fazendo passinhos e acompanhando com vibração cada momento de intervenção dos artistas. Irineu Argenton, comerciante de Campinas, contou que a experiência foi surpreendente. “Remete a um monte de coisa da minha época. Os artistas conseguiram alcançar seu objetivo”, disse. Já Elisa Belém, aluna de pós-graduação em artes da cena do IA achou o trabalho interessante. “Há um mistura entre espetáculo e festa que leva à nossa participação espontânea. Isso nos deixa muito à vontade”, afirmou.

As apresentações de Discotheque têm entrada gratuita. O CIS-Guanabara fica à Rua Mario Siqueira, 829, no Botafogo, em Campinas. 

Público acompanha intervenção artística
Discotheque

 

Intervenção artística no Discotheque