As demandas para a inovação são criadas a partir de necessidades. Se o Ministério da Aeronáutica, por exemplo, precisa de um cargueiro com características inovadoras em relação aos já existentes fará a encomenda a Embraer e cria-se uma demanda. Da mesma forma ocorre quando o Ministério da Saúde procura novas drogas. O setor governamental tem enorme peso no estímulo à inovação e atua também por meio das chamadas Public Procurement ou compras públicas. Um debate sobre as políticas de demanda para inovação reúne convidados de vários países na Unicamp.

“No Brasil muito é feito em termos de oferta, de recursos públicos, financiamentos para a inovação, atividades de fomento, há uma série de linhas de apoio. Mas a questão da demanda é muito importante”, avalia Sérgio Robles Reis de Queiroz, docente de Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da Unicamp e um dos organizadores do workshop Demand­‐Side Policies For Innovation And Public Procurement For Innovation. O evento é o primeiro realizado na Universidade relacionado ao projeto “Sistemas de inovação, estratégias e políticas” do programa São Paulo Excellence Chair (SPEC), financiado pela Fapesp e coordenado pelo pesquisador Nicholas Vonortas, da George Washington University.

Na abertura do workshop, Vonortas falou sobre a estrutura e os objetivos do projeto que é sediado no DPCT Unicamp e se desenvolve em quatro eixos: política de inovação em uma perspectiva de sistemas; avaliação de programas de pesquisa e desenvolvimento, parcerias estratégicas em redes públicas e privadas e empreendedorismo. São principais pesquisadores, além de Sérgio Queiroz, os docentes do DPCT Sergio Luiz Monteiro Salles Filho e Andre Tosi Furtado e o sueco Charles Edquist, professor na Lund University.

“Um dos objetivos do projeto é resultar em políticas públicas para a inovação”, salientou Queiroz. Segundo ele, além das compras públicas o incentivo a inovação se dá pela competição entre as empresas e esta seria uma dificuldade no Brasil. “Um dos fatores que dificultam a demanda por inovação no Brasil é que praticamente não há competição entre as empresas instaladas no país. O ambiente é pouco competitivo”, reflete.

O workshop é realizado no auditório da Agência para a Formação Profissional da Unicamp (AFPU) até sexta-feira, 29. Entre os convidados estrangeiros estão Charles Edquist (Lund University, Suécia) e Jakob Edler (Manchester University, Reino Unido) que discutem o tema Public Procurement for Innovation e representantes de outros países como Espanha, Estados Unidos, Grécia, China e Coréia do Sul.