Quando o diagnóstico
vira missão, e não omissão

25/05/2015 - 10:32

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Edison Lins, coordenador do GGBS da Unicamp

Edison Lins, coordenador do GGBS da Unicamp

Juliano Finelli, coordenador do GGUS

Juliano Finelli, coordenador do GGUS

“Nada é mais deficiente que o preconceito e mais eficiente que o amor.” Uma das mensagens deixadas pelo engenheiro ambiental Leonardo Gontijo e pelo instrumentista Eduardo Gontijo que ficará na memória de alunos da Escola Estadual Físico Sérgio Porto que compareceram à palestra musicada “Síndrome de Down: o desafio da inclusão”, nesta sexta-feira (22), no auditório da Agência para a Formação Profissional da Unicamp (AFPU). “Imagine planejar uma viagem para a Itália e ir parar na Holanda. É o que acontece quando recebemos a notícia de que o filho ou irmão tem síndrome de Down, mas eu adorei ‘ir para a Holanda’, pois aprendi a amar e passei a enxergar e a lutar pela inclusão de pessoas com síndrome de Down”, disse Leonardo.

Ao lado do irmão Eduardo Gontijo, instrumentista e personagem principal de sua luta para a inclusão de pessoas com síndrome de Down na sociedade, Leonardo envolveu o público com comunicação oral e musical. Mas, claro, a música ficou a cargo de Eduardo, conhecido como Dudu do Cavaco, que há 24 anos se dedica diariamente ao estudo de música, principalmente ao cavaquinho. “Dudu não nasceu músico. Estuda muito. Nada vem fácil na vida e assim temos feito na luta pela inclusão. Ela será realidade se as pessoas fizerem”, acrescentou Leonardo Gontijo.



Para Gontijo, o mundo seria melhor se as pessoas se envolvessem inteiramente nas ações a que se propõem.  Durante a atividade enriquecida com a trajetória de vida de Eduardo, contada por eles com auxílio de vídeos, ele enfatizou a indiferença de escolas e da administração pública ao receber um aluno com síndrome de Down e ressaltou a falta de cumprimento da inclusão no mercado de trabalho por meio de cotas. “Em Belo Horizonte (onde moram), por exemplo, as vagas não são ocupadas, por falta de cumprimento e por desconhecimento da própria família, pois algumas optam por esconder seus parentes com síndrome de Down”. Já na família Gontijo, que tentou matricular Eduardo na mesma escola dos três irmãos, apesar de isso não se concretizar, eles comemoram algumas conquistas: a carteira da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e o título de cidadão honorário de Belo Horizonte.

Enquanto isso, Eduardo mostra sua interpretação ao cavaquinho para as músicas “Quando te vi” (Beto Guedes), “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso), “Como é grande o meu amor por você” (Roberto Carlos) e “exibe” os autógrafos de Chico Buarque de Holanda, Hamilton de Holanda e Alcione no instrumento.

“A questão da inclusão somente será resolvida se superarmos todos os desafios. Como disse Leonardo, ela acontecerá, de fato, quando realmente for feita na prática”, disse o coordenador do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS) da Unicamp, Edison Lins.

Para a professora da Escola Estadual Físico Sérgio Porto, Lucimara Aparecida Viotto, a palestra dos irmãos Gontijo enriquece e esclarece um assunto já comum aos escolares, pois a inclusão já é uma prática da escola. “Apesar de poucos alunos com deficiência, o acolhimento feito por funcionários e alunos é sempre muito receptivo e carinhoso. Os alunos se engajam, ajudam, ensinam e cuidam. Esse contato vai permitir que eles compreendam melhor a síndrome de Down”, afirmou.

Sustentabilidade
As atividades contaram com a participação do público, ao qual os irmãos alertaram para uma ação importante e nem sempre rotineira, ao final da cantoria: “Devolvam as letras das músicas para reciclagem”. Até porque, no dia anterior (21 de maio), Leonardo ministrou a palestra “Gestão Ambiental e Sustentabilidade: e eu com isso?”, na qual focou outro conteúdo importante para uma sociedade sustentável: o comportamento humano diante da preservação de recursos. Na ocasião, falou sobre o desperdício de recursos naturais desde a transformação da sociedade rural e agrícola numa sociedade urbana e industrial.

Diretor de sustentabilidade na auditoria ambiental Verde Ghaia, Leonardo Gontijo defendeu o modelo de economia verde. “Baseado em três pilares, lucro, pessoas e planeta, o modelo é uma das formas de conciliar o consumo estimulado pelo sistema capitalista e reduzir os riscos ambientais e a escassez ecológica”, afirmou.

Os eventos foram organizados pelo Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS) da Unicamp e pelo Grupo Gestor Universidade Sustentável (GGUS). “Essa parceria com o GGBS é muito importante para o GGUS e espero que tenhamos pela frente várias outras ações na Universidade a respeito de sustentabilidade. Sustentabilidade é uma palavra tão famosa que várias empresas estão discutindo ultimamente, mas acho que em uma universidade precisamos ter um olhar um pouco mais atento sobre esse conceito”, declarou Juliano Finelli, coordenador do GGUS.