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22/01/2015 - 18:00

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Amanda Negrão candidata a uma vaga no IA

Amanda Negrão candidata a uma vaga no IA

Candidatas preferem as provas coletivas

Candidatas preferem as provas coletivas

Professora Graziela Rodrigues coordena as provas da Dança

Professora Graziela Rodrigues coordena as provas da Dança

Se a preparação para o vestibular costuma ser algo padrão para a maioria dos estudantes, os concorrentes às vagas do curso de Dança do Instituto de Artes (IA) da Unicamp têm que ir além. Para eles não basta acertar o gabarito da primeira fase, nem dar as respostas adequadas às questões dissertativas da segunda. Precisam mostrar preparo físico, técnica e acima de tudo criatividade. Esse é o material avaliado nas provas de habilidade específica que compõem a nota da segunda fase do vestibular para ingresso no curso.

Os 90 candidatos aprovados na primeira fase que disputam as 25 vagas oferecidas passaram, desde segunda-feira (20), por mais três provas: palco, técnica e criatividade. Segundo a professora Graziela Estela Fonseca Rodrigues, coordenadora das provas, a principal dificuldade dos candidatos são os vícios de uma formação vinculada à mídia e à cultura de massa, que resume a dança a uma repetição de passos. “A dança não é uma repetição de passos. O automatismo não é alguma coisa que traga um desenvolvimento em dança. A identidade corporal, a sensibilidade, a qualidade da realização do movimento acabam sendo deixadas de lado”, afirma a professora.

Para a prova de palco do vestibular deste ano os candidatos deveriam preparar uma coreografia de até três minutos tendo como tema uma obra de Tarcila do Amaral. A temática foi anunciada em agosto, quando é disponibilizado o Manual do Candidato. Apesar da antecedência da informação, na prática o tempo de preparo da coreografia fica bem restrito. A necessidade de estudar para as demais disciplinas que compõem a primeira e segunda fases e as provas dos vestibulares nas outras universidades, também concentrados nessa época do ano, impossibilitam os candidatos a se dedicarem à preparação da coreografia. “Eu comecei a preparar[a coreografia] em novembro, porque eu quis me concentrar nos estudos para passar da primeira fase”, afirma Beatriz Leal. “Se começasse só a dançar desde que saiu o manual, a gente não passaria da primeira fase. E depois tem as provas dissertativas, que para mim é a parte mais difícil. Porque a dança, por mais que eu tenha que me preparar está no meu corpo desde sempre.”
Nesta etapa são avaliadas principalmente a capacidade de comunicação do candidato e sua história corporal. “Nessa prova interessa basicamente o que a gente consegue apreender através do corpo em movimento”, destaca a coordenadora da prova. “O candidato deve ter uma experiência corporal que o capacite a frequentar o curso. Não é um curso apenas teórico. Há candidatos que têm um pouco tempo de dança, mas conseguem ter um bom desenvolvimento.”

A etapa seguinte são as provas de técnica e criatividade, compostas por aulas e improvisações. De acordo com Graziela Rodrigues, este ano o foco foi nos quadris e articulações dos apoios dos pés. Para estimular a sensibilidade dessas regiões, foram utilizados tecidos amarados nos quadris e bacias com pedras por onde os candidatos passavam.

Além dos cinco avaliadores e diversos professores coordenando as aulas, as provas contaram com músicos tocando ao vivo na sala de ensaio. As referências musicais escolhidas para esse ano foram brasileiras, incluindo bandas de pífanos e congos. Essa escolha pretendeu vir na contramão da experiência dominante dos candidatos, baseada em modelos europeus e norte-americanos. Conforme explica Graziela Rodrigues, “o material mais estranho para eles é o brasileiro. Esse é o material estrangeiro.”

O desejo de estudar fora do país durante ou após a graduação na Unicamp foi uma constante entre as candidatas entrevistadas. “Eu pretendo ir a Nova York. A cidade é muito voltada a musicais. Eu me identifiquei muito com os musicais porque misturam tudo: sapateado, ballet clássico, jazz”, diz Amanda Negrão. A ida ao estrangeiro é vista pelas candidatas como uma necessidade para ampliar as oportunidades de trabalho dentro e fora do país. 

Outras habilidades
Além da Dança, os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Artes Visuais e Música também exigem provas de habilidades específicas, que foram realizadas entre os dias 19 e 22, exceto para os cursos de Música, que aconteceram em agosto do ano passado. A Unicamp divulga os aprovados para as 3.320 vagas em 70 cursos de seu Vestibular 2015 no dia 2 de fevereiro.