Ganhadora de inúmeros prêmios e honrarias em sua rica trajetória acadêmica e de vida, Maria Luiza Silveira Mello é a primeira docente mulher do Instituto de Biologia (IB) a entrar na galeria de Professores Eméritos da Unicamp, título concedido em solenidade na manhã desta sexta-feira na sala do Conselho Universitário. “Só lhe faltava a honraria de hoje. A galeria dos Eméritos fica mais completa e mais brilhante”, elogiou o professor Angelo Cortelazzo, ex-pró-reitor de Graduação e hoje aposentado do IB, que se encarregou da saudação à homenageada. 

Graduada em ciências biológicas pela Unesp (1965) e doutorada na mesma área pela Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da USP (1969), Maria Luiza Silveira Mello é livre docente pela Unicamp (1976) e professora titular por mérito (1981) e por concurso (2004). Foi pesquisadora visitante como pós-doutoranda na Michigan Cancer Foundation (1985) e na Technische Universität München (1992). Ganhou destaque no cenário da ciência brasileira especialmente por sua experiência na área de genética, com ênfase em genética animal e em biologia celular. Participou da criação do Departamento de Biologia Celular (hoje de Biologia Estrutural e Funcional) e dirigiu o IB no período de 1998 a 2002. 

Segundo Cortelazzo, a professora emérita, que mesmo aposentada compulsoriamente continua orientando pesquisas no IB, é autora de 245 publicações em periódicos científicos, 34 livros e capítulos de livros e 421 resumos e análises em congressos, tendo orientado quase 100 alunos: 57 de iniciação científica, 28 de mestrado e 12 de doutorado, e supervisionado dois pós-doutorados. “Em mais de 45 anos de dedicação à Unicamp, a professora sempre manteve uma postura ética, responsável e profissional. Sua carreira é a demonstração prática do princípio de que ensino, pesquisa e extensão são indissociáveis.” 

Maria Luiza Silveira Mello, dizendo-se honrada e envaidecida com a distinção, reservou quase todo o discurso para agradecimentos: desde à professora Shirley Recco Pimentel por sua indicação e ao Consu pela acolhida unânime à proposta, passando pelos pais e professoras primárias, por Warnick Estevam Kerr (Doutor Honoris Causa) e Benedicto de Campos Vidal (marido e também professor emérito) que deram os rumos à sua carreira, até os colegas docentes, alunos e funcionários do IB. “Se minha trajetória teve êxito e me possibilitou o mérito do título, devo agradecer a inúmeras contribuições individuais que tornaram isso possível.” 

A docente do IB também se disse orgulhosa de ter participado da formação de um excelente grupo de professores que se tornaram destaque na Unicamp e em diversas outras universidades do país, assim como de milhares de profissionais médicos, centenas de biólogos e dezenas de farmacêuticos, além dos pós-graduandos. “Aposentada pela compulsória, meu desejo é continuar colaborando com esta Instituição, buscando novos desafios do conhecimento e iluminação, pois muito há o que ser feito e pouco tempo para isso. Não devemos, no entanto, nos furtar em começá-los.” 

Na opinião do reitor José Tadeu Jorge, o título de Professor Emérito é o mais completo reconhecimento que a comunidade da Unicamp presta a um docente por sua história de vida. “O foco desta homenagem é o trabalho acadêmico desenvolvido pela professora Maria Luiza Silveira Mello, mas também por sua contribuição institucional. Ao lado da sua invejável produção, ela se dedicou à construção da Universidade na pós-graduação, na chefia do departamento, na direção do IB e em dez anos como representante docente no Consu. Um terceiro elemento é a convivência com colegas docentes, estudantes e funcionários. A palavra em que se materializa esse título de emérito é ‘exemplo’: exemplo de vida, trabalho, ética, profissionalismo e, especialmente para Universidade, exemplo de docência, pesquisa, trabalho em equipe e disseminação do conhecimento formando pessoas.”