Ensino médio: FE discute base
nacional comum do currículo

25/11/2014 - 11:51

/
Dirce Zan, uma das organizadoras do ciclo

Dirce Zan, uma das organizadoras do ciclo

Ítalo Dutra, do MEC

Ítalo Dutra, do MEC

Professora Nora, organizadora do evento

Professora Nora, organizadora do evento

Especialistas envolvidos na organização

Especialistas envolvidos na organização

A professora Ana Smolka

A professora Ana Smolka

Discussões reacedem o assunto

Discussões reacedem o assunto

A definição do ensino médio como parte na educação básica, constante na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), fortaleceu a noção de que ele compõe uma formação geral à qual todos e todas devem ter acesso. A LDB (1996) e o Plano Nacional de Educação (2014) determinam que o governo federal estabeleça uma Base Nacional Comum Curricular (BNC) para todas as etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio). “Essa educação é um direito", reforçou a diretora-associada da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp Ana Smolka, ao abrir, na manhã desta terça-feira (25), o ciclo de debates intitulado "Base nacional comum do currículo: que jogo é este?”, no salão nobre da FE.

Um documento final que comporta o consenso sobre o assunto deverá ser finalizado até 2016 no país e certamente ocasionará um impacto no planejamento das escolas, na formação inicial dos docentes, no sistema de avaliação e nos materiais didáticos. "Por isso se trata de um dos temas de maior magnitude envolvendo o ensino médio atualmente", garantiu o professor Ítalo Dutra, da Diretoria de Currículos e Educação Integral da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

A partir da promulgação da lei no 13.005/ 2014, que institui o Plano Nacional de Educação para a próxima década, coube ao Ministério da Educação a coordenação de trabalhos que construam essa proposta num prazo de dois anos, a partir da promulgação da Lei de Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento, que configuram a base nacional comum. O grande desafio nesse momento, segundo Ítalo Dutra, será construir uma forma de discussão participativa da base nacional comum. “A ideia é que essencialmente as escolas e a comunidade escolar sejam consultadas, no sentido de construir uma base nacional comum que sirva de valorização principalmente aos profissionais de educação que atuam na escola de educação básica”, salientou. 

A professora Nora Krawkczyk, docente da FE e organizadora do evento, contou que esse ciclo integra uma série sobre o ensino médio que vem sendo organizada pela FE ao longo do ano. “Neste caso específico, discutiremos a base nacional comum do currículo para o ensino básico no Brasil. É um tema que está na berlinda, porque ainda há muitas perguntas e muitas controvérsias, entre elas quem vai decidir o que vai ser essa base nacional e por que o Brasil precisa de uma base nacional de currículo, se já tem diretrizes nacionais?", situou.  

Nora afirmou que muitos elementos ainda não estão claros e que o MEC começou a trabalhar numa proposta que vai estabelecer os desafios, "porque esta é uma questão que atinge toda a sociedade. Estamos refletindo acerca do que precisa saber o nosso jovem e nossas crianças quando saírem da escola”, contextualizou.

Para a pesquisadora Dirce Zan, também organizadora do evento, é fundamental discutir vários pontos, pois o ensino médio é um dos níveis sobre o qual menos se produziu e menos foi investido em termos de reflexões. “Merecia mais pesquisas, até mesmo porque agora o Brasil vive uma política de expansão de vagas no ensino médio. Este é um movimento do ano 2000 para cá”, recordou.

De acordo com ela, a FE da Unicamp tem debatido esse tema há alguns anos e tem pesquisadores que se dedicam ao ensino médio hoje. “A educação infantil e as séries iniciais eram o nosso grande desafio em termos de educação nas décadas de 1980 e 1990. Agora essas crianças que entraram estão chegando ao ensino médio. Temos uma enorme demanda e precisamos saber o que ofereceremos a esses jovens." 

Na opinião de Nora, as diretrizes nacionais já dão um norte para o país. “Foram muitas mudanças nos últimos anos antes das diretrizes. Tivemos os Parâmetros Nacionais Curriculares (PCNs), depois as diretrizes e agora estamos discutindo as bases, que é uma decisão que aparece na LDB. Não é uma decisão do MEC. Precisa ser cumprida. Mas traz riscos. Pode se transformar em caderno ou apostila sobre o que ensinar na escola. Temos que apostar na capacidade do docente e nas condições dele poder criar. Não temos que amordaçá-lo com bases fechadas, diretivas”, acentuou.

Comentários

Mais uma vez corre-se o risco de fazer um projeto no papel que, na prática, não vai funcionar. A base da educação no Brasil está nos professores e nos seus salários. Enquanto não houver profissionais da educação bem remunerados e com um convidativo plano de carreira, a educação irá melhorando muito lentamente; nunca se alcançará o nível dos países com bons padrões de educação.

Email: 
joao.guizzo@gmail.com