Conflitos pela água permeiam
debates sobre regiões metropolitanas

18/11/2014 - 15:36

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O docente José Teixeira Filho

O docente José Teixeira Filho

A organizadora, Luci Hidalgo

A organizadora, Luci Hidalgo

O sistema Cantareira foi apontado como um exemplo de conflito intenso e histórico na disputa pela água no Estado de São Paulo pelo especialista em gestão de recursos hídricos da Unicamp, o professor José Teixeira Filho, diretor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri).

Conforme o docente há um conflito desigual entre a Região Metropolitana de São Paulo e os municípios localizados na bacia doadora, pertencentes aos rios de Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Teixeira Filho desenvolve estudos sobre o tema e participou nesta terça-feira (18) de Fórum Permanente da Unicamp, que discutiu as regiões metropolitanas e suas implicações socioespaciais. 

“A região metropolitana de São Paulo busca recursos hídricos que comprometem a Região Metropolitana de Campinas e outros municípios vizinhos. São duas regiões importantes, que politicamente têm representações importantes e efetivas no Estado. Entretanto a Região Metropolitana de São Paulo tem representação política muito maior. Portanto, são forças desiguais que produzem uma situação de não negociação, de imposição de retirada de água, que começou há trinta anos”, situa o docente.

“A palavra mais importante, hoje, é negociação de igual para igual, não em relação ao tamanho das regiões ou municípios, mas prevalecendo o interesse sobre os recursos hídricos. O sistema Cantareira abastece, por exemplo, 10 milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo. Há uma transferência de água da Região Metropolitana de Campinas, da Bacia do PCJ. São cerca de 30 metros cúbicos por segundo que vai para São Paulo. Isso é uma quantidade importante que impede o desenvolvimento e estabelecimento de outras demandas e de empreendimentos aqui nestas regiões. É preciso discutir isso”, acrescenta. 

Para a organizadora do Fórum, a docente Lucí Hidalgo Nunes, do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, a proposta das regiões metropolitanas seria, em tese, conjugar o desenvolvimento dos municípios que as integram. “Em princípio as regiões metropolitanas são criadas para criar um vínculo de cooperação para estes municípios, mas vemos que, na realidade brasileira, aprofundam-se as disparidades internas, fortalecendo aqueles municípios mais estruturados economicamente”, avalia. 

Ela também opina na mesma direção de Teixeira Filho: “Queremos que uma região metropolitana projete laços de cooperação e fortalecimento e desigualdade e não fragilidade entre os municípios. O evento de hoje discute os gargalos e formas criativas e eficazes de constituição de mecanismos para consolidar, de forma equitativa e solidária, as potencialidades das regiões metropolitanas.” Os Fóruns Permanentes são sistematizados pela Coordenadoria Geral da Universidade e transmitidos pela web, via Rádio e Televisão Unicamp (RTV).