Intelectuais refletem sobre
os 150 anos da AIT

29/10/2014 - 15:46

O Encontro Internacional “Associação Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, 150 anos Depois” teve a sua abertura oficial na manhã desta quarta-feira (29), no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. As atividades prosseguem até esta quinta-feira na Universidade e depois terão continuidade em outras sete instituições de ensino superior brasileiras. O encerramento ocorrerá no dia 3 de novembro, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A organização geral é do professor Ricardo Antunes, da Unicamp, e do professor Marcello Musto, da York University (Canadá).

No início dos trabalhos, Ricardo Antunes destacou a importância do encontro, que contou principalmente com o apoio das instituições de ensino envolvidas e de seus programas de pós-graduação. “A ideia do evento surgiu há um ano e meio, durante uma conversa minha com o Marcelo Musto, via skipe. Com o tempo, ela ganhou corpo e acabou se transformando num seminário de grande densidade, que conta com a participação de importantes intelectuais de diferentes países”, disse.

Logo após a cerimônia de abertura, foi formada a primeira mesa de debates, constituída pelo próprio Ricardo Antunes como coordenador e por Marcelo Musto, Michel Ralle (Sorbone Paris IV), George Comnimel (York University) e Lúcio Flávio de Almeida (PUC-SP), como debatedores. Os pesquisadores abordaram diferentes temas relacionados com a origem e a trajetória da AIT. Comninel, por exemplo, falou do período que antecedeu a formação da associação e acerca da teoria marxista, que influenciou posteriormente as ações da entidade.

Em sua fala, Marcelo Musto lembrou que inicialmente a AIT não tinha uma proposta revolucionária e nem baseava suas posições no pensamento de Marx. “Os documentos iniciais mostram que a associação era uma plataforma interclassista, que tinha como principal preocupação a defesa dos direitos dos trabalhadores [emprego e salário]. Naquela época, o maior receio, principalmente do sindicalismo inglês, era com a importação de mão de obra de outros países europeus”.

Segundo ele, Marx ingressou posteriormente na organização. “Naquele instante, Marx ainda não era Marx. Entretanto, por causa da sua inteligência e capacidade política, ele soube unir as várias forças que integravam a AIT e fez com que o pensamento anticapitalista, que era minoritário até então, ganhasse dimensão com o passar do tempo. Mas é importante destacar que o aspecto mais relevante nos primeiros momentos da AIT foi a participação dos trabalhadores e trabalhadoras”, reforçou.

Além de palestras e debates, O Encontro Internacional “Associação Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, 150 anos Depois” também conta com lançamento de livros e revistas e exibição de documentários. Outro destaque é a exposição de fotografias de João Zinclar, falecido em janeiro de 2013, que é considerado o “fotógrafo operário”. As imagens, que mostram cenas relacionadas ao universo dos trabalhadores e dos movimentos sociais, podem ser vistas até o encerramento do evento, no Auditório II do IFCH.

A programação completa do Encontro Internacional “Associação Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, 150 anos Depois”, que terá prosseguimento em outras universidades, pode ser conferida na página eletrônica do evento, neste link.