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Organização estudantil aproxima estudantes de engenharia da FCA do mercado de trabalho

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                 Erik Carantino, presidente do MTE Limeira, anuncia os vencedores da Feira de Negócios 2014

 

Gerir o tempo (sempre escasso) de maneira eficaz; liderar equipes de vários membros com ideias e formações diferentes; administrar imprevistos e problemas; encontrar as melhores soluções possíveis com recursos muitas vezes limitados. Para muitos alunos das Engenharias de Produção e Manufatura da FCA, participar da organização estudantil MTE (Mercado de Trabalho de Engenharia) significa ter a oportunidade de adquirir tais aprendizados práticos, que devem fazer parte da formação de qualquer profissional e que são complementares ao conhecimentos teóricos desenvolvidos em sala de aula e através dos estudos.

Erik Caratino, atual presidente do MTE Limeira e aluno de Engenharia de Produção, entrou na organização no primeiro mês de graduação. Ele foi um dos responsáveis pela elaboração e organização do MTE Empreende 2014, evento de duas semanas que se encerrou dia 16 deste mês, culminando com uma feira de negócios considerada um sucesso e da qual participaram 16 equipes (com 5 alunos cada), aproximadamente 350 visitantes e 47 membros da organização, os quais trabalharam durante um ano para organizar tudo.

"Olha, é tanta coisa que a gente aprende com a organização de eventos como este que é até difícil enumerar. Além de conciliar as aulas e trabalhos das disciplinas com as várias atividades necessárias para organizar as palestras, workshops, apoiadores, etc, é preciso coordenar equipes com vários membros, de diferentes anos da faculdade e com diferentes visões e temperamentos, para atingir um objetivo em comum. Com certeza vamos precisar desenvolver esta habilidade na vida profissional e encontrar obstáculos variados – é bom já termos encontrado alguns deles na Faculdade, durante o trabalho que desenvolvemos no MTE", afirma.

O MTE Empreende é um evento bianual durante o qual as equipes de alunos participam de workshops e palestras sobre empreendedorismo. Durante quinze dias, todos recebem tutoria de mentores profissionais para elaborar um produto inovador e propor um modelo de negócios que permita atrair futuros investidores e parceiros e formar startups para pôr as ideias em prática. Ao final do dia, os três melhores trabalhos são selecionados e os grupos recebem prêmios diversos, fornecidos por empresas que apoiam a iniciativa do MTE.

Raisa de Melo, 22, é aluna de Engenharia de Manufatura e foi coordenadora do evento, juntamente com Caroline Endo, da Engenharia de Produção. Elas explicam que cada visitante da feira recebe mil 'MTEecas', dinheiro fictício para ser investido nos trabalhos. "As duas primeiras semanas ofereceram a base para os grupos estruturarem os produtos e os modelos de negócios que foram expostos na feira. Trinta por cento da nota final de cada trabalho corresponde ao 'investimento' realizado pelo público nos projetos e os outros 70%, das impressões e opiniões da banca de especilistas em empreendedorismo que os avaliou".

Neste ano, a banca de avaliadores foi composta por Bruno Frigo, coordenador de P&D da Samsung; Paulo Morais, professor de Empreendedorismo e Marketing no programa de Mestrado Profissional da Universidade de São Paulo e Daniele Zandoná, especialista em Branding, que analisou os modelos de negócios propostos pelas equipes para cada produto.

 

Política, Saúde, Cotidiano e soluções digitais

Diego Paixão, aluno do 4º semestre de Gestão do Agronegócio (transformado recentemente em Administração), era um dos visitantes da feira. Ele investiu seu dinheiro fictício no projeto Juízo Político', uma proposta de aplicativo produzida pelos alunos Carlos Eduardo da Silva Gonçalves, Hiroshi Iaguti, Luis André Lopes, Caio Rodrigues dos Santos e Murilo de Oliveira Pinto. O produto criado consiste em uma plataforma que absorvesse e, colaborativamente, fizesse uma curadoria dos dados e informações sobre políticos. "Investi neles pois, hoje em dia, ninguém parece buscar informação sobre os candidatos em fontes seguras. Os jovens se baseiam no que sai no facebook e a ferramenta não é a mais confiável para este tipo de informação – tem muita gente compartilhando notícias falsas, vídeos editados, etc. Um aplicativo desses, que consiga mostrar o que cada candidato realmente prometeu e qual seu plano de governo, pode ajudar a esclarecer e fundamentar as opiniões, os debates e os votos", acredita ele.

Carlos explica como surgiu a ideia para o produto: "veio de uma conversa sobre política entre amigos. Certo dia, estávamos debatendo sobre as eleições e os candidatos, mas sem embasamento, sem conseguir citar as fontes primárias de informação. Todo mundo usava informações ou dados que tinha visto no facebook ou os números absurdos que saem nos debates, mas ninguém tinha certeza do que era realmente verdade. Então pensamos em algo que pudesse contribuir para aumentar a curiosidade dos jovens sobre política, oferecendo oportunidade de construção de opiniões críticas e com embasamento". O trabalho do grupo ficou com a terceira colocação na premiação promovida pelo MTE ao final da feira.

Ele também faz questão de elogiar a organização e programação do evento. "O MTE Empreende disponibilizou palestrantes excelentes, que trouxeram informações sobre comunicação, design, investimento, startups e desenvolvimento de projetos. Outro elogio que realmente queremos fazer para a organização do evento está relacionado à mentoria. Mentores de diversas áreas colaboraram muito com os grupos para o desenvolvimento da ideia e acredito que aprendemos muito com isso. Nosso mentor, por exemplo, já havia desenvolvido um aplicativo vinculado à uma plataforma de educação e nos ajudou muito", afirmou.

 

S.O.S Digital – Saúde e Otimização para a Sociedade

Bárbara Dávila cursa o 2º ano de Engenharia de Manufatura. Com Maria Fernanda, Mariana Faggi, e Yasmin Van Rooyen, formou um grupo que também pensou em desenvolver um aplicativo, desta vez para propor uma possível solução para as longas filas de espera em hospitais públicos (e que talvez pudesse servir também para os hospitais privados). "Uma das integrantes do grupo tinha uma babá que morreu de infecção urinária pois não conseguiu ser atendida a tempo no hospital, já que ficavam remarcando as consultas dela. Ela estava grávida e perdeu o filho também. Tudo por causa de uma infecção urinária que poderia ter sido curada em sete dias, com antibióticos", conta.

O aplicativo propõe que os pacientes passem primeiro pelo posto de saúde próximo às suas residências, sejam avaliados pelos profissionais e só então, em caso de necessidade real, sejam encaminhados para o hospital. No posto de saúde, haveria um sistema com todos os dados cadastrais da pessoa e o histórico médico – as alergias, os exames que já realizou, os remédios que está tomando, etc. O paciente seria atendido por um técnico, enfermeira ou clínico geral que classificaria a gravidade do problema no sistema. Estas informações seriam compartilhadas entre o posto de saúde e o hospital. "Se for algo simples, o próprio clínico geral vai tratar. Caso contrário, ele encaminha, por email, pelo sistema, para um especialista, que pode então pedir exames adicionais ou solicitar que a pessoa seja encaminhada ao hospital", exemplifica Bárbara.

Segundo pesquisa realizada pelo grupo com o diretor geral do Hospital das Clínicas de São Paulo, apenas 17% das pessoas que estão no hospital, precisariam mesmo estar lá – 83% dos pacientes teriam seu problema resolvido no postinho e não precisariam estar no hospital, aumentando o tempo de fila e a espera.

 

Taxishare: dividindo o táxi na volta da balada

Eduardo Botto, Felipe Shigueo, Wynnie Hashimoto, Pedro Oliveira e Daniel Ideriha elaboraram a proposta de um aplicativo que recebeu o 2º lugar na competição durante a feira. O 'Taxishare' permite aos moradores de grandes cidades a oportunidade de dividir o custo do trajeto do táxi. Eduardo assegura que "não existe nada assim até o momento. Há aplicativos para caronas ou para, simplesmente, chamar o táxi com maior facilidade – mas nada propõe a divisão da corrida, quando as pessoas vão para ou voltam de uma mesma região".

E a segurança? "Bom, ao chegar em casa, a pessoa pode avaliar anonimamente, de 0 a 5, o taxista e a pessoa com quem dividiu o taxi. Assim, de uma próxima vez, antes de dividir, o usurário terá uma análise do perfil da pessoa", explica. O grupo levou cinco dias para desenvolver o projeto e realizou estudos de viabilidade e projeção financeira, estabelecendo o investimento inicial necessário para concretizar a ideia, além de uma pesquisa online com o público-alvo, sobre o uso de taxis e aplicativos.

 

Timp, o grupo vencedor

O grupo de Thamires Coelho, Rafael Yudi , André Lee e Camila Fernandes ousou e propôs uma solução ambiciosa para uma das maiores aflições da atualidade: equilibrar diversão e trabalho e tornar divertida a rotina pessoal. Eles levaram o prêmio de 1º lugar.

O aplicativo 'Timp' é um misto de google agenda com open-project (ferramenta de gerenciamento de tempo para desenvolvimento de projetos). "Uma agenda normal te avisa somente um dia antes da sua tarefa. Com o Timp, todo dia você é avisado do passo-a-passo que tem que fazer para que seu relatório ou trabalho seja entregue na data correta. Conforme o andamento, voce pode marcar as tarefas como 'realizadas' ou adiá-las. A partir daí, o aplicativo consegue medir a eficiência, a capacidade que o usuário tem de se organizar e sua produtividade. Quanto mais tarefas ele realizar no tempo previsto, mais 'timpos' ele acumula – nossa moeda imaginária, que será trocada por recompensas com a rede de parceiros. Se ele informou que gosta de ir na academia, por exemplo, e esta academia for nossa parceira, ele pode trocar os 'timpos' por descontos na mensalidade. O aplicativo é gratuito e nossa forma de monetização é por meio da publicidade direcionada", afirma Camila.

Timp é 'tempo' em romeno e a ideia do grupo, segundo ela, "veio de um sentimento de que, o tempo inteiro, estamos apagando incendio - já que não planejamos todos os passos que temos que dar para entregar uma macro-atividade".

Para Thamires, o principal beneficio do evento é poder colocar em prática a teoria vista em sala de aula e estabelecer contato com empreendedores que estão atuando no mercado de trabalho. "Tivemos várias palestras motivadoras, que nos mostraram o que realmente pode acontecer na vida de alguém até que ele se torne um empreendedor, permitindo que nos espelhássemos neles. Você os ouvia falando e pensava: isso pode acontecer comigo. Eu pretendo empreender um dia e ele já passou por isso", conta.

 

"Participação em organização estudantil mudou minha vida"

"É uma satisfação enorme ver as coisas que você planejou acontecendo. Até o segundo ano da graduação, eu estava levando o curso sem muita perspectiva ou empolgação e não havia me envolvido com nenhuma organização estudantil. No terceiro ano, quando entrei na organização, minha vida realmente mudou. Comecei a Faculdade um pouco desanimado, mas acabei participando do MTE e, como meus amigos também fazem parte, me integrei e me envolvi mais com tudo. Realmente, quando entrei na Faculdade, nunca esperava poder viver as experiências e as alegrias que vivo com as atividades e amizades que desenvolvo atualmente no MTE."

Fábio Yamashita, que participa do MTE há 2 anos e atualmente ocupa o cargo de coordenador de logística. Ele foi o responsável por organizar toda a infraestrutura necessária para a realização do evento.

 

Uma vivência que só a universidade pública oferece

"Gostaríamos de agradecer o apoio da Faculdade, o espaço que nos foi cedido, os equipamentos eletrônicos, as salas de aula, as conversas e dicas com os professores. O objetivo do MTE é aproximar o aluno do mercado de trabalho – todos os eventos, palestras e discussões pretendem informar e mostrar ao aluno como é a vida profissional do engenheiro. É o que buscamos oferecer aos alunos (nossos colegas) como complementação à excelente formação acadêmica teórica que recebemos dentro das salas de aula da Faculdade.

Acredito que esta é uma vivência que somente a universidade pública oferece. Por isso, temos orgulho de ser Unicamp: além da vida acadêmica, há toda esta vivência prática que nos prepara para o mundo que vamos encontrar na vida profissional. É muito bom"

Erik Carantino, atual Presidente do MTE Limeira