“O decreto de fundação foi eu quem escreveu”, diz o professor Carlos Alberto Lima, o primeiro diretor da Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp), que está completando 25 anos. A Extecamp também acaba de comemorar o número 100 mil no acumulado de alunos, desde que a contagem passou a ser feita, há pouco mais de uma década. O primeiro diretor atendeu ao pedido do então reitor Paulo Renato Souza para criar a Extecamp. Souza havia conhecido e ficou impressionado com o imponente prédio de extension school de uma grande universidade norteamericana. Lima era docente do Instituto de Física.

“Paulo Renato queria uma escola de extensão na Unicamp. No documento de criação coloquei algumas ideias que fundamentassem a escola, como um organismo que viria a servir para a institucionalização dos cursos de extensão”. O professor explica que já havia na Unicamp diversos cursos sendo oferecidos, mas sempre como iniciativas de unidades ou docentes, sem o reconhecimento do Conselho Universitário ou do MEC, como é o caso hoje dos cursos de extensão. Na época também já foi criado o Conex – Conselho de Extensão. O trabalho a partir daí foi ampliar o diálogo com as faculdades e professores para definir os cursos que poderiam ser oferecidos.

De acordo com Lima, quatro anos e meio depois, quando deixou a direção da Extecamp, a escola contava com cinco mil cursos cadastrados. “A oferta era por demanda e a atualização profissional já era o foco, ou a especialização, no caso de um assunto mais abrangente”. O atual diretor executivo da Extecamp, Miguel Juan Bacic, lembra que a extensão, que resulta em uma relação maior com a sociedade, já era um desejo do fundador da Unicamp, professor Zeferino Vaz.

O funcionário Edson Nucci, que durante muitos anos foi secretário da diretoria na Extecamp, fez o primeiro levantamento sobre os cursos disponíveis na Unicamp. “Isso resultou no primeiro catálogo dos cursos de extensão, com cerca de 290 cursos que é o que tinha de registro. Foram quatro meses de trabalho em arquivos da universidade”, rememora. Lembrar aqueles tempos traz orgulho para Nucci e também para o primeiro diretor. “Nem no melhor dos meus sonhos eu poderia imaginar que a Extecamp chegaria a dimensão da importância transnacional que ela tem”, diz Lima.

Hoje
Para comemorar os 25 anos da Extecamp, está sendo programada uma solenidade para o final de outubro, com a presença de ex-diretores e convidados. Atualmente a escola oferece oito modalidades de cursos entre aperfeiçoamento, atualização, especializações técnicas e universitárias, entre outras, inclusive disciplinas. A carga horária máxima é na especialização, chegando a 360 horas. No ano de 2013 foram iniciados mais de mil e cem cursos e disciplinas.

“A Extecamp recebe algumas demandas, que são conjuntas a um projeto de pesquisa, uma parceria ou consultoria. Há situações em que empresas solicitam cursos de capacitação junto ao processo de consultoria. Isso é muito comum na área de Tecnologia da Informação, por exemplo”, explica o diretor associado Pedro Emerson de Carvalho. Ele salienta também que os cursos oferecidos, muitas vezes, estão alinhados à vocação da própria universidade.

Para o atual diretor executivo, o papel fundamental da escola de extensão hoje é o da formação continuada. “É permanentemente estar trazendo os conhecimentos novos a todos os profissionais formados, com a flexibilidade que a extensão permite”. De acordo com Bacic, como os cursos estão desligados do processo formal, permitem maior flexibilidade e, portanto, são complementares aos cursos stricto sensu, que têm grades curriculares que não permitem mudanças tão rápidas.

O oferecimento de cursos em modalidades não presenciais ou a distância é um dos desafios de hoje. “Outro desafio é que cada área tenha a capacidade de dialogar com os segmentos da sociedade, utilizando a extensão como uma via de mão dupla, na qual o professor também se atualiza”.