Fórum discute uma política
cultural para a universidade

15/09/2014 - 16:30

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O pró-reitor João Frederico Meyer abre o fórum

O pró-reitor João Frederico Meyer abre o fórum

José Roberto Zan e a política cultural na universidade

José Roberto Zan e a política cultural na universidade

A edição desta segunda-feira do Fórum de Arte, Cultura e Lazer, organizada pela Pró- Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), adotou o tema “Cultura e Extensão Universitária: um diálogo necessário” – o evento se insere no âmbito dos Fóruns Permanentes da Unicamp, que são uma iniciativa da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) para propiciar a integração e intercâmbio de experiências e pesquisas entre a comunidade interna e outras instituições da sociedade. 

Os organizadores elegeram este fórum como o espaço adequado para que o recém-criado Conselho de Desenvolvimento Cultural (Condec), presidido pela Preac, promova os debates sobre a construção de uma política cultural para a Unicamp, ouvindo não apenas acadêmicos, mas também gestores, produtores e consumidores de dentro e de fora da Universidade. A crença é de que a universidade pública, por meio da articulação ensino-pesquisa-extensão, possui os suportes necessários para subsidiar reflexões e ações voltadas à cultura no país. 

O professor João Frederico Meyer, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, afirma que o programa da atual gestão da Unicamp deixa claro o esforço para se criar uma política unificada para cultura e arte na Unicamp. “A CDC [Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural], que responde pela direção técnica do Condec na figura da professora Margareth Junqueira, vem se esforçando para sediar atividades diversas, criando um ambiente para rediscutir uma política cultural. Queremos avaliar todos os aspectos das manifestações artísticas e culturais no campus.” 

Segundo o pró-reitor, a cultura hoje deve considerada em suas três dimensões: simbólica, representando pensamentos, sentimentos, metáforas, história; cidadã, como expressão de inclusão social e de liberdade do indivíduo; e econômica, como uma atuação sustentável para os artistas. “A definição de cultura para a Universidade é bastante abrangente, tanto do ponto de vista antropológico, como erudito, popular e até da prática esportiva (encaramos o esporte de alto nível também como manifestação cultural). Seguindo a diretriz do Plano Nacional de Cultura, não vemos arte e cultura como entretenimento, mas como expressão simbólica da sociedade, da economia e da cidadania.” 

O convidado para conceder a palestra de abertura foi José Roberto Zan, sociólogo da cultura e da arte, professor do Departamento de Música da Unicamp, que falou sobre “Dimensões das políticas públicas de cultura”. “A universidade vive um contexto novo de mudanças e uma delas é ter deixado de ser o espaço privilegiado da ‘alta cultura’, estando hoje perpassada por outros fluxos como a cultura popular, de massas, midiática. Isso muda a natureza da universidade, que deixa de ser reconhecida pela sociedade como uma instituição intocável e inabalável, como foi em outro momento histórico.” 

Uma consequência, segundo Zan, é que se cria a necessidade de reconhecimento público, presente no discurso dos gestores que sempre pregam a importância de se estreitar relações com a sociedade. “A alternativa é se integrar nesse novo contexto, que não é mais da sociedade tradicional apoiada em uma noção de cultura no singular, da nação dotada de uma identidade cultural própria: ser brasileiro hoje é ser plural, num país multicultural. A Universidade precisa encontrar outras formas de dialogar com essa diversidade toda, sendo que a política cultural é uma ação estratégica importante para estreitar relações com esta sociedade que está sendo construída.”