CMU lança livro "Memória, cidade
e educação das sensibilidades"

09/09/2014 - 13:42

O mais novo produto do catálogo de publicações do Centro de Memória da Unicamp é o livro Memória, cidade e educação das sensibilidades, organizado por Maria Elena Bernardes e Maria Carolina Bovério Galzerani. A publicação reúne textos de 23 autores apresentados no VII Seminário Nacional do Centro de Memória­– Unicamp realizado em 2012.

Os artigos, distribuídos em quatro partes, tratam da cidade e suas memórias e estimulam reflexões sobre as ambiguidades e as possibilidades das práticas de memória. Os autores também refletem sobre a produção de conhecimento histórico. De acordo com as organizadoras, o livro contém textos que retratam a questão sensível da memória na relação com as linguagens, além de oferecerem ponderações sobre o tema cidade, memória e cultura popular.

“Entre memória e revitalização, qual sensibilidade prevalece”? A questão pertinente a pesquisadores da temática abordada no livro é levantada nos escritos da professora emérita da Unicamp Maria Stella Bresciani por meio de uma produção historiográfica do Santa Ifigênia, bairro localizado na região central da cidade de São Paulo onde a autora nasceu e viveu durante alguns anos. A relação entre presente e passado permite levantar questões relativas ao papel do habitante da urbe na produção de representações estéticas das cidades.

Quem circulou de bonde em Campinas sempre romantiza a época histórica em que esse veículo era responsável por conduzir os munícipes a suas obrigações e passeios de um lado a outro da cidade. As imagens harmoniosas construídas por esses antigos moradores estão no texto de Maria Silvia Duarte Hadler, intitulado Imagens visuais, memórias e sensibilidades. O texto é seguido pelo artigo Viver, sentir e narrar a cidade: experiências de modernidade, no qual Fátima Faleiros Lopes relata as memórias de um morador da cidade de Campinas que volta seu olhar para o passado e refaz o percurso de sua saída da terra natal, Paraná, e a chegada à nova cidade, em meados da década de 1960.

Com uma análise de imagens relativas ao monumento do General Tibúrcio, herói da Guerra do Paraguai, que desde 1888 compõe o cenário da praça central de Fortaleza/Ceará, Francisco Regis Lopes Ramos abre a segunda parte do livro. No texto intitulado História e memória: Inimigas, mas nem tanto, o autor destaca a fundamental contribuição do papel do historiador comprometido com “certas exigências” teóricas e metodológicas da história social. Em debate com Ramos, Maria Carolina Bovério Galzerani, uma das organizadoras, oferece uma reflexão intitulada Desafios da Memória para a produção do conhecimento histórico: uma proposta de debate. Nessa reflexão, Carolina acompanha as diferentes tessituras discursivas que compõem a narrativa produzida por Francisco Regis, voltada às relações entre a memória e a história.

A jornalista Denise Tavares da Silva mapeia algumas estratégias de representação da memória no documentário biográfico para discutir o quanto e como a relação com o passado, determinante óbvio para projetos que debruçam sobre os relatos de vida, dilui-se ou se intensifica neste gênero cinematográfico.

Primeira mulher inscrita num processo seletivo do governo federal, Maria José inspira os autores Maria Elena Bernardes e Henrique Polidoro a enfocar a polêmica gerada em torno da inscrição de uma mulher para uma vaga na Secretaria de Relações Exteriores. O artigo A Mulher no Itamaraty: o pioneirismo de Maria José e as diatribes de uma época serve para mostrar como este fato mobilizou a imprensa da época e ocupou a agenda de alguns ilustres senhores da então Capital da república girava em torno das tensas relações de gênero e do perigo que aquele precedente representava.

Paisagem, história e memória no Brasil oitocentista, de Valéria Alves Esteves Lima, discute a permanência da ideia de natureza nas representações iconográficas do Brasil oitocentista. A autora analisa a diferença entre natureza e paisagem para destacar tal iconografia na definição de uma sensibilidade a respeito da nação brasileira.

A terceira parte do livro oferece um conteúdo importante para a reflexão sobre as sensibilidades na arte e na educação. Marcus Vinicius Corrêa Carvalho, em seu texto Sobre pintura e poesia: a disputa pela memória dos antigos e a emergência de questões sobre a sensibilidade moderna, discute algumas questões pertinentes à delimitação entre as fronteiras das artes; enquanto Ana Luiza Bustamante Smolka; Augusta Tie Yamamoto; Daniela Anjos; Nilce Deciete, no texto intitulado Ler e Ensinar a ler: Memória dos gestos em (Trans) Formação, abrem um amplo leque de questões e apontam para diversos modos de se considerar e estudar a memória nos campos da psicologia, da filosofia e da educação. 

Em Memórias, sensibilidades e porvires: dos trânsitos entre tempos e experiências em práticas de ler, escrever e ver, Maria Angela Borges Salvatori busca pontos de interseção entre os textos de Ana Smolka e Marcus Vinícius Carvalho. A autora observa que nos dois trabalhos a memória é pensada como sinais de mudança; mudança esta tecida com os fios das relações sociais e pessoais.

A quarta e última parte, de acordo com as organizadoras, dedica-se a cultura popular e patrimônio regional. Maria Celeste Mira, com o texto O tradicional na metrópole: propostas para a cultura popular na cidade de São Paulo, discute quatro propostas de atuação em relação à cultura popular tradicional, as quais podem ser observadas na cidade de São Paulo desde o final dos anos 1980. A primeira é a postura folclorista; a segunda preocupa-se com o tema da cultura brasileira, com a questão estética e a resistência cultural; a terceira é a proposta lúdica, podendo ou não encaminhar-se para a profissionalização; e a quarta focaliza uma posição política ou engajada.

Fecha a publicação, o artigo de Elison Antonio Paim, História, Cultura e patrimônios regionais: uma experiência de ensino e pesquisa. Nele, Paim problematiza as experiências de ensino/pesquisa desenvolvidas no componente curricular História, Cultura e Patrimônios Regionais ministrado nos cursos de Licenciatura em Artes Visuais, Letras, História e Matemática da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), em 2011. Ao convidar cada aluno a contar sua história e a construir o conceito de memória a partir de objetos pessoais levados à sala de aula, o autor trabalha a memória como rememoração, seguindo as trilhas do filósofo alemão Walter Benjamin, que instiga a pensar como as memórias podem contribuir para o fazer-se dos sujeitos.

SERVIÇO
Para adquirir o livro Memória, Cidade e Educação das Sensibilidades”, ligue 19-3521-5250 e fale com Shirlei ou Renata.
Para co
nhecer outros produtos do CMU acesse https://www.cmu.unicamp.br/publicacoes

Comentários

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Gilberto@clicknoticia.com.b

É muito bem vindo este livro. Gostaria de adquiri-lo. Está disponível para venda no Centro de Memória ?
Att
Vera Lúcia

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