Mascote da Copa vira
tema de documentário

05/08/2014 - 12:40


Um aspecto chamou a atenção dos torcedores brasileiros durante a Copa disputada recentemente no Brasil. O mascote do torneio, Fuleco, um simpático tatu-bola, foi menos que um mero coadjuvante do evento. Por razões ainda não esclarecidas, praticamente não apareceu na mídia. Mas se no mundo do futebol o Tolypeutes tricinctus – seu nome científico – não foi valorizado, no documentário “A Copa do Tatu”, produzido pelo biólogo César Luiz Leite, formado recentemente pela Unicamp, o pequeno animal é o grande protagonista. O filme, coproduzido pela BBC Natural History Unit, a maior produtora de filmes sobre a vida animal no mundo, fala sobre as principais características do pequeno mamífero e chama a atenção para o risco de sua extinção.

De acordo com César Leite, “A Copa do Tatu” conta uma história que vai dos estádios de futebol até o Cerrado, com o propósito de mostrar o mascote da Copa em seu habitat natural. O documentário informa que o animal vive nos biomas Cerrado e Caatinga, pesa em torno de 2 quilos, mede 30 centímetros e tem como refeição favorita os cupins. Além disso, esclarece que o nome popular do mamífero vem da sua capacidade de fechar-se como uma bola, usando a sua carapaça como proteção contra o ataque de predadores.

Ainda segundo o documentário, o tatu-bola é uma espécie endêmica brasileira ameaçada de extinção. Nos últimos dez anos, um terço da população foi dizimado. O problema tem origem na caça e também na crescente degradação da Caatinga e do Cerrado. “Nossa intenção com o documentário é entreter e informar. Usamos uma linguagem bem-humorada para transmitir informações importantes sobre o tatu-bola”, afirma César Leite.

De acordo com ele, o filme foi disponibilizado na web há apenas cinco dias, nas versões em inglês e português (https://vimeo.com/102239573). Nesse breve período, já foram contabilizadas mais de mil visualizações. “Também vi bastante gente compartilhar o documentário. Além disso, ele saiu na newsletter de agosto da Wildlife Film, que tem muita repercussão aqui na Inglaterra”. César Leite está naquele país, onde cumpriu período como estudante embaixador do Brasil na University of the West of England, em Bristol.

Lá, o biólogo trabalha atualmente na pós-produção de outro filme rodado no Brasil, em um fragmento de Mata Atlântica no meio do Sertão. A obra vai falar sobre uma nova espécie de porco-espinho pouco conhecida no país. Sobre as lembranças do período de Unicamp, César Leite disse que recebeu muito apoio dos professores para ingressar no mundo dos documentários.

“Eles me ensinaram a pensar como biólogo e a seguir numa trajetória não muito comum entre os estudantes do Instituto de Biologia. A diretora do IB na época. Silvia Gatti, aceitou que meu estágio obrigatório fosse feito na Capuccino Produções, onde aprendi a trabalhar com câmera, som e edição de vídeo. Não por acaso, os primeiros a serem informados sobre a conclusão do documentário foram os docentes do IB”, conta.