Livro conta a trajetória de vida de
‘Uma Marqueza entre as domésticas’

21/07/2014 - 16:46

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Anunciação Marqueza, doméstica desde os 9 anos

Anunciação Marqueza, doméstica desde os 9 anos

Livro foi lançado pelo Fórum Afro/Brasileiro da Unicamp

Livro foi lançado pelo Fórum Afro/Brasileiro da Unicamp

“Uma Marqueza entre as domésticas” é o livro lançado na manhã desta segunda-feira pelo Fórum de Integração Cultural Afro/Brasileiro da Unicamp, vinculado à Coordenadoria de Assuntos Comunitários da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac). Ele é fruto do trabalho de conclusão de curso das jornalistas Andrea Nuñez e Heloíse Santos.

O livro conta a trajetória de vida de Anunciação Marqueza dos Santos de Almeida – Marqueza assim, com “z”, que de marquesa não nada tem, dada a humildade. Empregada doméstica e sindicalista, ela contribuiu para a reabertura do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas e é vista como exemplo pelas companheiras. “Comecei como pajem aos 9 anos de idade e nunca mais parei. Vou fazer 63 anos.”

Marqueza, que é natural de Barretos, trabalha há 20 anos na Empresa Limpadora Centro, em Campinas, e continua atuando no sindicato. “Quando vim para cá, a gente queria se organizar, mas havia apenas uma associação que estava fechada havia 14 anos. Demoramos a encontrar a Laudelina de Campos Melo, que era presidente da associação e tinha o estatuto. Então, criamos o sindicato para seguir na luta.” 

Marqueza considera que apesar de a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) das domésticas já ter garantido avanços como a jornada de 8 horas diárias e 44 semanais, e o pagamento de horas extras, a categoria ainda depende muito da boa vontade dos congressistas. Os benefícios que ainda dependem de regulamentação são a indenização em demissões sem justa causa, conta no FGTS, seguro-desemprego e salário família, adicional noturno, auxílio-creche e seguro contra acidente de trabalho. “São sete direitos. O FGTS ainda é opcional e claro que o patrão não quer depositar. Mas as coisas vão mudando.” 

O livro em sua homenagem, na opinião de Marqueza, é importante para mostrar que toda pessoa, mesmo sem ter estudo, pode conquistar muita coisa. “Acho que fiz bastante e ainda estou pensando em mais dois projetos. É preciso ter projetos na vida, que não sejam bons só para mim, mas para muitos. Moro no Parque Itajaí e, quando mudei para lá, tinha um buraco onde uma construtora jogava entulhos. Quando vi um menino jogando um saco de lixo no buraco, disse para o meu marido que era preciso dar um jeito. E fizemos uma praça.”