Pesquisadoras são nomeadas
fellows em ciências biomédicas

01/07/2014 - 08:54

Os dez fellows selecionados

Duas pesquisadoras da Unicamp acabaram de ser nomeadas fellows latino-americanas em ciências biomédicas pela Pew Charitable Trusts, uma organização não governamental (ONG) norte-americana fundada em 1948 na Filadélfia. São as biólogas Andrea Moro Caricilli, doutora em fisiopatologia médica pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, e Daniela Paula de Toledo Thomazella, doutora em genética e biologia molecular pelo Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. 

O Pew Fellows tem o objetivo de promover oportunidades de trabalhos de pesquisa em rede por meio de financiamento flexível, informou a organização não governamental. O programa permite que cientistas em início de carreira treinem nos principais laboratórios norte-americanos e desenvolvam habilidades e conexões que os ajudarão a tornar-se cientistas líderes nos seus países de origem. Eles lidarão com algumas das maiores preocupações do mundo em matéria de saúde, incluindo autismo, diabetes, fome e infecções parasitárias. 

Ao todo, foram selecionados dez fellows latino-americanos do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Nicarágua, Peru, Uruguai e Venezuela. Andrea e Daniela foram as únicas brasileiras selecionadas este ano para o programa. Em 2013, o único brasileiro escolhido - Paulo José Pereira Lima Teixeira - também era pesquisador da Unicamp, do IB.

“Ter sido selecionada para um programa de prestígio como o da Pew foi uma honra. Relevantes pesquisadores integram a sua história. E ser agora uma 'Pew fellow' significa ter a oportunidade de conhecer e partilhar ideias com esses cientistas. Além disso, a Pew diferencia-se por estimular o desenvolvimento científico dos países latino-americanos, pois oferece um incentivo financeiro para aqueles que retornam aos seus países de origem após o término do trabalho, a fim de dar início ao laboratório próprio e contribuir com os conhecimentos adquiridos”, comemorou, por e-mail, Andrea Caricilli. Ela desenvolverá pesquisa de pós-doutorado na Harvard School of Public Health, no laboratório do cientista Gökhan Hotamisligil. Lá ela estudará o papel da microbiota intestinal no desenvolvimento da obesidade e de suas complicações.

Daniela Thomazella disse, por sua vez, que integrar um programa como este é um incentivo adicional para a realização de trabalho de excelência nos próximos anos. “Um aspecto positivo do Pew Fellows consiste na realização de congressos científicos anuais que permitem a interação entre cientistas com competências em diversas áreas da ciência. Esses encontros incentivam o estabelecimento de colaborações científicas importantes para o desenvolvimento de trabalhos de qualidade e alto impacto. Além disso, o programa fornece aos fellows auxílio financeiro para retorno ao país de origem. Espero retornar ao Brasil com conhecimento de ponta para aplicá-lo no entendimento de importantes questões científicas referentes ao estudo de interações planta-patógeno, em particular, pretendo focar em doenças de grande importância para a agricultura brasileira”, relatou.

A pesquisadora atuará no laboratório de Brian Staskawicz, cientista da Universidade de Berkeley quer fez descobertas importantes na área de biologia de plantas e microrganismos. “Nesta importante fase da minha carreira, espero gerar plantas resistentes a bactérias patogênicas do gênero Xanthomonas, utilizando as mais avançadas tecnologias de edição de genomas. Trabalharei com a bacteriose da mandioca, uma doença bastante destrutiva na África e América do Sul”, revelou. 

Sobre o programa
O programa da Pew para fellows latino-americanos começou em 1991. Desde então investiu em mais de 200 jovens cientistas, incluindo pesquisadores em nível de pós-doutorado em 10 países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Nicarágua, Peru, Uruguai e Venezuela.

Os fellows recebem salário de apoio durante dois anos para treinamento em nível de pós-doutorado em laboratórios liderados por cientistas norte-americanos. Eles recebem um prêmio adicional caso regressem aos seus países de origem no final da bolsa de estudos. Mais de 70% dos fellows usam este incentivo para estabelecer seus próprios laboratórios na América Latina. A seleção é feita por um comitê de consultoria composto por cientistas, presidido por Torsten N. Wiesel, presidente emérito da Universidade Rockefeller e ganhador do Prêmio Nobel de 1981 em Fisiologia ou Medicina.