Unicamp e Capes lançam
projeto de pós-graduação

29/05/2014 - 17:15

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Jorge Almeida Guimarães, presidente da Capes

Jorge Almeida Guimarães, presidente da Capes

Autoridades da Capes e da Unicamp no evento

Autoridades da Capes e da Unicamp no evento

Foi lançado nesta quinta-feira o Projeto Integrado Unicamp de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, que possibilita o ingresso de pesquisadores de organismos de pesquisa, em especial da região de Campinas, em Programas de Pós-Graduação da Universidade, com o desenvolvimento de teses e dissertações em condições especiais. O evento organizado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) contou com a presença da Capes: o presidente Jorge Almeida Guimarães, o diretor de Avaliação Lívio do Amaral e os coordenadores de Comitês de Área, que foram recebidos pelo reitor José Tadeu Jorge e o coordenador-geral Alvaro Crósta. Um lugar na mesa foi reservado a José Ellis Ripper Filho, ex-professor da Unicamp e representante do Governo do Estado no Conselho Universitário, que idealizou o projeto considerado piloto para ser replicado em outras universidades do país. 

A professora Ítala D’Ottaviano, pró-reitora de Pós-Graduação, apresentou o Projeto Integrado Unicamp aos diretores, diretores associados e coordenadores das Comissões de Pós-Graduação dos institutos e faculdades. “A proposta não constitui um novo programa de pós-graduação e sim uma nova forma de atuação de diversos programas de mestrado e doutorado, que se propõem a receber de uma forma especial pesquisadores de organismos de pesquisa, públicos ou não. Já temos a adesão de três instituições próximas à Universidade: o CTI (Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer), CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) e CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais). O CPqD já possui uma lista 40 pesquisadores candidatos à seleção.” 

Segundo a pró-reitora, inicialmente 12 unidades da Unicamp aceitaram participar do projeto, totalizando a oferta de 35 cursos de mestrado e 33 cursos de doutorado. São elas: Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), Faculdade de Engenharia Química (FEQ), Faculdade de Tecnologia (FT), Instituto de Biologia (IB), Instituto de Economia (IE), Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), Instituto de Geociências (IG), Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) e Instituto de Química (IQ). 

Ítala D’Ottaviano explica que os pesquisadores estudantes cumprirão todas as exigências e normas do programa de pós-graduação do qual participam, inclusive no que se refere ao processo de seleção. “Não haverá vaga especial, nem condição especial para o desenvolvimento do mestrado ou doutorado. O aluno será liberado para participar das atividades que requeiram sua presença na Unicamp e também poderá desenvolver a pesquisa nos laboratórios da instituição de origem, que deve aceitar as exigências em relação à publicação dos resultados, havendo ainda um compromisso quanto a patentes e direitos autorais. Como o pesquisador manterá o vínculo empregatício, recebendo salário integral, não serão necessárias bolsas.” 

Outra novidade importante apontada pela pró-reitora é a indicação de um líder de projetos integrados (pesquisador titulado) da instituição participante, que servirá de elo com os orientadores da Unicamp, podendo ser credenciado como coorientador e mesmo orientador, de acordo com as normas e regimentos dos programas de pós-graduação. “O projeto possibilitará, portanto, uma formação de pesquisadores mais centrada nos objetivos das instituições e uma redução da pressão que elas próprias sofrem para criação de programas de pós. Por outro lado, consideramos que o projeto não afetará negativamente os índices dos processos de avaliação dos nossos programas pela Capes; como por exemplo, na possibilidade de alguns estudantes demorarem mais do que o tempo médio previsto para suas pesquisas, visto que continuarão com suas atividades nos organismos em que estão empregados.” 

O professor Jorge Almeida Guimarães, presidente da Capes, considera o projeto bastante inovador também para a entidade. “Discutindo o programa com o professor Ripper, tratamos mais do foco em inovação e em pesquisa e desenvolvimento nas áreas tecnológicas e outras de exatas, onde esse tipo de demanda aparece com mais frequência, como engenharias, computação, física, química e biomédicas. Entendo que o projeto terá papel fundamental não apenas nas instituições mencionadas, mas também no doutorado na indústria. Nesse sentido, a palavra inovação foi um atrativo especial para nós da Capes, pois todos sabemos da necessidade de avançar em processos de inovação com base científica e resultados tecnológicos.” 

Guimarães acrescentou que a Capes vem buscando há algum tempo perfilar suas ações com as demandas que proveem de vários segmentos, tendo firmado acordos especialmente com institutos (como INPE, CNPEM, INPA, Inmetro e Instituto Nacional do Câncer), mas não com universidades. “Estávamos buscando um modelo para as universidades quando surgiu esta proposta, aprovada pela Reitoria da Unicamp. E é o que estamos levando adiante, já trabalhando a ideia com a USP e de preferência interagindo com as FAP [Fundações de Apoio à Pesquisa] criadas a partir de 1988 com base no modelo vitorioso da Fapesp.” 

O reitor Tadeu Jorge, por sua vez, saudou o projeto por preencher princípios importantes ao longo da história da Unicamp, que ele denomina de “Três Is”. “O primeiro ‘i’ é de inovação, mas no sentido de inovar os caminhos de se obter produção de conhecimento, encontrando modalidades que permitam uma capacidade quantitativa maior, uma pertinência mais adequada a determinados nichos que exigem produção de conhecimento novo, e com a intensidade que as demandas desses setores requerem. Há muito se reclama que universidades e institutos de pesquisa tenham proximidade maior com a iniciativa privada, para juntos produzir conhecimento que possa ser utilizado mais rapidamente em benefício da sociedade. É um conceito de longa data, mas também é de longa data que patinamos nesta questão.” 

Tadeu Jorge explica que o segundo “i” é de integração, considerando que a produção de conhecimento novo não pode mais ser feita de maneira isolada, havendo necessidade de participações externas à instituição. “Isso para que atores distintos se envolvam no processo e que as pesquisas sejam feitas de maneira colaborativa. E esse projeto tem, por natureza, um espectro de integração extremamente amplo, entre universidade e setor produtivo, entre as próprias universidades, a inserção dos institutos e a política pública através da ação especial da Capes no sentido de viabilizar a proposta. E o terceiro ‘i’ é da institucionalidade: é fundamental que se respeite as regras, a história, a cultura e os valores de cada instituição, com flexibilidade, entendimento e uma dose de boa vontade para que se mantenha a consistência dos procedimentos de cada um dos atores e se fortaleça os resultados.”