FEF debate a ciência na base do futebol

28/05/2014 - 11:27

A tendência do aprofundamento do conhecimento tem feito com que as comissões técnicas dos clubes de futebol contem cada vez mais com especialistas em diferentes áreas. Se por um lado isso é positivo, pois permite abordagens mais qualificadas nesses segmentos, por outro pode ser um problema, dado que torna a gestão mais complexa e dificulta uma visão sistêmica sobre a modalidade. A reflexão foi feita na manhã desta quarta-feira (28) por João Paulo Medina, preparador físico e professor da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, durante a abertura da palestra “Unicamp na Copa: Ciência aplicada nas categorias de base no futebol”, promovida pela FEF. Além de Medina, também participaram do evento Daniel Gama e Sérgio Augusto Cunha, ambos da FEF; Danacir Maia (Cilinho), técnico de futebol; e César Del Roy, preparador de goleiros da base do Paulista de Jundiaí.

Medina destacou que não é contra a especialização, mas manifestou preocupação com eventuais excessos. “Até que ponto o exagero da especialização não promove uma desconexão da realidade? Até que ponto a especificidade não tira a visão do todo? Penso que, nesta altura do campeonato, carecemos um pouco dessa visão sistêmica em relação ao futebol”, afirmou. Em sua fala, o técnico Cilinho revelou outro tipo de apreensão, esta ligada ao que qualificou de precocidade no futebol. Segundo ele, os garotos das categorias de base estão sendo lançados nos times profissionais cada vez mais cedo, sendo que a maioria não está preparada enfrentar esse desafio.

“Infelizmente, por interesses políticos e econômicos, os clubes estão fazendo com que esses garotos queimem etapas importantes na sua preparação. Esse tipo de pressa pode comprometer a carreira de um jogador promissor”, alertou Cilinho. Conforme o professor Sérgio Augusto Cunha, organizador do evento, o objetivo da iniciativa é aproximar a ciência das agremiações, notadamente em relação às categorias de base. “Queremos colocar o conhecimento científico à disposição dos clubes, com o propósito de melhorar o desempenho, prevenir lesões e assegurar qualidade de vida aos jogadores em formação”, explicou.

Cunha reconheceu que a maioria dos clubes ainda não incorporou o suporte científico às suas rotinas, mas considerou que a tendência é que eles revejam essa postura ao longo do tempo. “Nós já temos uma parceria com o Red Bull Brasil e queremos estender a experiência a outras agremiações. A ideia é levar para os clubes o conhecimento gerado não somente pela educação física, mas também de outras áreas que possam contribuir para aperfeiçoar o trabalho de formação dos jovens futebolistas”, reforçou.