Nepo promove programa para
capacitar gestores públicos

21/05/2014 - 16:10

O tema do envelhecimento da população já está na pauta do país, mas os seus impactos ainda precisam ser compreendidos em maior profundidade pelos formuladores de políticas públicas. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), Cassio Turra, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele participou como palestrante, nesta quarta-feira (21), do V Programa de Capacitação: População, Cidades e Políticas Sociais, promovido pelo Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (Nepo) da Unicamp. O evento prossegue até a sexta-feira, no auditório do órgão.

De acordo com Turra, aos poucos a questão do envelhecimento populacional vem ganhando importância junto aos gestores públicos. Entretanto, na opinião do docente, eles ainda carecem de uma visão mais clara acerca das consequências dessa mudança demográfica, notadamente nas áreas da previdência social e saúde. Turra lembra que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em 2060 os idosos representarão 26,7% da população brasileira, contra os cerca dos 8% atuais. “Em 50 anos, nós teremos uma população proporcionalmente mais velha e composta por indivíduos mais longevos. Isso certamente trará impactos para o país, que precisará estar preparado para enfrentá-los”, adianta.

A maior presença de idosos, prossegue Turra, deverá alterar o perfil epidemiológico da população e exercer maior pressão sobre o sistema de previdência social, para ficar em dois exemplos. Ao mesmo tempo, o envelhecimento populacional também poderá trazer benefícios, principalmente no âmbito da economia. “Com a menor participação de crianças no conjunto da população, o Brasil poderá investir mais em capital humano, por exemplo, o que é interessante para o país. Além disso, os idosos em geral são detentores de maior acúmulo de ativos, o que também é positivo para a economia. Entretanto, os desafios referentes à transferência de recursos, de tempo e de cuidados para uma população mais velha certamente devem se sobrepor às eventuais vantagens geradas pela transição demográfica”, diz.

Segundo a professora Rosana Baeninger, organizadora do V Programa de Capacitação: População, Cidades e Políticas Sociais, o evento é voltado a gestores das secretarias municipais e estaduais. O objetivo é capacitar esses profissionais para trabalhar com as inter-relações entre população e desenvolvimento social. “É importante que eles conheçam em profundidade as mudanças que estão ocorrendo na estrutura demográfica do país e apliquem esse conhecimento nas políticas sociais de seus estados e municípios”, considera.