Unicamp amplia reflexão
sobre inovação responsável

14/05/2014 - 09:58

Reconhecida como uma das mais importantes instituições geradoras de pesquisa da América Latina, a Unicamp não está preocupada somente em produzir ciência e tecnologia de qualidade, mas também em assegurar que esse desenvolvimento ocorra dentro de parâmetros éticos e sustentáveis. O debate em torno da chamada inovação responsável tem merecido atenção especial da Universidade. No último mês de março, por exemplo, um workshop sobre o tema reuniu no campus de Barão Geraldo dez jovens professores e pesquisadores do Estado de São Paulo e outros 11 do Reino Unido, além de três acadêmicos seniores de ambos os países. O objetivo da iniciativa, apoiada pela Fapesp e Conselho Britânico, foi fomentar a interação e a colaboração mútua entre as partes.

De acordo com a pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, professora Gláucia Pastore, a reflexão em torno da inovação responsável está na pauta das principais instituições de pesquisa do mundo. “Aqui na Unicamp nós também estamos preocupados em fazer uma ciência que tenha qualidade, mas que seja desenvolvida dentro de rigorosos padrões éticos e de segurança. A inovação é importante, mas ela tem que estar alinhada com questões como a promoção da sustentabilidade e do bem-estar a sociedade”, afirmou.

O encontro entre os pesquisadores brasileiros e britânicos foi coordenado pelo professor Philip Macnaghten, que participa do Programa Professor Visitante do Exterior junto ao Instituto de Geociências (IG). Em um texto no qual refletiu sobre os resultados do workshop, o docente assinalou que o debate em torno da inovação responsável vem ocorrendo especialmente no contexto europeu e norte-americano, mas que começa a ganhar espaço também no Hemisfério Sul.

Conforme Macnaghten, esse debate não é só acadêmico, pois tem uma forte articulação com a esfera das políticas públicas, incluindo políticas de CT&I, ambientais e de desenvolvimento. “Busca-se imaginar, no contexto desse debate, formas de participar ativamente da construção de ciências e tecnologias que sejam menos destrutivas, mais benéficas para o presente e que ajudem a construir o futuro que desejamos coletivamente”, escreveu.

Em outro trecho, o professor visitante enfatizou a importância de os países do Sul também serem incluídos no debate. “Se a inovação responsável, enquanto arcabouço teórico e de práticas, quiser fazer a diferença de forma positiva num mundo crescentemente globalizado, ela deverá colocar o “sul global” no coração do desenvolvimento desse discurso, e não apenas como caso comparativo ou menção passageira. Ao engajar-se com as perspectivas do Sul e suas diferentes necessidades, fica claro que a pesquisa e a inovação deverão ser ‘responsáveis’ de maneira que não sejam imediatamente prioritárias para os países do Norte (especialmente os EUA e Europa)”.