Evento no IA
debate ensino
de música
nas escolas
brasileiras

23/04/2014 - 15:27

Adriana Mendes, organizadora do encontro

Está em andamento o 7º Encontro de Educação Musical da Unicamp, que nesta edição traz o tema “Música na Escola: Um Mundo de Possibilidades”, com uma programação de workshops, oficinas, mesas-redondas, comunicações orais e apresentações artísticas. Entre os convidados estão referências na área como Enny Parejo, Marisol Ponte-Greenberg, Vasti Attique e Uirá Kuhlmann, entre outros. O evento, que acontece de terça a sexta-feira no Instituto de Artes (IA), é organizado pela professora Adriana do Nascimento Araújo Mendes, do Departamento de Música. 

“Estamos abordando as possibilidades para o ensino musical na escola, neste momento de implementação da disciplina na educação infantil, no ensino fundamental 1 e 2 e no ensino médio”, explica Adriana Mendes. “Nas discussões, procuramos aproveitar ideias bem sucedidas, particularmente no fundamental 2 e médio, pois é muito difícil desenvolver o ensino musical para esta faixa etária em escolas públicas (nas particulares, ele está bem disseminado). Se a escola possui um único turno de aula, há dificuldade de se conseguir espaço na grade horária.” 

De acordo com a professora da Unicamp, o ensino de música tornou-se obrigatório com a Lei 11.769 de 2008, que deu prazo até 2011 para que as escolas adequassem suas grades. “Mas esta adequação está se dando aos poucos e de forma bastante diversificada, dependendo do Estado e dos concursos que estão sendo abertos: um dos grandes problemas é a falta de professores capacitados para ensinar dentro das escolas brasileiras. O que vem acontecendo, basicamente, é a inclusão de um pouco de música na aula de artes, quando a proposta é de uma disciplina independente, ensinando conhecimentos específicos.” 

Adriana Mendes acrescenta que a Câmara de Educação Básica (CEB) promoveu uma série de encontros pelo país em 2012 e 2013, colhendo opiniões de educadores musicais e entidades, a fim de detectar, efetivamente, quais sãos os problemas para implementação da lei. “Existe uma resolução aprovada em dezembro último, com diretrizes claras e aguardando homologação. É complicado engessar um currículo em música devido às especificidades regionais, mas alguns conhecimentos são indispensáveis aos alunos, como de fazer música na aula (com instrumentos ou canto); aprender a ouvir e apreciar repertórios diversificados; e se instrumentalizar desde pequenos, experimentando sons e estilos diferentes e criando suas próprias músicas.” 

Ensino multicultural 

Enquanto a organizadora do 7º Encontro de Educação Musical dava esta entrevista, começava uma das oficinas oferecidas principalmente a alunos de licenciatura e professores de educação infantil, ministrada pela venezuelana Marisol Ponte-Greenberg, residente em Nova York e professora da Public School 131, no Brooklyn. “A professora Marisol dá aulas do infantil ao quinto ano e para um coral de cem crianças. São alunos de 40 nacionalidades diferentes, dentro de um trabalho que chamamos de ensino multicultural, procurando trazer músicas, potencialidades e ideias desses países, a fim de que as crianças se sintam valorizadas em suas culturas individuais. Ela também é professora na New York University (NYU) e no Brooklyn College, como orientadora de professores de música e, portanto, vendo os dois lados da moeda: da formação do professor e da atuação em sala de aula.”