Avaliação é discutida no nono
encontro PAD/PED da Unicamp

08/04/2014 - 11:02

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O professor Sérgio Leite

O professor Sérgio Leite

Evento encheu as salas do Centro de Convenções

Evento encheu as salas do Centro de Convenções

A professora da FE Dirce Pacheco e Zan

A professora da FE Dirce Pacheco e Zan

Evento encheu as salas do Centro de Convenções

Evento encheu as salas do Centro de Convenções

Mesa de abertura do evento

Mesa de abertura do evento

Evento encheu as salas do Centro de Convenções

Evento encheu as salas do Centro de Convenções

Há uma tradição na universidade brasileira de que basta passar conteúdo para ensinar. Mas isso não basta, garantiu a educadora Dirce Pacheco e Zan, docente da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, durante o Encontro PAD/PED (Programa de Apoio Didático e do Programa de Estágio Docente) no Centro de Convenções da Universidade. A professora afirmou que parte dos problemas, no processo de ensino-aprendizagem, vão para a etapa de avaliação e que se perpetuam graças a uma questão conceitual, sublinhou em sua fala no evento organizado pelas Pró-Reitorias de Graduação (PRG) e de Pós-Graduação (PRPG), e pelo Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2.

Dirce contou à plateia que fez um exercício de se reunir com bolsistas da sua área. O encontro teve o envolvimento de 10% dos alunos do seu programa. Apesar da pouca representatividade, ela conseguiu perceber que a avaliação é um ponto muito delicado de conflito, sobretudo na educação básica e na superior, e que é uma área que passa por diferentes tensões. Hoje, segundo a docente, tudo é avaliável, principalmente os serviços. "Existe até uma ditadura da avaliação, mas em minha opinião ela ainda precisa ser planejada e mais refletida", defendeu.

O que avaliar então? Semanticamente, avaliar significa julgar e, conforme Dirce Zan, esse julgamento se dá sob duas perspectivas principais: emissão de um juízo da realidade e de um juízo de valor. "Na elaboração de um texto, quando o avaliamos, ele deve passar por esses dois julgamentos, pois uma coisa é o potencial que ele encerra e outra é o valor que dou a ele e como encaminho a questão para o seu amadurecimento", expôs.

Os jesuítas foram os que mais influenciaram o ensino no Brasil com o seu modelo. Para eles, ensinar pressupunha que os professores se esmerassem em passar o conteúdo e que os alunos o memorizassem. Aquele ensino era pautado excessivamente nas regras da prova escrita. Os jesuítas tinham uma lista do que deveria ser ensinado e do modo que deveria ser ensinado. O aluno era sempre tratado como um possível fraudador.

Nas provas então [ocorre assim até hoje], os olhos estavam sempre sobre o estudante. Se tivesse que ir ao sanitário, um funcionário da escola tinha que acompanhá-lo. É o que acontece nos exames vestibulares no país. "Ocorre que, no processo pedagógico em sala de aula, a ideia não é eliminar ou selecionar os melhores alunos. É, antes, o seu aprendizado", realçou a professora.

Dirce constatou que a avaliação tem sempre uma esfera de controle que, de outra perspectiva, deveria levar à compreensão de que existe uma significação para isso, a de tratar os alunos como sujeitos sociais. Para aprenderem, eles precisam inclusive desejar. "Nem sempre essa mobilização é espontânea. É preciso motivação", recordou. "Logo, a avaliação ganha um novo sentido: busca a compreensão para que o aluno seja capaz de dialogar com o que lhe foi ensinado pelo professor que, no caso, atua como um mediador", afirmou a docente.

O professor Sérgio Leite, coordenador do (EA)2, relatou que neste semestre, incluindo o Encontro PAD/PED, as discussões ficariam centradas na avaliação, já que há várias indicações de que esse tema é um problema para alunos e também para professores. O (EA)2 foi instituído para subsidiar as discussões sobre o aprimoramento das condições do ensino de graduação da Universidade e tem contribuído para conhecer melhor a realidade dos cursos e as características do trabalho pedagógico desenvolvido por estudantes e docentes nos diferentes espaços educativos.
Myrian Lorenzetti, funcionária da PRPG e a mestranda Marcela Stahl
Pela segunda vez, a mestranda do Cenem de Limeira Marcela Stahl participa do Encontro PAD/PED, atualmente em sua nona edição. Ela considera essa uma das iniciativas mais importantes para os alunos que pretendem lecionar ou fazer carreira acadêmica. "Aqui aprendemos quais devem ser as estratégias dentro da sala de aula, como lidar com os alunos, a forma de ensinar, como corrigir as provas e como avaliar. Vim mais interessada em conhecer como deve ser a minha postura e encarar as dificuldades de ensinar", comentou. 

De acordo com a funcionária administrativa da PRPG, Myrian Lorenzetti, nesse evento foram mais de 800 inscrições. Os participantes, que lotaram três salas do Centro de Convenções, vieram dos campus de Limeira, Piracicaba e predominantemente de Campinas. O objetivo do Encontro PAD/PED tem sido o de preparar os alunos de graduação e de pós-graduação para o exercício didático.