Pesquisadores testam metodologia de
formação em evento na Nicarágua

18/03/2014 - 10:38

Pesquisadores do projeto Medidas para a Inclusão Social e Equidade em Instituições de Ensino Superior (Miseal) estão reunidos até nesta sexta-feira (21), na Nicarágua, para participar de oficinas de capacitação de multiplicadores para sensibilização em temas relacionados à inclusão na educação superior. A Unicamp é uma das 16 instituições latino-americanas e europeias que participam do projeto Miseal, desenvolvido desde 2012 em parceria com a Comunidade Europeia, no âmbito do projeto Alfa III. O programa é coordenado pelo Núcleo de Estudos de Gênero PAGU, da Unicamp, e pelo Programa Gênero e Cultura da FLACSO (sede Uruguai).

Uma das frentes de atuação do Miseal é o Observatório Transacional de Inclusão Social e Equidade no Ensino Superior (OIE), uma plataforma online que centraliza resultados de pesquisa, suportes conceituais e metodológicos, recomendações e instrumentos do projetoO objetivo  é colaborar para a promoção de inclusão social e equidade na educação superior na América Latina e Caribe, por meio da proposição de medidas capazes de melhorar o acesso, permanência e mobilidade. Outro objetivo é impulsionar a formação de uma rede de especialistas, fomentando a colaboração e o intercâmbio.

Durante o evento na Nicarágua, será testada uma metodologia de formação para capacitar professores, funcionários e alunos a atuarem, em suas instituições de ensino, em ações e projetos destinados a reduzir as desigualdades de acesso à educação superior, especialmente na América Latina.

Perspctiva interseccional
As oficinas serão ministradas por pesquisadores de várias instituições de ensino superior que participam do projeto. As discussões vão se centrar sobre práticas e preconceitos, de diversas naturezas, que resultam em complexos mecanismos de exclusão na educação superior.

A atividade possui um duplo objetivo: de um lado, formar professores, funcionários e alunos da Universidade Central da Nicarágua (UCN), que integra o MISEAL, para lidarem com as temáticas relacionadas à superação das desigualdades de acesso à educação superior; de outro, validar a atividade, que deverá ser replicada em workshops semelhantes em várias universidades latino-americanas.

A metodologia das oficinas se fundamenta num guia, desenvolvido por pesquisadores do projeto, baseado na análise de seis marcadores de diferença adotados no âmbito do MISEAL para investigar a exclusão: gênero, condição econômica, etnia/raça/cor, deficiência, diversidade sexual, diversidade etária. A seção sobre Condição Econômica e Educação Superior do guia foi desenvolvida pela coordenadora do projeto Maria Conceição da Costa, professora do Instituto de Geociências da Unicamp e pesquisadora do PAGU.

“A abordagem interseccional se define pela realização de análises a partir de grupos compostos por indivíduos de características heterogêneas, que denominamos multigrupos”, explica a coordenadora do Miseal, Maria Conceição.  Para tanto, são utilizados a diversos marcadores sociais de diferença - como gênero, sexualidade, raça, etnia e idade. “É uma forma de analisar que pretende abarcar a complexidade das desigualdades e dos processos discriminatórios”, analisa.

 O diferencial da metodologia de formação que será adotada no evento na Nicarágua reside, então, na perspectiva interseccional – ou seja, uma abordagem das desigualdades a partir das interconexões entre os marcadores. Esta metodologia permite incidir com mais efetividade sobre os processos geradores de exclusão e discriminação no sistema de educação superior, justamente por contemplar as desigualdades e discriminações a partir de múltiplas perspectivas.